i trust you

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Yeonjun estava triste naquele dia e a única coisa que podia confortá-lo era a música alta em seu fone de ouvido enquanto ia para a faculdade. Ele não conseguia entender o fato de mesmo morando sozinho, seus pais ainda o importunavam. Quando eles descobriram que Yeonjun era gay resultou em uma chamada de 50 minutos por parte de sua mãe e um bloqueado no Kakao de seu pai.

Dessa vez haviam descoberto que o garoto praticava a doutrina satanista ateísta. Ouviu horrores sobre ele ser do demônio e sobre estar possuído. Não conseguia nem explicar que não acredita no diabo e acredita que Satã é uma energia necessária para o ser humano que demonstra luz, conhecimento, crescimento individual e auto-aperfeiçoamento. Ele não conseguia explicar nada porque primeiro: sua mãe não entenderia; segundo: as palavras que ela usava o deixava triste e sem forças para debater.

A vida era uma merda e seus pais estavam lá para lembrar disso.

— E aí Jun!

— Junnie!

Ele vê seus amigos, Taehyun, Soobin e Huening Kai o cumprimentarem. Além da música, seus amigos conseguiam o tirar de um humor horrível pela manhã.

— Oi gente! — Ele colocou um sorriso em seu rosto e se forçou a esquecer tudo aquilo. — Novidades?

— Nada, só que o Kai é um viado fã de diva pop! — Ditou Taehyun.

— Cara, eu já disse que não tenho nada contra o Harry Styles. Só acho que ele não mereceu aquele Grammy! — Se defendeu o mais novo.

— Eu não sei mais o que fazer, hyung. Controla eles. — Soobin disse com olhar de socorro para Yeonjun.

— Gente, esse tipo de discussão só existe no Twitter. — O mais velho se pronunciou e os mais novos continuaram a brigar.

Yeonjun estava aéreo, suas músicas favoritas ainda tocavam em seu fone. Até que avistou o garoto que havia dado em cima até ontem o chamando.

Ué, o que ele quer?

Ele ficou surpreso com a conversa. O garoto realmente estava chamando ele para sair? Bom, não iria reclamar. Havia se interessado no garoto só que de verdade dessa vez. Não seria uma má ideia sair com ele.

Instagram DM

@.yawnzzn: Olá! Tudo bem?

@.yawnzzn: Você quer escolher o lugar?

eu
Oii!
Eu pensei em um cinema

@.yawnzzn: Parece ótimo! Eu posso te levar a outro lugar também depois

eu
Que lugar?

@yawnzzn: Segredo hehe
@.yawnzzn: Mas é um lugar legal, você vai gostar

eu
Espero que sim kkkk

Era estranho para Beomgyu conversar com outro garoto com outras intenções. Se sentia pecador; mas livre.

O relógio marcava cinco da tarde e Choi tratou de se arrumar. Seu incômodo permanecia, mas ele cuidaria de sua culpa cristã depois. O que se passava em sua cabeça era: "meu pecado é justificável.".

Mãe, vou na casa do Kai, ok? — Beomgyu resolveu mentir - algo que tinha muito medo de fazer contra seus pais - usando o nome de seu primo. Ele era seu primo mais próximo e sabia que poderia contar com ele, mas definitivamente não conseguiria falar sobre suas suspeitas profundas.

— Não volte tarde, filho. — A senhora Choi se distraiu por um tempo do jantar que estava fazendo e beijou a testa do filho. — Que Deus te leve em paz e segurança. Ah, e não esqueça de me mandar mensagem lá, viu? Mamãe fica preocupada.

— Mãe eu tenho 19 anos. — Ele ri com o senso de proteção de sua mãe que era mantido desde sempre. — Mas pode deixar, ok?

Ele se despediu de sua mãe e resolveu andar de sua casa até a esquina. Ele combinou com Yeonjun para ele o buscar na esquina de sua casa por volta das sete da noite. Ninguém poderia suspeitar que estava saindo com outro homem.

E assim ocorreu.

— Oi, gatinho! — Yeonjun o avistou e, do banco do motorista, conseguiu abrir a porta que levava ao banco do passageiro.

— Oi! Tudo bem? — Beomgyu sorriu tímido e entrou no carro, antes de fechar a porta.

— Tudo sim. — Ele sorri e morde os lábios, aparentemente meio nervoso. O mais novo ainda não tinha visto essa versão do Yeonjun. — Você está muito bonito, sabia?

— E-eu? — Seu rosto havia corado e abaixou a cabeça sorrindo timidamente. — Você também tá muito bonito, Yeonjun.

— Pode me chamar de Jun se quiser. — Umedeceu os lábios, destacando seu piercing na boca. Eles foram guiados pelo carro e o silêncio se tornou presente por alguns minutos. Beomgyu estava nervoso, mas algo nele sabia que aquilo era o certo. Se permitir sentir, não é? Era isso que estava tentando fazer.

— Você é cristão? — O Choi mais velho quebrou o silêncio.

— Sou sim. — Sorriu fraco e concordou com a cabeça.

— Eu imaginei. — Ele sorriu e respirou fundo. — Você acha que Deus te proíbe de se relacionar com outro homem?

— B-bom... Eu não queria que fosse assim. — Engoliu em seco.

— Eu só acho que... Deus nunca mudou por ninguém, não importa quantas vezes você leia a Bíblia você não vai encontrar. Por que você mudaria por ele?

— É complicado, Jun. Eu fui criado assim, não tenho muito direito de questionar.

— Achei que tivessem livre arbítrio. — Disse simplista enquanto ainda estava concentrado na estrada.

— A gente tem.

— Então por que você se sente proibido de viver um amor com a pessoa que quiser?

— É que... — Tentou buscar respostas em sua mente, mas parecia impossível.

— Vocês vão pro inferno? — Adivinhou Choi. — Então vocês não são livres.

— Meus pais ficariam loucos em ouvir isso... — O mais novo ri fraco. — Mas talvez você tenha razão. Eu só não sei como argumentar a chuva de passagens bíblicas que vão cuspir em mim quando descobrirem isso sobre mim.

— Pra que argumentar? — Aproveitou que havia parado num sinal vermelho e olhou para o garoto visivelmente pensativo. — Em toda a existência da Igreja, o objetivo sempre foi Papas ricos pregando em se sacrificar na Terra para alcançar os prazeres no céu. Mas, Beomgyu, a gente tá na terra agora. Os prazeres não precisam ser adiados.

O semáforo marcou verde e assim Yeonjun continuou seguindo com o olhar na estrada.

— Só espero que você não sacrifique um sentimento genuíno seu por um livro mal traduzido.

Os dois continuaram o assunto. E parecia que tudo que o mais velho falava o confortava. Talvez ele não esteja tão errado assim. Mas ainda sentia medo...

Medo de Deus.

— Chegamos. — Anunciou o azulado assim que estacionou. — Vamos esquecer isso um pouco. Estamos num encontro não é? Vou fazer o possível pra ser divertido pra você.

— Tudo bem. — Sorriu levando o olhar até o de cabelos azuis.— Eu confio em você.

Tentação | Beomjun ( cyj + cbg )Onde histórias criam vida. Descubra agora