liking boys

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— Você promete não contar pra ninguém? — Questionou Beomgyu apreensivo.

— Eu já prometi trezentas vezes, Gyu! — Respondeu Huening impaciente. Eles estavam no pátio da faculdade e ainda restavam alguns minutos para o começo das aulas.

—E-eu... Acho que eu possa estar gostando de meninos.

— Gostando de meninos? — O mais novo arregalou os olhos.

— Não fala pra ninguém, por favor.

— Nunca, primo! Mas como você descobriu?

— Então... — Seus olhos corriam pelo pátio até encontrar com Yeonjun batendo papo com Taehyun. Suas bochechas coraram imediatamente.

— Yeonjun?

— Sim.

Huening realmente conhecia o primo que tinha.

— Sabia. — Riu. — Você tá a fim dele?

— Não sei, ele tá infernizando meus pensamentos. — Suspirou.

— É assim que começa, hyung. Depois você começa a aceitar.

— Como ass-

— Eu sou gay. — Interrompeu. — Me assumi pros meus pais e eles mantêm isso em segredo à sete chaves desde ano passado.

— Uau... isso é muita coincidência. Mas pelo menos eu não estou sozinho. — Sorriu aliviado.

— Eu vou sempre estar aqui pra te apoiar nesse momento de descoberta, Gyu. Vou até te ajudar a esconder esse amor proibido.

— Para! Não é pra tanto. — Riu envergonhado.

Finalmente Beomgyu tinha alguém para se apoiar e entender suas questões. Admitir que gostava de garotos ainda era uma dificuldade, mas o apoio que estava recebendo era o suficiente.

A culpa cristã invadia sua mente todas as vezes que lembrava de algo religioso. A possibilidade de estar decepcionando Deus o deixava ansioso e com sentimento de culpa.

Eram pensamentos que iam e voltavam. Tentava de todas as formas parar de pensar nisso e só deixar levar. Afinal, não era como se ele e Yeonjun fossem casar. Talvez seu sentimento estranho fosse embora assim que Yeonjun fosse também, mas queria que fosse naturalmente e não tinha pressa.

Era tudo muito estranho, do nada um garoto extremamente lindo começou a tirá-lo da paz. Talvez seria blasfêmia pensar que a tentação que Jesus havia sofrido no deserto não chegaria perto da que ele estava sofrendo, então preferiu tentar controlar seus pensamentos. Mas de fato Yeonjun era o garoto dos sonhos, ninguém ousaria dizer o contrário. Além de ser estiloso, descolado e bem atirado, também tirava as melhores notas no curso de Artes Visuais. Era lindo e inteligente, diga agora como raios Beomgyu não dançaria na palma de Yeonjun como um bobo da corte?

Beomgyu pensou e pensou, da faculdade até sua casa. Yeonjun era uma pessoa difícil de sair dos pensamentos.

— Oi filho! O jantar está quase pronto. — Assim que chegou foi para a cozinha e encontrou sua mãe lá.

— Oi mãe! Como vai? — Cumprimentou a mulher mesmo com seus pensamentos longe.

— Vou bem, querido. Como foi na faculdade?

— Ah, o mesmo de sempre. — Riu. — A mesma dificuldade da faculdade de letras.

— Você deve estar cansado.

— E estou. — Ele concordou e o ambiente ficou em silêncio por alguns segundos. — Mãe.

— Sim?

— Posso falar algo pra senhora? Um amigo meu me pediu um conselho mas não tenho o que dizer.

— Claro, Gyu! Pode falar.

— Bom... ele recentemente se descobriu gay, sabe? — Engoliu em seco. Era a primeira vez que havia entrado naquele assunto. — E a família dele é bem cristã. Ele tem medo de como ficaria a relação dele com os pais se eles descobrissem.

— Ai filho, você sabe minha opinião. — Disse com o tom leve, porém seguro. — Isso seria uma decepção para qualquer família de valores cristãos. Seria pedir demais que a família dele o aceitasse assim, isso é abominável aos olhos de Deus.

— A-ah... verdade. — Seu coração acelerava cada vez mais e sentiu vontade de chorar quando percebeu que seus pais nunca o aceitariam.

Ele amava sua família, mas de todas as pessoas do mundo por que raios Deus o criou justamente um menino que gosta de meninos numa família de cristãos? E principalmente, por que aquilo parecia tão errado? Quando estava pensando sozinho sobre isso, sua cabeça o convencia de que aquilo era o certo a se fazer: se conhecer e se descobrir; mas quando escutava alguém da igreja falar sobre aquilo, as palavras serviam como um chicote que serviam para ele acordar pra vida e estranhamente essas palavras conseguiam ser manipuladoras. Beomgyu não conseguia não acreditar nas palavras de sua mãe. A forma como sua mãe havia dito parecia o pior pecado que alguém poderia cometer. Suas opiniões eram manipuláveis, não sabia se oprimia seus maiores sentimentos em nome de uma fé maior (como sua mãe quer e como parecia ser o correto) ou simplesmente chutar o balde e vivenciar sua sexualidade (como ele quer é parecia muito, muito errado).

Ele subiu para o quarto pensativo, pensando em como gostaria de martelar sua cabeça até os pensamentos sumirem. Pensou tanto, mas tanto que sua cabeça latejava e precisou tomar um remédio pra dor.

O motivo de seus pensamentos resolveu aparecer.

@.yawnzzn: Oi gatinho! a fim de sair hoje?

Ele pensou por alguns minutos se respondia. Não seria uma má ideia, até porque o que lhe distraia dos seus pensamentos era o próprio motivo deles. Resolveu que iria e respondeu Yeonjun rapidamente.

Era um risco sair mais uma vez com ele, mas quem liga para as consequências nesse momento?

— Mãe, pai! Vou pra casa de um amigo meu terminar um trabalho, ok?

— Mas filho, você não quer nem jantar? — Seu pai se pronunciou.

— Ele vai pedir comida pra gente, pai. Vai ser rapidinho, só. Eu já volto.

Ele se sentia mal em mentir para seus pais, mas Yeonjun fazia ele ser capaz de tudo. Ele não admitia super bem seus sentimentos mas uma coisa era clara, Yeonjun tinha um poder muito forte sobre ele.

O carro de Yeonjun encostou e depois de se despedir dos pais, Beomgyu se encontrava no banco do passageiro.

— Boa noite, Hyung.

— Boa noite, gatinho. Estava com saudades de sair com você.

— Eu confesso que... Eu também. — Riu ao admitir.

— Ah, gatinho... Logo logo a sua culpa cristã vai acabar de vez e eu vou estar aqui com você pra te mostrar o quanto é maravilhoso se libertar e sentir prazer por quem quiser.

Tentação | Beomjun ( cyj + cbg )Onde histórias criam vida. Descubra agora