Capítulo 26

103 6 1
                                    

Isabelly Miller

 Eu tive que passar a manhã e quase a tarde inteira naquele hospital fazendo exames de sangue, radiografia e tomografia para saber se eu realmente estava bem e liberada para ir embora para casa, se não tinha ficado nenhuma sequela daquele acidente e a única sequela que ficou foi o meu coração despedaçado por causa do garoto responsável pelo acidente e todo o meu ódio por ele. O Tom não saiu do meu lado um minuto que fosse, ele dizia que não iria me deixar mais sozinha nem um minuto que fosse e isso aquecia o meu coração e me deixava feliz por um lado.

 Por outro eu sabia que ele devia ter sentido muito medo e dor por saber que ele poderia ter me perdido e mesmo que ele tente negar seus olhos não mentem, ele parecia se culpar pelo que aconteceu, mas não era culpa dele e nunca foi culpa dele. Os únicos culpados nessa história sou eu e o Liam e a culpa maior é minha, sempre foi. Eu nunca devia ter deixado o garoto entrar na minha vida, nunca devia ter me relacionado com ele e deixado ele me dominar da forma que dominava.

- Finalmente nossa gatinha acordou, que susto você nos deu. - dizia a Helena entrando no quarto e me vendo de pé, logo correu até mim e me abraçou com força e eu retribui. Eu precisava disso, precisava do abraço da minha melhor amiga. - Nunca mais faça isso de novo, não suportaria perder a minha melhor amiga.

- Desculpa por isso, Lenny. - falei a abraçando mais forte e quase chorando. - Não irá mais se repetir, eu prometo.

- Claro que não, nunca mais eu vou sair do seu lado. - comentou o guitarrista, se juntando a nossa conversa. - Nunca mais vou te deixar sozinha.

- Até quando eu for no banheiro, guitarrista? - o encarei e a Helena começou a rir, me juntei a ela.

- Se for preciso, até lá. - ele respondeu e eu sabia que era brincadeira, ele logo começou a rir também.

- Ainda não acredito que você escondeu de mim o que estava acontecendo, Isabelly. - dizia a Helena, com um tom de desaprovação.

- Eu sei que errei e sinto muito por isso, se eu tivesse falado nada disso teria acontecido. - falei, abaixando a minha cabeça. - Eu espero que não guarde mágoas de mim por isso, espero mesmo.

- Vamos esquecer isso, certo? - perguntava ela, eu apenas assenti. - Eu preciso ir buscar minha mãe no aeroporto, mas assim que deixar ela em casa eu volto aqui para te ver.

 Logo ela saiu do quarto e ficamos novamente apenas eu e o Tom naquele quarto de hospital, apenas eu e o garoto que tinha se tornado o dono do meu coração. Eu resolvi arrumar minhas coisas na bolsa de uma vez já que eu não aguentava mais ficar deitada naquela cama sem nada para fazer e olhando para o teto, o Tom me ajudou a guardar as coisas e as vezes nos distraímos nos beijando e rindo de coisas bobas. Esses momentos com ele estavam sendo os melhores, mesmo que a situação não fosse a melhor.

- Tom? - eu o chamei vendo que ele estava distraído em seu telefone. 

- Oi morena, pode falar. - ele me olhou e sorriu para mim e toda vez que ele fazia isso eu me arrepiava, um arrepio bom.

- E o Liam? Ele foi preso? - perguntei e o vi fechar a cara, o sorriso tão lindo dele agora deu lugar ao olhar sério e boca contraída.

- Sim, ele tentou te matar acho que era o que ele merecia e muito mais ainda. - ele disse, seu tom de voz era duro. - Mas por que quer saber sobre ele?

- Queria saber apenas se ele estava pagando pelo que me fez, apenas isso. - afirmei, mesmo sabendo que não era só isso. 

- Certo, não se preocupe com isso morena. - ele falou se aproximando de mim e me abraçando. - Nada nunca mais vai nos separar, eu prometo.

 Eu apenas assenti e o beijei, encerrando aquela assunto tão doloroso e complicado para nós dois. Eu não queria apenas saber se o Liam já estava pagando pelo que fez a mim, queria saber o motivo de tudo isso, saber por que ele queria tanto que eu morresse e por que me desejar tanto mal sendo que tudo o que eu fiz foi lutar sempre por nós dois, sempre fazendo de tudo para que o nosso relacionamento tivesse dado certo. Foi ele quem errou comigo e se alguém tivesse que desejar a morte ou a infelicidade do outro teria que ser eu, certo?

 Algum tempo depois o médico entrou no quarto e garantiu que meus exames estavam ótimos e que eu poderia ir embora para casa, apenas teria que assinar alguns papéis para a minha liberação e não teria que tomar nenhum remédio e dei graças a Deus por isso. Assinei toda a papelada para ir embora dali logo e o Tom me ajudou a colocar as minhas coisas em seu carro, me levando embora para casa logo em seguida. Ele ligou o rádio de seu carro e colocou algumas músicas da sua banda para tocar e eu me atrevi a cantar algumas partes das músicas que eu sabia graças a Helena que era fã dos meninos desde que eu a conheço por gente.

- The Sun is frozen the world has lost its light, I carry your picture deep in me. Back to you over a thousand seas, back to us. - eu cantava a parte da música e olhava para o Tom, essa música parecia tanto com o que eu e ele estávamos vivendo que eu poderia dizer que seria a nossa música.

- Você canta tão bem, é como se um anjo tivesse cantando para mim. - ele me olhou sorrindo e eu retribui o sorriso lhe dando um breve selinho. - Eu acho que essa música diz muito sobre nós dois, não acha?

- Sim, temos atravessado mil oceanos mesmo para tentar ficar juntos e tendo que enfrentar tantas coisas... - eu falei e por um breve momento meu olhar era de pura tristeza, por tudo o que tinha acontecido.

- Ei, nada disso é culpa sua. - ele acariciava a minha perna e esse toque me fez arrepiar e subir um calor em mim, ele percebeu isso e sorriu de canto. - Enfrentamos mil marés e oceanos e mesmo assim ficaremos juntos, nada vai nos separar.

 Mais algumas músicas tocaram e eu apenas ouvia de olhos fechados e com a cabeça encostada no vidro do carona, apenas aproveitando aquele momento de paz e tranquilidade junto do meu guitarrista e ninguém mais, era tudo o que eu precisava. Nenhuma palavra a mais foi dita naquele carro, apenas o silêncio nos acompanhava, um silêncio bom e acalentador. O Tom estava com uma de suas mãos em minha perna a acariciando e emanando calor e arrepios por todo o meu corpo.

 Em poucos minutos nós chegamos em minha casa e eu sai do carro logo depois Tom se juntou a mim, pegando a minha mão e sorrindo para mim. Nós entramos na minha casa e eu levei o maior susto quando vi que os garotos da banda, junto com a Helena e minha mãe estavam ali e gritaram "surpresa" assim que eu entrei pela porta. Tinha um cartaz atrás deles escrito "bem-vinda Belly" e isso me fez chorar, aquela ali era a minha família e o meu lugar de paz, eles eram tudo para mim e aqueles garotos tinham virado a minha família também, tinham virado parte de mim e eu estava feliz por isso, feliz por tê-los comigo.

- Bem-vinda de volta morena. - disse o Tom em meu ouvido e eu sorri o puxando para um beijo, não me importando com as pessoas que estavam ao nosso redor.

- Eu te amo, meu guitarrista. - falei e o puxei para outro beijo.

Um guitarrista na minha vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora