Capítulo 12 | O reencontro

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— Guiga? — Lumiar arregalou os olhos quando viu a ex-aluna e cliente.

— Professora Lumiar? — os olhos da jovem desceram rapidamente para a altura da barriga da loira, focando na nova curva que se formava. — Então é por isso que deixou a faculdade, né? — ela sorriu de canto e apontou para a loira.

— Jade, por que não me avisou que tinha gente aqui? — Lumiar perguntou à uma das funcionárias da casa.

— Não sabia que você me odiava, professora! — disse firme, surpresa pela atitude de Lumiar.

— Não é isso, Guiga… — ela cobriu a barriga com as duas mãos. 

— Ninguém sabe que você está grávida, né? Isso é tipo aqueles filmes de suspense. — disse em tom suave, com um sorriso fraco de canto. — Está tudo bem, não vou contar. Na verdade já até entreguei o meu celular.

— Obrigada, Guiga. Eu sei que a situação do seu pai piorou, sei que foi preso de novo e sinto muito. — Lumiar segurou em uma das mãos da adolescente fazendo um leve carinho. — Veio procurar refúgio aqui?

— A Dora me ensinou a me acalmar nesse lugar, mas a verdade é que não sei se consigo fazer isso sem ela… — revelou cabisbaixa.

— Me desculpa por ter entregue o caso ao Benjamin. Não pude continuar. Seu pai não sabe o que é seguir as leis e constantemente me confrontava.

— Meu pai não sabe fazer nada bem, Lumiar. Nem soube ser meu pai, pra falar a verdade.

— Vem cá! 

Lumiar puxou Guiga para um abraço longo e caloroso. A jovem se apoiou nos ombros da professora e se permitiu chorar.

— Sempre me senti sozinha, sem apoio. Meu pai sempre esteve envolvido em pilantragem, e foi com a Dora que me senti segura pela primeira vez.

Ainda abraçada com a estudante, Lumiar sentiu as lágrimas correrem por seu rosto e um sorriso largo se abrir.

— Pode ficar aqui quanto tempo precisar. Minha mãe com certeza está feliz de saber que você veio aqui buscá-la de alguma forma.

— Você teve muita sorte de ter tido a Dora como mãe. Eu adoraria ter tido alguém como ela para me proteger. Ela foi o mais próximo de uma mãe que já tive.

Lumiar apenas sorriu de canto.

— Vem, vamos entrar que vai chover! 

As duas entraram juntas, abraçadas de lado.

Tarde da noite, sozinha no quarto, Guiga estava sentada na beira da cama, com os ombros curvados e lágrimas escorrendo por seu rosto. 

O quarto estava envolvido em um silêncio pesado, preenchido apenas pelo som suave do choro solitário da jovem. Ela sentia um vazio profundo dentro de si, uma solidão que parecia insuperável.

No cômodo ao lado, Lumiar ouviu os pequenos gemidos e mesmo intensamente cansada da viagem, levantou-se da cama. Ela vestiu um roupão e o amarrou levemente na área da barriga, admirando no espelho seu ventre levemente arredondado.

Ela adentrou o quarto e se aproximou calmamente, sentando-se ao lado de Guiga na cama e colocando uma mão gentil no ombro dela.

— Guiga, eu sei que está passando por um momento difícil, mas quero que saiba que não está sozinha. A minha mãe está com você. O amor dela sempre vai te encontrar. E eu também estou aqui.

Guiga olhou para Lumiar, seus olhos vermelhos e inchados refletindo sua tristeza e desamparo.

— Eu me sinto abandonada. Minha mãe me deixou no dia em que nasci, e meu pai... ele sempre priorizou o dinheiro e agora está preso. Não tenho ninguém para me apoiar. 

Dra. Lumiar cuidará disso? - BeniarOnde histórias criam vida. Descubra agora