A máquina me cospe para fora do vórtice, suas luzes confusas ainda giravam minha cabeça, a força com que fui expelido me jogou no chão.
Fui tirado à força.
Meu corpo bate no chão com um ruído oco, meus membros se contraem com uma dor insuportável.
Cada sensação de respiração em meu peito é perfurada por uma nova onda de dor.
Meu coração acelerado e o suor escorrendo me fazem pensar que estou tendo um ataque cardíaco.
Meus músculos doem como se tivesse acabado de ser espancado brutalmente por várias pessoas ao mesmo tempo.
Minhas forças se esvaem, não consigo sequer me mexer.
Do chão tento abrir os olhos para me situar apesar da dor de cabeça dilacerante, mas minha visão está turva e confusa.
Só consigo ver brevemente o cronômetro da máquina: 30 horas...
A respiração entrecortada dificultava manter minha consciência sem ter oxigênio circulando para o meu cérebro.
Está difícil me manter acordado...
Abro os olhos e minha cabeça sentem fortes pontadas.
— Droga...
Mexo meus braços para me apoiar e percebo que eles voltaram ao normal apesar de ainda sentir dores e formigamento.
Me apoio de bruços para finalmente firmar meus joelhos e me levantar.
Minhas pernas ainda estão fracas e moles, mas pararam de tremer.
Respiro deixando o ar penetrar meus pulmões e tusso um pouco pelo esforço.
Movo minhas pernas lentamente e cambaleio até a cadeira mais próxima.
Forço minha memória para lembrar o que aconteceu, ou para tentar raciocinar quanto tempo estive desacordado.
Meus olhos passam pelo chão do laboratório até chegar na máquina.
Enfim minhas memórias dos últimos acontecimentos voltam a tona me fazendo desabar.
A cada segundo que se passa, mais memórias invadem minha mente.
— Alicia... — Balbucio o nome da pequena garota.
Antes que eu perceba meus olhos começam a lacrimejar.
Sem controle total do meu próprio corpo ou impulsos as lágrimas começam a brotar e minha respiração fica desregulada.
O fato de não saber o que aconteceu após eu ser expulso deixa minha inquietação maior ainda.
Então me recordei com espanto que quando eu saio de uma dimensão não é apenas o meu corpo que sofre com as consequências, mas a da variante também.
— Ah não...
E se Átila ficou tão desnorteado quando eu sai e acabou em um acidente?
E se ele não chegou a tempo de salvar a Alicia?
Posso ser responsável pela morte de Alicia... E Átila.
Milhares de ecos gritam em minha mente que sou culpado.
Tudo se mistura em minha cabeça como um emaranhado de acontecimentos catastróficos seguidos.
No final das contas fui o contrário de tudo que tentei ser, fui impulsivo, irresponsável, imaturo e egoísta, tudo pelo projeto da minha vida, que no fim revelou o que eu não queria aceitar: Eu sou um erro até em outro universo.
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Além das dimensões: As Variantes da Angústia
Ciencia FicciónAlberto Castro é um dos maiores físicos do Brasil e em seus 28 anos de vida dedicou tudo a sua paixão, a física quântica. Acontece que a vida é muito mais do que um amontoado de cálculos e fórmulas e ele infelizmente sabe disso. Todos dizem que é me...