Capítulo 12.

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Isabelly Miller.

 As semanas estavam passando mais rápido do que eu era capaz de imaginar, os dias começavam e terminavam rápido demais ou então era eu que estava me ocupando demais, ocupando todo o meu tempo para que não voltasse a pensar no Tom e em todo aquele sentimento que estava me matando aos poucos, aquele sentimento que insistia em guardar apenas para mim não contando para ninguém. Eu não podia falar, não podia demonstrar que estava completamente apaixonada por alguém que nunca poderia ter, que a minha felicidade nunca seria suficiente sem ter ele comigo. E ele estava certo quando disse que nós não poderíamos ser amigos, até porque eu não faço ideia de como ser apenas amiga dele sem querer beijá-lo.

 Já estávamos em dezembro e eu não precisava mais ir à escola, já que estava aprovada em todas as matérias, então tinha mais tempo livre para pensar e me acabar de chorar. Só que ao invés disso eu preferi começar a trabalhar temporariamente em uma livraria perto de onde eu morava, apenas para ganhar algum dinheiro e me distrair de todas as merdas que rondam a minha cabeça. Merdas? O que ronda a sua cabeça é aquele guitarrista e tudo o que ele te faz sentir. Meu subconsciente muito amigável fazia questão de me lembrar disso sempre que podia, o que na verdade era sempre.

 Eu já estava no final do expediente de uma quinta-feira bem agitada, algumas pessoas gostam realmente de ler e hoje foi um dia bem corrido aqui. Não consegui parar durante um segundo se quer para beber uma água que fosse, meu celular vibrou algumas vezes no meu bolso e como não tinha tempo parar ver quem ou o que era resolvi deixar para descobrir apenas quando estivesse saindo da livraria. Rapidamente deu 21horas e eu pude buscar minhas coisas e ir embora para a minha casa para conseguir descansar e dormir, o que já tinha virado rotina para mim durante esse tempo, eu não estava vivendo e sim sobrevivendo. Apenas levantava as 7 da manhã, tomava meu café, ia para a livraria e só saia de lá as 21 pronta para voltar para casa e com mais exatidão, voltar para a minha cama.

 Peguei meu celular para conferir se havia alguma mensagem de Helena ou da minha mãe, mas o que vi me surpreendeu muito mais. Não estava acreditando no que estava vendo e tive que ler três vezes antes de acreditar, meu coração havia parado e eu não sabia que era possível prender a respiração por tanto tempo até que notei que não estava respirando, mas logo voltei a ter controle sobre mim e sobre todos esses sentimentos que insistem em querer saírem, os quais eu não permito.

 Mensagem on.

Número desconhecido: Morena aqui é o Tom, estou falando só para o caso de você não ter anotado meu número em seu celular, o que acho que você não fez. Certo?

Número desconhecido: Eu estava pensando em toda a nossa conversa no dia do show e acho que não consigo ficar longe de você mais, e já que para ficar perto terei que ser apenas seu amigo eu aceito isso. Melhor ser seu amigo e te ter por perto do que continuar nessa situação de merda querendo te afastar de mim.

Número desconhecido: Espero que quando ler essas mensagens você me responda, apenas diga se ainda está de acordo em ser amiga desse guitarrista aqui.

Mensagem off. 

 Certo, eu não estava esperando por essa e como que ele conseguiu meu número? Helena, claro né! E novamente meu subconsciente estava certo, com certeza a Helena tinha dado meu número para ele aquele dia, com certeza falou para ele mandar mensagens e tenho medo de que ela tenha falado mais coisas do que deveria falar, ela sabe demais sobre os meus sentimentos pelo Tom. Mas ela não seria capaz de contar a ele, seria? Eu precisava respondê-lo, precisava dizer algo e esse garoto estava apenas confundindo a minha cabeça. Uma hora ele diz que não podemos ser amigos e na outra ele quer a minha amizade?!

Mensagem on.

Isabelly: Não acredito que a Helena te passou o meu número, espero que ela não tenha te enchido para mandar mensagens para mim. E não, eu não tinha salvado o seu número. Queria manter distância de você, mas por mais que eu tente não consigo.

Isabelly: E tudo bem, eu aceito ser sua amiga, guitarrista. Não aguento mais inventar desculpas ou motivos para fugir de você.

Mensagem off. 

 E eu não menti igual as outras vezes, eu realmente não estava mais aguentando toda aquela situação, não aguentava mais ficar o evitando ou fugindo dele. E mesmo que doesse olhar para ele e saber que teria que me contentar apenas com a sua amizade por mim tudo bem, eu só precisava dele perto de mim, precisava da paz e do fogo caloroso que apenas aquele guitarrista era capaz de me proporcionar.

 Assim que cheguei em casa vi que a Helena estava sentada na sala junto a minha mãe e as duas estavam rindo e conversando sobre algo que eu não fazia ideia, rapidamente me aproximei dela olhando diretamente para a Helena. Nós duas teríamos que conversar sobre o que ela falou com o Tom, isso se ela falou alguma coisa a ele. 

- Veio para dormir aqui, Lenny? - perguntei, me sentando perto de minha mãe. - Uma semana sem te ver e eu já estou morrendo de saudades.

- Claro amiga, você sabe que não suporto ficar sozinha naquela casa. - disse ela, seus pais estavam viajando a negócios e demorariam a voltar. - E é sempre bom passar um tempo aqui com você e com a tia.

- Se quiser pode ficar aqui enquanto seus pais não voltam, querida. - convidou a minha mãe e ela não poderia ter sugerido melhor coisa. - Você é sempre bem-vinda aqui.

- Tem certeza de que não teria problema? Não quero incomodar. - eu e minha mãe negamos e a mesma concordou em ficar aqui durante o tempo que os pais estão em viagem.

- Certo, agora vamos lá para cima. Temos muito o que conversar mocinha. - disse rindo e logo nós duas subimos para o meu quarto.

 Eu precisava saber o que ela tinha conversado com o Tom aquele dia, mas antes de tudo precisava tomar um banho e me trocar e foi exatamente o que eu fiz. Além de deixar a água levar todo aquele dia extremamente cansativo e exausto que eu tive eu precisava pensar bem no que eu ia dizer e o que eu estava pronta para saber sobre sua conversa com o garoto, isso é se eu estava realmente pronta para saber. Assim que terminei, fui para o meu quarto e a encontrei deitada em minha cama me encarando.

- Certo, pode começar a falar. - falei penteando o meu cabelo e vendo a confusão em seu rosto. - O que você falou para o Tom aquele dia do show e por que diabos deu meu número para ele?

- Só falei que vocês precisavam resolver toda essa merda que está acontecendo entre os dois e que era para ele dar o primeiro passo, já que você é uma teimosa horrível. - confirmou ela me olhando séria. - Não contei sobre seus sentimentos nem nada, acho que isso quem tem que contar é você, resolver essa guerra interna que você anda travando consigo mesma sobre o que é certo e o que é preciso fazer.

- Eu sei o que você pensa sobre isso e acredite eu queria que fosse fácil de resolver assim como parece ser. - falei a olhando, eu sabia onde aquela conversa ia chegar. - E nós concordamos em sermos apenas amigos, nada mais que isso.

- Você que gosta de complicar algo que é fácil Isabelly. - se ela pudesse daria um tapa na minha cara agora. - E sabe o que você tem que fazer? Terminar logo com esse babaca do Liam e ficar com quem realmente vai te fazer feliz.

- Não vou terminar com o Liam, Helena. Não sem um bom motivo para isso. - falei revirando os olhos. - E chega dessa conversa.

- Ele ser um babaca já não é um bom motivo? - disse ela rindo, apenas me deitei em minha cama pronta para ignorá-la. - Certo, mas não esqueça o que estou te falando você só vai ser feliz e acabar com todo esse sofrimento de merda quando resolver entender que seu lugar é ao lado do Tom e não do Liam.

 E logo em seguida ela se deitou também, apagando a luz e dormindo rapidamente. Eu demorei mais tempo do que imaginei que seria possível para dormir, não conseguia parar de pensar em tudo o que a Helena tinha acabado de falar para mim e sabia que ela estava certa. Sabia que se eu continuasse com o Liam eu continuaria me afundando em uma tristeza sem fim e não sei se conseguiria sair dela, essa merda me levaria além do fundo do poço e ninguém conseguiria me salvar. Horas depois consegui dormir e sonhar com um mundo onde não haveria tristeza nem dor para mim, apenas eu e meu guitarrista vivendo nele e sem ninguém no meio de nós.

Um guitarrista na minha vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora