53. skinny dipping - sabrina carpenter

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for the first time what's past is past 04/09
skinny dip in water under the bridge

estou leve agora
toda mágoa e ressentimento
se desprendeu de mim
podemos ir embora
consegui me livrar do sentimento
de que tudo sobre você era ruim

uma crosta de rancor
se infiltrou em mim
assim
que comecei a falar com você
na época você não tinha culpa alguma
apenas dançava uma dança diferente da minha
mas na minha mente
a crosta se infiltrou
e eu te condenei

tudo o que você falava e fazia
pesava mais do que deveria
parecia algo propositalmente
contra mim
e aquela crosta crescia mais e mais
feita de fragmentos de lava
de um vulcão em erupção
aquilo ia me queimando de vez
e a amargura se fez
e permaneceu

e se inconscientes conversam
tenho certeza que o seu percebeu
mas a gente não
não imediatamente
toda a atração consciente
andava de mãos dadas
com a rejeição inconsciente
o jeito que nossa mente se repelia
mas o nosso corpo se atraía
foi a fórmula perfeita
pro caos começar a acontecer

ficamos juntos e tudo desandou
parte de mim estava satisfeita
a outra era puro arrependimento
como se eu tivesse falhado comigo mesma
mas eu te achava tão lindo
qual o problema nisso então?
por que no momento pareceu certo
e depois eu me senti numa areia movediça
no meio de um deserto?
puxada cada vez mais pra baixo
a casca ardendo cada vez mais
e a amargura crescendo
como um parasita
se alimentando da minha vitalidade

e então você errou
mas como todo o odio já estava construído
uma chama foi suficiente para causar o incêndio
e a partir daí foi apenas destruição
disfarçada de alguns momentos de redenção
mas nós nunca nos rendemos

e então você piorou
apontou todas minhas características
como defeitos
e eu te odiei por você me odiar tão rápido
e eu ainda te querer
mas não percebi que tudo o que você falava
contra mim
eu pensava contra você
desde o princípio condenei seu jeito de ser
só por ser muito diferente de mim
eu quis te consertar
mas parte nem estava quebrada
e a outra parte você não me deixou tocar

você extravasou seus ressentimentos
eu mantive os meus enterrados
protegidos por aquela casca fragmento de vulcão
que agora engolia tudo sobre você
e mantinha lá
esperando o momento de explodir
mas isso nunca aconteceu
então substâncias tóxicas foram se soltando
e eu me tornei veneno perto de você
e ainda sim, de alguma forma
eu te via como uma cura
nas vezes que você me fazia rir
eu poderia jurar
que coisas boas ainda estavam por vir
mas nada poderia nascer
de um solo infértil e queimado
você era inflamável
e eu me tornei cinzas

e então você me estragou
e ainda teve coragem de me culpar
isso deveria ter sido a gota d'água
mas não foi
meu ódio aumentou sim,
mas isso ainda é um sentimento forte
água no fogo vira vapor
e depois de uns meses
isso também se dissipou

confesso que fiquei feliz
quando a raiva passou
porque aquele sentimento me fazia mal
mas você era merecedor de todo karma
por tudo que causou
eu sentia que se eu morresse
te condenaria ao inferno
de tanta coisa ruim que nos envolvia

mas eu não morri
alias eu fiquei com você novamente
e eu me convenci de que queria
porque você queria
e eu te achava bonito
me sentia atraída
mas isso era mentira
e naquele momento
eu me traí novamente

pelo menos depois disso
o pico do gráfico finalmente foi caindo
não era mais a flor da pele
estava passando, eu sabia
eu só precisava esperar

foi depois de algum tempo
vivendo quase no equilíbrio
que finalmente me senti neutra
mas sonhei que queria ficar com você
e quando acordei, eu consegui sentir isso
a vontade, foi bem paupável
e o suficiente para me fazer perceber
que, se isso era querer,
das outras vezes eu não quis
eu não estava à vontade
mas não consegui te negar

após isso sinto que me libertei
e agora, nada disso me pesa
eu me livrei
não saí ilesa
mas agora estou bem

consigo olhar para você
sem te odiar
eu não te condenaria mais ao inferno
se eu morresse hoje
eu te perdoei
consegui me desprender
da casca que grudou em mim por mais de um ano
são águas passadas
ou, no nosso caso,
cinzas dissipadas
o solo permanece infértil
nada natural poderia ser criado
mas algo novo poderia ser reconstruído
em cimento
para que todo sentimento ruim
seja de vez enterrado

seu jeito não me incomoda mais
embora eu não concorde com muitas coisas
é tão estranho te olhar sem sentir nada
mas fico feliz pela minha conquista
me sinto livre sem amarras
sem me sentir presa nas suas garras
talvez daqui um tempo
não sei quanto
a gente possa se reencontrar
talvez nos daríamos bem
não tem como saber
mas quando esse dia chegar
espero que estejamos melhores
espero que seja leve e engraçado
como uma brisa de um dia nublado
e não como o sopro quente
de uma churrasqueira
cheia de carvão;
fuligem pode grudar
e eu só quero conseguir
me deixar levar

fogo pode se propagar
mas também pode se apagar
e eu consegui soltar a brasa
que começou tudo isso
não pretendo mais te causar
traumatismo craniano com ela

consegui acabar com isso
antes que isso acabasse comigo
mais uma vez

indigo - poesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora