Além das dimensões: As Variantes da Angústia

Capítulo 5 - Átila, O Pai.

(ISSO! DEU CERTO E- caramba, que dor de cabeça...)

Abro meus olhos sentindo uma forte dor de cabeça e um enjoo descomunal.

(Bom, não é só você... Será que você tem um balde aí?)

— Argh... que porcaria. Alicia? Cadê você macaquinha? — Chamo antes de lembrar que hoje minha filha está na guarda de Sophia. 

— Droga, que horas são?— Passo a mão por meus cabelo tentando me situar.

Tento me levantar apoiando a mão no sofá, mas por falta de força acabo escorregando e caindo direto no chão.

Hoje não é meu dia.

Suspiro com pesar pensando se me levanto ou fico imóvel no chão, mas as pontadas na minha cabeça me fazem levantar e ir atrás de um remédio.

Passo pela bagunça que está minha sala tropeçando em algumas latas de cerveja e sacos de Doritos e prometo a mim mesmo arrumar isso depois.

(Ótimo, aproveita e arruma aquela garrafa de uísque jogada no canto, as caixas de pizza, as batatas fritas jogadas perto da TV, os pães de queijo que não estão com uma cara muito boa e a sua higiene, você tá pior que eu.)

Tomo um copo d'água tentando passar o efeito do enjoo e vejo que meu celular apita em uma notificação.

Quando abro a tela principal vejo várias chamadas perdidas e muitas mensagens não lidas de Alicia.

— Pra quê tanta histeria... AH NÃO! — Vejo que as mensagens eram sobre o fato de eu não estar no teatro para assistir o primeiro solo de balé da minha filha.

Vejo as horas e suspiro aliviado. Ainda faltava quarenta minutos para começar, se eu me arrumar agora e não pegar trânsito consigo chegar a tempo.

Começo a me vestir em uma velocidade inacreditável para alguém como eu e sigo rumo a garagem onde meu Corcel me aguardava.

Só tinha um problema.

O pneu traseiro direito estava tão murcho que era visível.  

Dou um tapa na minha testa incrédulo com a situação do meu xodó.

(Que belezinha, pena que o dono é desleixado... Se bem que eu não posso falar muita coisa.)

Olho novamente o celular e vejo uma nova mensagem.

Reviro os olhos com desgosto.

Era Fábio.

O atual da minha ex esposa.

"Ei Átila, tudo bem aí? O espetáculo da Alicia já vai começar, cadê você?"

Bufo em irritação pela bondade desse cara.

Por que ele tem que ser tão... Melhor.

(Pelo visto não é só a bondade.)

"O pneu do carro furou."

Digito meio lento no celular.

"Quer que eu vá te buscar?"

Eu sinto mais raiva ainda.

"Não."

"Tem certeza? se eu for agora consigo chegar a tempo."

E é nesses momentos que o orgulho fala mais alto.

"Sim, relaxa."

(Cara, até eu sei que isso vai dar errado.)

Logo após isso vou no porta-malas em busca das ferramentas e o estepe para fazer a troca do pneu o mais rápido possível.