Capítulo 3

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Isabelly Miller

 O carro do garoto era chique e muito confortável, parece que ele é uma dessas pessoas que tem tudo muito fácil na vida. Aqueles que não precisam fazer um grande esforço para conseguir o que quer, porque além de parecer que consegue tudo com muita facilidade sua beleza incomparável deve ser de grande ajuda. Aproveitei que ele estava concentrado na estrada e dei uma boa olhada novamente para o garoto ao meu lado, suas roupas o deixavam ainda mais bonito, seu estilo era único e sua beleza indescritível, realmente Deus teve tempo para a sua criação perfeita.

- Você pode parar de me olhar assim, isso assusta. - disse ele, ainda concentrado na estrada.

- Você não precisa ser tão idiota e convencido garoto, estou te olhando normal. - e menti mais uma vez, coisa que está se tornando normal nas conversas com esse garoto.

- Então Isabelly, onde é a sua casa? Ou você prefere ir para a minha, podemos fazer uma festinha maneira lá. - o tom malicioso que ele falava fez um leve calor aparecer entre meu peito e minhas coxas.

- Como sabe meu nome garoto? E não, não quero ir para a sua casa. Tenho namorado, lembra? - um namorado que vai virar ex se continuar com essas paranoias loucas.

- Foi meio difícil não ouvir o seu namorado gritando o seu nome como um louco psicótico. - ele começou a rir sem parar, aliás tudo o que esse garoto fez desde que me conheceu foi rir e debochar de mim.

- Que seja, eu moro algumas ruas acima. É só ir reto e virar as duas próximas ruas a esquerda. - falei, explicando onde era a minha casa.

 Não demorou muito e o garoto estacionou na frente da minha casa, que era grande e ficava perto de um dos melhores e mais caros bairros. E só moramos aqui porque minha mãe dava a vida trabalhando a maior parte do tempo, ela era uma médica excelente. Nunca falamos sobre o meu pai, não porque eu não tenho curiosidade mas sim porque minha mãe não gosta de falar sobre. Tudo o que eu sei sobre ele é que ele sempre foi um marido ruim e um péssimo pai, que nos abandonou quando eu ainda tinha 3 anos de idade e que nunca quis ser um pai para mim. Pois bem, eu nunca precisei dele e espero que ele nunca precise de mim também.

- Muito obrigada pela carona. - falei, querendo fugir dali o mais rápido possível.

- Não precisa agradecer, Isabelly. Faria isso por qualquer garota, aliás elas agradeceriam de outra forma. - respondeu ele debochando e se aproximando de mim.

- Não sou como essas garotas, tenho namorado e mesmo se não tivesse eu nunca beijaria você. - respondi, já abrindo a porta de seu carro. - Aliás, você já sabe o meu nome. Qual é o seu? Não posso te chamar de garoto para sempre né.

- Essa doeu morena, bem lá no fundo do meu coração. - dizia ele, com a mão no peito e quando eu estava prestes a acreditar ele começou a rir, de novo. - Tom, meu nome é Tom Kaulitz.

 Assim que ele terminou de dizer isso eu me afastei de seu carro e quase cai para trás, não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Eu sabia que aquele rosto não era estranho e que já tinha visto em alguma revista ou em algum lugar, mas não podia acreditar que era mesmo o guitarrista da banda mais famosa do momento a qual a Helena era fã de carteirinha. Assenti para ele e segui andando para abrir logo a porta e colocar algo entre nós, assim que abri a mesma ele arrancou com o carro deixando marcas do pneu no chão. Eu e Helena sempre fomos melhores amigas desde crianças e nossos gostos musicais são um pouco diferentes, eu diria.

 Enquanto ela é uma verdadeira fã de Tokio Hotel eu era a mais verdadeira fã de Chase Atlantic, meu quarto era cheio de fotos dos meus meninos que eu sou tão apaixonada. Mas não apaixonada tipo uma fã louca que faz de tudo achando que vai ter uma vida com um dos meninos, essas ai que se dizem fãs precisam é de terapia intensiva.  Assim que entrei no meu quarto fui direto tomar banho e colocar meu pijama, dois minutos depois eu já estava apagada na minha cama e só fui acordar no outro dia exatamente ás 13 horas da tarde. Peguei meu celular e já tinham várias mensagens de Helena falando sobre o garoto da boate e também de Liam dizendo que viria a minha casa hoje para conversamos, dizendo que chegaria aqui por volta das 15 horas.

 Me levantei, tomei um banho e me arrumei um pouco. Não foi uma arrumação tão boa, apenas coloquei uma roupa que estou acostumada a ficar em casa. Eu estava certa do que fazer e qual decisão tomar, as coisas não podiam continuar do jeito que estavam com o Liam. Nosso relacionamento estava afundando e não teria mais como salvá-lo e eu não iria me afundar com ele, essa seria a última coisa que eu faria. Desci para comer algo e encontrei minha mãe lendo um livro, ela era uma amante de livros românticos, uma amante incurável.

- Mãe, o Liam virá aqui hoje. Na verdade ele já está para chegar. - disse comendo uma maçã, estava apreensiva e nervosa e ela logo percebeu.

- Filha, aconteceu algo entre vocês? Você parece nervosa. - disse ela, preocupada.

- Sim mãe, o Liam já não é mais o mesmo de antes. Acho que nem eu sou. - afirmei, precisando dos conselhos de alguém mais velho. - sete meses atrás ele era um homem incrível, alguém que eu realmente amava e tinha orgulho de ter do meu lado e como namorado.

- E não é mais? Você não o ama mais, certo? Se não o ama faça o certo filha, você não pode segurá-lo ao seu lado. Tenha uma conversa sincera com ele e diga tudo o que sente, sem mentir sobre seus sentimentos e o que você realmente quer.

- Eu não sei o que eu sinto por ele, mãe. Ele está paranoico e ciumento, acha que sou sua propriedade e quer mandar em mim sendo que eu sempre deixei claro que as coisas não funcionam assim. - e foi só eu terminar de falar que ouvimos a campainha tocar, minha mãe subiu para o seu quarto alegando que se eu precisasse de ajuda era só gritar.

 Abri a porta para ele e o mesmo logo adentrou a minha casa indo diretamente para a sala, eu sabia que a conversa era séria e poderia não acabar muito bem e estava esperando que estivesse errada sobre isso. Liam era lindo, o que no caso nunca foi difícil de se notar. Estava com uma calça jeans clara, um moletom preto e seus cabelos castanhos estavam bagunçados de um jeito lindo, saber que eu sempre o amei faz meu coração se aquecer, mas lembrar de tudo o que vem acontecendo entre nós acaba comigo. Seus olhos azuis me penetravam de um jeito que eu não conseguia o encará-lo, sabia que se o fizesse perderia toda a minha força e tudo o que tinha para falar. E isso só me fazia pensar que eu estava cometendo o pior crime de todos.

- Liam, precisamos conversar. E eu espero que você consiga me entender, espero que isso não vire uma cena de crime ou algo pior. - comecei sem ter ideia do que dizer.

- Olha Belly, eu sei que eu errei ontem, sei que não devia ter falado daquele jeito com você. Mas você me deixa louco, não consigo me controlar. Eu te amo e você é tudo para mim, não aguentaria te perder. - ele falava e seus olhos brilhavam, não sei o que mais dói em mim, se é vê-lo assim ou saber que posso magoar ele com tudo o que tenho a dizer.

- É lindo ver você dizer essas coisas, que me ama e o quão vai doer se me perder, mas sei que isso é a merda de uma mentira. Você não me ama Liam, você só quer me ter ao seu lado porque é conveniente. Só não sei o porquê disso tudo. - falei sentindo a dor que estava causando nele e olhava para todos os lugares menos em seus olhos.

- Você está falando tudo isso por causa daquele merda que você conheceu ontem, né? Me diz que você não está pensando em terminar comigo por causa de alguém que mal conhece. - dizia ele, com ódio na sua voz.

- Não tem nada haver com aquele garoto e eu não sei mais o que fazer Liam, suas mudanças de humor estão acabando comigo. - e foi só olhar em seus olhos que eu me perdi, não iria conseguir terminar com ele. - você me deixa confusa.

- Me desculpa amor, essa nunca foi minha intenção. Eu sei que tenho te machucado e magoado ultimamente, mas eu prometo que vou mudar. - dizia ele me olhando enquanto eu segurava para não chorar. - Não jogue esse 1 ano e três meses fora.

- Tudo bem, Liam. Eu te dou mais uma chance, mas vai ser a última. Se você não mudar eu não vou continuar com essa merda toda, já estou cansada disso. - como ele consegue me dominar dessa forma, como faz pra que eu mude tão rápido o que eu quero falar...

 E assim, depois disso ele saiu pela porta e eu senti o silêncio chegar, batendo com força em mim me fazendo desabar no chão e começar a chorar por perceber que eu não tinha o controle sobre mim quando se tratava de Liam. Meu rosto estava molhado de tanto chorar, me faltava ar nos pulmões e essa dor parecia que ia me matar. Minha mãe logo  desceu e me puxou para si, nós ficamos ali abraçadas em silêncio enquanto eu deixava toda aquela dor me dominar e meu coração ser tomado por mais dor do que eu poderia suportar.

Um guitarrista na minha vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora