— Yeonjun, seu bobo! — Riu em meio ao ato de Yeonjun de sujar seu rosto com sorvete. Estavam numa sorveteria, a melhor da cidade na opinião de Yeonjun.
— Eu posso dar um beijinho pra limpar. — Provocou.
— Muito engraçadinho você, né? — Pegou um guardanapo e limpou.
— Eu? — Sorriu de canto e o surpreendeu com um beijo na bochecha. — Não, só queria dar um beijo mesmo.
— Nossa, mas é um bobão, mesmo. — Riu e sentiu suas bochechas esquentarem.
— E não é que você ficou vermelho mesmo? Isso fui eu?
— Eu não vou responder.
— Tudo bem. — Yeonjun segurou sua risada com todas as forças.
Ali estavam, não exatamente trocando beijos, mas trocando sorrisos. A companhia de Yeonjun confortava Beomgyu, mas seria besteira dizer que estava se apaixonando não é? Nem estava desapegado totalmente da religiosidade doentia em que foi criado, quem dirá admitir uma paixão impossível por um garoto. Por um garoto gentil, fofo, lindo e... extremamente namorável; puta que pariu, Beomgyu, você está se apaixonando.
— Mentira que você ouve Taylor Swift! — Exclamou Beomgyu. Depois de conversarem sobre tudo, havia algo que conseguia os conectar ainda mais. Yeonjun havia feito uma referência a um álbum da Taylor Swift e Beomgyu conseguiu engatar em mais um assunto em comum.
— Lógico que ouço! — Disse se animando com mais algo em comum que os dois tinham.
— Bem que você parecia um cara meio Gorgeous. — Riu fazendo referência a uma música.
— "Não há nada que eu odeie mais do que o que não posso ter. Você é tão lindo que me deixa tão bravo"? — Riu de volta ao dizer a tradução.
— Isso mesmo.
Yeonjun tinha um papo muito bom, talvez seja esse o grande motivo de se entregar à essa tentação tão fácil; tão doce. Por algum motivo que nem Deus consegue explicar bem, Yeonjun fazia todo aquele desejo pecaminoso virar a coisa mais certa do mundo inteiro. E pela primeira vez, Beomgyu se sentiu confortável em questionar.
Por que ele teria que esconder isso? Por que aquele sentimento deveria ser acompanhado de uma culpa? Por que os seus olhos brilhavam mais do que todas as estrelas quando lembrava do seu tipo ideal e associava tudo aquilo ao Choi?
Ele pediria muito perdão a Deus pelo que iria fazer, mas seu subconsciente apoiava tudo o que fazia. Não parecia errado, muito pelo contrário, Yeonjun naquele momento era mais certo do que todos os dogmas cristãos que já havia aprendido em toda sua vida.
Sua mão se encontrou com delicadeza o pescoço do maior; poupou enrolar tanto – para não se arrepender – e assim conseguiu puxá-lo e surpreendê-lo com um beijo. Um beijo aliviado, sem culpa; um beijo que fazia Beomgyu encontrar com seu outro eu.
Ah, como sua mente estava atrasada! Seu subconsciente não agiria com surpresa; nem em suas mais profundas orações, Beomgyu realmente visitava seu não-consciente. Até porque se conseguisse visitar saberia da sua vontade há tempos.
Yeonjun retribuiu o beijo com o mesmo desejo do menor, ambos estavam experimentando e conhecendo um ao outro. Era engraçado saber que o choi maior não era aquele garoto que flerta com todo mundo e foge de compromisso; na verdade ele tinha mais qualidades observáveis do que defeitos até então. E principalmente, tinha muito a ver com o menor.
— Uau... — Foi a primeira palavra que Yeonjun proferiu depois do beijo terminar.
— E-eu... Precisava saber o que eu sentiria ao te beijar. — Disse com as bochechas rosadas. — Eu senti borboletas na barriga.
•
— Você beijou ele? Mentira! — Reagiu Kai do outro lado da linha.
— É verdade. — Riu abobado lembrando da cena e dos olhares meio bestas que eles trocaram depois do beijo. — Ai, eu não sei o que fazer, cansei de não admitir que me interesso por ele mas não posso decepcionar meus pais.
— Meu anjo, você já tá na casa dos 20. Seus pais não podem fazer nada pra te impedir.
— E-eu sei mas...
— Mas nada, é horrível se privar de coisas por causa dos pais. Já passei diversas vezes por cima da vontade dos meus, eu já sou um adulto.
— Acho que preciso pensar. — Olhou a hora no relógio do celular. — Já ta tarde, amanhã a gente se fala.
— Juízo, viu primo? Boa noite e dorme bem.
— Boa noite, Hyuka. — Desligou a ligação.
Talvez Kai esteja certo, Beomgyu é um homem adulto e na faculdade. Daqui a alguns semestres ele se forma e não vai precisar deles pra vida toda. Mas também teria que prepará-los antes de jogar a bomba "sou gay" que toda família teme.
Chega de pensamentos. Dessa vez ele foi dormir tranquilamente, pensando naquele beijo, naquele sorriso, naquele olhar. Teria que agradecer o mais velho por ser o responsável de um sono regulado novamente.
No dia seguinte, ele repetiu sua rotina de sempre. Estava tomando café, quando sua mãe chegou na cozinha bastante desconfiada.
Ele pensava que poderia ser qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Torceria até pra ser uma besteira que deixou sua mãe contrariada consigo. Qualquer coisa seria melhor de lidar.
— Bom dia, mãe.
Ela ficou em silêncio, enquanto transferia um pouco de café para uma xícara. Beomgyu se preocupou um pouco mais dessa vez, não parecia uma besteira.
— Mãe? A senhora está calada, o que aconteceu?
Silêncio mais uma vez.
Parecia algo sério, a julgar pela sua expressão que estava sendo de desconfiança e raiva ao mesmo tempo. Mas como não poderia forcá-la a contar o que havia acontecido, preferiu ignorar e andar em direção à sala para enfim começar seu caminho de sempre para a faculdade.
E quando ousou colocar seu primeiro pé para fora da cozinha, ouviu sua mãe dizer uma frase que fez seu coração disparar e uma lágrima teimosa cair pelo seu rosto.
— Você não cansa mesmo de me decepcionar, Choi Beomgyu.
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Tentação | Beomjun ( cyj + cbg )
Fanfiction(CONCLUÍDA) Beomgyu nasceu em um lar extremamente religioso. Ele planejava conhecer alguma garota cristã, casar e ter filhos. Até que um garoto da faculdade faz seus planos irem por água a baixo quando começa a dar em cima dele. Que a Bíblia dizia...