Capítulo 2 |O que você sente?

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O monitor que registrava os batimentos cardíacos da advogada logo passou a apitar. Lumiar estava extremamente nervosa.

Theo estava foragido há um ano. Seu negócio ilegal foi descoberto pela polícia e Sol havia o denunciado por importunação sexual, mas antes de desaparecer, o criminoso garantiu que iria se vingar de todos, e que a primeira pessoa, seria Lumiar.

- A senhora está bem?? - se desesperou a enfermeira, rapidamente acionando o botão para que a cama deitasse, e tomando as flores da mão da paciente.

Lumiar entrou em pânico. Uma crise de ansiedade assustadora e opressiva tomou seu coração. Batidas rápidas e descompassadas, respiração funda e dificultosa.

Ela começou a suar e a tremer, sentindo-se tonta e desorientada. Lumiar sentiu como se estivesse perdendo o controle e que algo muito ruim estava prestes a acontecer.

Seus pensamentos começaram a se acelerar, e ela começou a sentir uma sensação de medo intensa e inexplicável.

Se preocupou com a possibilidade de desmaiar, ter um ataque cardíaco ou perder o controle sobre suas ações. Tudo ao seu redor parecia estar embaçado e distante.

Lumiar foi medicada, então logo adormeceu.

Enquanto isso, em casa, Benjamin conversava com Jenifer na sala, assistindo um filme no sofá.

- Pai, você sabe que eu não consigo mais gostar dela depois de tudo, mas amo você, e sei o quanto ela foi e é importante na sua vida!

- Ela ficou surpresa quando falei do seu incentivo.

A jovem sorriu de canto.

- Como foi encontrar com ela nessa situação?

- Foi bem diferente. A Lumiar estava desarmada, com a expressão cansada, triste. Logo que me viu, se assustou...

- Se assustou?

- Ela estava sonhando... deram tantos remédios que estava tendo delírios. Surtou pensando que estava no hospital por estar grávida - ele riu fraco.

- Por que ela tem tanta relutância em ter um filho? Será que tem algum trauma por trás disso? Já li sobre em algum lugar.

- Ah... nem sempre, sabe? Não é uma necessidade da mulher ter um filho. E depois de ver o desespero dela hoje, acho que foi melhor assim.

- Você ainda gostaria de ter um filho com ela?

O silêncio se fez dominante por uns segundos.

- Acho que esse sempre foi um sonho meu. Sempre fui tão apaixonada pela Lu que imaginava uma filha exatamente igual a ela, uma mini Lumiar - riu fraco - Mas também amei a filha que a Sol me deu. Você é ainda mais linda do que eu pude sonhar, meu amor. - o advogado passou seu braço pelo ombro da jovem e abraçou-a.

- Te amo, pai!

- Te amo, Jeni.

- Quero que seja feliz, muito feliz, então se for necessário, conversa com ela, faz as pazes.

- Acha que devo?

- Pai... você já tem a filha que tanto queria... talvez ainda queira a esposa que tanto amava.

Ben ficou em silêncio, apenas olhando para a TV enquanto refletia.

Já no quarto, após o fim do filme, Benjamin decidiu mandar mensagens para Lumiar.

"Oi Lu, boa noite. Me desculpa por te mandar mensagens tão tarde, só queria saber se você está bem".

"To bem melhor sim. Obrigada por se preocupar. Amanhã irei para casa".

"Eu posso te levar? Acho que não é bom você ir sozinha".

"E o meu pai está ocupado demais para cuidar da filha dele. Como sempre negligenciando os filhos".

"Posso?"

"Não quero te incomodar, Ben. Mas, não vou negar que eu adoraria que viesse por mim".

"No primeiro horário estarei no hospital!"

"Te espero".

Logo pela manhã, Benjamin apareceu no hospital munido com bonitas flores brancas, um sinal claro de paz.

Ele nem imaginava o que tinha acontecido logo após sua saída no dia anterior, e por isso, estranhou quando entrou no quarto e foi surpreendido por um abraço apertado de Lumiar, que praticamente pulou no colo dele.

Eles se aproximaram um do outro com os braços abertos e, quando se encontraram, envolveram um ao outro em um abraço caloroso e afetuoso.

Durante o abraço, ela pôde sentir a força e a segurança do outro corpo, compartilhando uma conexão emocional. Somente nos braços dele Lumiar se sentia segura.

Os corpos dos advogados se moviam de forma suave e ritmada, enquanto os braços se entrelaçavam.

Naquele momento, mais e mais memórias. Para Ben, estar com Lumiar era como um eterno replay no passado.

Respirar o perfume dela de perto era um deleite de sensações.

O abraço dela ainda é gostoso, ela ainda cabe nos braços dele, os dois se encaixam perfeitamente como duas peças de um quebra-cabeça.

Eles se olharam nos olhos, trocaram sorrisos e decidiram sair do quarto.

Lumiar entrelaçou seu braço em Ben como forma de apoio. Seu corpo ainda estava fraco.

Ao chegar em casa, Lumiar sentiu o aroma de café fresco e pão torrado.

O homem apenas a olhou com um sorriso de canto, ajudou ela a se sentar no sofá e foi preparar ovos mexidos com bacon.

- Eu senti tanta falta de acordar com seu café. Sempre amei esse momento.

- Eu sei, por isso passei aqui antes de ir pro hospital e facilitei o processo. Comprei todas as frutas que você gosta e também fiz um suco de maracujá para ajudar o seu sono. Tenho certeza que passou a noite em claro.

- Você também não parece ter dormido... - ela reparou nas olheiras e sinalizou com as mãos.

- Fiquei refletindo em muitas coisas durante a noite e não pude dormir.

- Você estava preocupado, Ben. Eu te conheço! - sorriu fraco e logo disfarçou, pois no fundo, ela estava feliz por ele pensar nela.

- Posso te perguntar quem te levou flores ontem?

Lumiar gelou, seu coração quase saindo pela boca.

- As flores não eram pra mim, a enfermeira se enganou. A única pessoa que me mandaria flores seria a minha mãe, mas infelizmente até isso eu perdi. - respondeu cabisbaixa.

- Oh Lu... não fica assim!

Benjamin sentou-se ao lado da loira no sofá, e entregou nas mãos dela um potinho com frutas com iogurte natural e um pouco de granola, do jeito que ela gosta.

- Prometi pra sua mãe que iria estar aqui sempre que precisasse de mim, e não vou te deixar só! - ele levou sua mão até o rosto dela, deslizando levemente.

- É POR ISSO QUE ESTÁ AQUI? - ela gritou, completamente decepcionada.

- Por Deus, Lumiar! Será que você pode se acalmar? Eu estou aqui porque senti a necessidade de estar perto de você, de cuidar de você, de te trazer segurança. Estou aqui porque quero estar! - respondeu firme e em bom tom, calando a loira de imediato.

- Eu queria entender o que você sente por mim... queria confiar que você não vai correr pra Sol logo depois desse café.

- A Sol é quase sua cunhada. Ela e o Lui estão noivos.

- E só por isso você não vai correr atrás dela, né?

Dra. Lumiar cuidará disso? - BeniarOnde histórias criam vida. Descubra agora