"A liberdade muitas vezes é uma palavra com significado relativo e abstrato, para mim, por muitos anos foi considerada como sendo algo figurativo e intangível."
Túlio e Pedro
Passando um chá quente antes do palpite Na varanda, a noite quente cala, três doses de Puro uísque Foi assim Hmm Te vi arrumar o cabelo, trocou a camisa Falou baboseira pra agradar Sentiu a brisa Destrinchou meu corpo, o tempo passa como nos relógios de Dalí Surreal Toque psíquico Caso visceral Eu deixo por escrito Doce conjugal Desejo cítrico
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Engulo a seco. As palavras invadem a minha mente, como retratos manchados de sangue, um balé sádico, doloroso, uma tempestade de sentimentos, uma revolta e um desejo de gritar.
— Jairo era muito mais que apenas alguem que cresceu naquela casa, ele era o homem de confiança do meu pai. O seu jeito simples e de poucas palavras, meio tímido e de personalidade amorosamente cativante, camuflava o monstro que existia por debaixo da pele de cordeiro.
E ele continua falando, pondo para fora em um desembesto que eu não consigo acompanhar, porquê dói e eu não sou muito bom em lidar com a dor. Não com uma dor assim. Tomamos um banho silencioso, eu mesmo desci para falar com seu irmão e seus pais, se todos perceberam meu olhos inchados e vermelhos, nada comentaram. Aproveitei a despedida e decidi me ocupar preparando algo para comermos, visto que não havíamos almoçado.
Enquanto a minha cabeça girava, cozinhei mandioca, beterraba e batata. Havia um peito de frango no congelador, eu o preparei com sal e alho ralado, após o cozimento utilizei o processador para desfiá-lo com mais precisão. Com a mandioca bem cozida, salguei levemente no prato, fiz uma salada com a beterraba e a batata, depois montei dois pratos, acrescentando o frango desfiado.
Encontrei Pedro terminando de organizar sua mala, meu coração seu um solavanco no peito, não era o que eu esperava tão cedo. Não compreendi muito bem o motivo de Ediz ter adiantado um viagem de negócios quando o filho não anda bem de saúde, principalmente depois de hoje, não que ele saiba da nossa conversa, mas achei um tanto desnecessário. Ele também estava levemente distante de mim, estranhei sua forma de agir, Ediz sempre fora calorosamente receptivo comigo, mas diante de todo o estresse com o filho, quem ficaria emocionalmente bem?
Nos alimentamos sobre a cama, Pedro não conseguiu comer metade do que pus no prato, mesmo que os alimentos estivessem bem macios por conta do cozimento; mas não reclamei, pelo menos comeu algum alimento diferente de sopa totalmente líquida. Eu tranquei toda a casa, acionei o alarme, lavei a louça e subi, encontrando-o deitado e quieto, o quarto sendo iluminado apenas pelos spot-ligths no teto. Escovei os dentes e me deitei ao seu lado, então ele tornou a tocar no assunto.
Enquanto estava na cozinha fiquei pensando sobre todo o sofrimento que ele passou, que toda a família passou. Chorei em silêncio, desesperado por imaginá-lo ainda garotinho passando por tantas coisas. Eu me compadeci com tudo, além de todo o absurdo que essa história toda representa, não posso deixar de sentir dor pelo homem da minha vida ter passado por uma situação dessa. Por mim, pedófilos e estupradores não merecem nada além da morte. É odioso e assustador.
