Capítulo 11 - De qualquer forma.

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"Pensar em você já virou rotina".

Ludmilla mal tinha dormido. Estava agitada e animada, tal como uma criança na manhã de Natal. Às sete da manhã do dia de sua soltura, ela estava entusiasmada e ocupada em colocar livros e outros pertences em uma pequena caixa. A folha de papel que confirmava que Oliveira ganhara oficialmente a liberdade condicional era, agora, o que ela possuía de mais precioso e, em intervalos regulares, lia e relia as palavras ali escritas, só para ter certeza de que o texto não tinha mudado de alguma maneira. Não tinha.

As roupas de civil de Ludmilla eram as que ela estava usando no dia em que entrou na penitenciária, umas calças pretas com rasgos, uma blusa de banda e nos pés umas botas também pretas. A seguir vinham os anéis. Ela colocou a argola larga de prata no polegar da mão direita e uma cruz celta no dedo do meio.

– Está pronta?

Ludmilla se virou com um sorriso para Harry, que estava apoiado na porta aberta de sua cela.

– Praticamente – respondeu ela – Quando posso sair?

Harry deu uma olhada no relógio.

– As portas se abrem às dez. Estamos esperando pelo Ward.

– Isso é fantástico – murmurou Oliveira.

Ela deu uma olhada em volta da cela para ver se não tinha deixado nada para trás. Então, pegou a caixa e a fechou.

– Ah! – Harry enfiou as mãos nos bolsos – Entreguei o seu presentinho.

A morena evitou o olhar do conselheiro.

– Ótimo – disse ela de forma casual – Tinha dinheiro suficiente?

– Mais que suficiente e escrevi exatamente o que você pediu - o estômago de Ludmilla deu uma cambalhota quando ela pensou em Pêssegos recebendo o livro. Ficou imaginando se ela teria gostado ou se teria achado um exagero e piegas demais – Preciso perguntar... – continuou Harry, inspecionando a ponta de seu sapato direito.

– O quê? – perguntou Oliveira com um tom de desaprovação.

Harry sorriu, com ar de sabedoria, antes de erguer os olhos.

– Eu só queria saber como você conseguiu o livro tão rápido – finalizou ele, inocentemente.

Os ombros de Ludmilla relaxaram de alívio.

– Pêsse... Ela, Brunna, a Srta. Gonçalves havia... hum, bem, droga, ela havia mencionado o livro em uma de nossas aulas, então procurei na internet da biblioteca e fiz uma reserva. Eu ia comprar quando saísse daqui, mas, na semana passada, quando ela mencionou que era aniversário dela... – ela ergueu os olhos, passando o peso do corpo de um pé para outro, totalmente desconfortável – Não é nada demais, cara. Pare de me olhar desse jeito.

– Ei – falou Harry após um risinho rápido – Eu não disse nada. Acho que foi um ótimo presente, muito atencioso.

Ela o observou com cautela.

– Mesmo?

– Mesmo – respondeu ele, dando um aceno firme de concordância com a cabeça – Aposto que ela adorou.

O estômago de Ludmilla revirou de novo. Ela esperava que sim. Era o mínimo que podia fazer por Brunna depois de tudo o que ela fizera.

– Detenta 081056 – chamou Ward, passando pela porta da cela de Ludmilla – Estou aqui para escoltá-la para fora das nossas instalações.

– Beleza – murmurou Ludmilla com um olhar sarcástico.

Oliveira seguiu Ward, um guarda e Harry em direção à saída dos fundos da penitenciária, onde assinou mais um formulário de soltura e ainda recebeu uma outra cópia das regras de sua condicional.

Desejo proibido.Onde histórias criam vida. Descubra agora