Capítulo 2 - Alexa, a Grafiteira

1 0 0
                                    

("QUE DROGA É ESSA?!" foi a primeira coisa que eu pensei. Está claro que estou em uma praça, mas não tenho controle dos meus membros, nem sequer para virar minha cabeça e observar o meu ao redor, está a tarde, céu nublado e tem uma salsicha dentro de um pão vindo em direção ao meu rosto.)

"QUE DROGA É ESSA?!" Sinto como se meu corpo tivesse acabado de ser invadido por uma onda de choque.

Pedro enfia um cachorro-quente na minha boca, me fazendo engasgar.

Tusso tentando expulsar o pedaço de pão entalado na minha garganta e meu namorado me olha preocupado.

— Ei, Alexa, você tá bem? — Ele pergunta e logo em seguida eu boto o pedaço de pão para fora.

(Alexa? Ele acabou de me chamar de Alexa?!)

— Estou sim, você só quase cometeu um homicídio culposo, me dá um pouco de água. — Brinco tentando amenizar o clima.

(Espera aí, eu estou menor? Me sinto mais magro, minha cabeça está pesada como se meu cabelo tivesse crescido mais que o normal.)

Ele me passa seu copo e bebo um pouco. Ele acaricia minhas costas em sinal de carinho.

(Esse cara é gay?)

— Nem brinca com isso amor, me sinto até mal. — Sua careta de preocupação permanece mesmo com a brincadeira.

Viro o rosto com vergonha e olho para duas crianças em frente a uma loja com vidro espelhado.

(Calma, aquela menina no reflexo sou eu? EU VIREI UMA MENINA?!)

O celular de Pedro toca, ele me olha de canto e pede licença.

Eu simplesmente dou um aceno com a cabeça e me apoio no banco.

Minha cólica está voltando aos poucos, tenho que lembrar de tomar o remédio quando chegar em casa.

(Ahh, então essa dor na barriga era cólica? Ok Alberto, então vamos encaixar as peças: Se eu estou em outro corpo, então na verdade as cobaias não vão para outras dimensões e sim suas mentes vão para um corpo deste universo. Seria isso então uma viagem de consciência?)

Pedro volta alguns minutos depois com o rosto animado e esperançoso.

— Boneca, o pessoal daquele emprego acabaram de me ligar, disseram que me querem na equipe e tenho dois dias pra dar uma resposta. — Pedro se senta ao meu lado entusiasmado, mas quando percebe minha seriedade com o assunto seus ombros se retraem.

— O que foi amor? Aconteceu alguma coisa? — Ele me olha com as sobrancelhas franzidas.

— Você ainda pergunta? Sabe que eu não gosto da ideia de irmos para o outro lado do país, e que papo é esse de dois dias? Por que eles estão tão apressados? — Minha voz afina a cada palavra e minha raiva com esse assunto só cresce.

— Calma, Amor. Eu não posso controlar a cabeça deles, e te avisei semana passada que o dia estava chegando, eles não gostaram da minha demora e me deram um ultimato.

Tento acalmar minhas emoções e entender o lado de Pedro, ele realmente precisava atender as exigências dos seus superiores para manter seu emprego, mas ao mesmo tempo eu me sentia pressionada e invalidada tendo que me mudar de cidade.

(Se eu soubesse disso teria trago pipoca...)

— Pedro você acabou de quase me matar, não abusa da sorte.

(Se ela morresse eu também morreria ou tomaria o controle do corpo dela?)

— Certo, Boneca você não está bem pra conversar agora e daqui a pouco vai anoitecer, que tal conversarmos melhor no jantar? — Observo seu olhar cansado e finalmente cedo.

Além das dimensões: As Variantes da AngústiaOnde histórias criam vida. Descubra agora