Capítulo Seis: Amor & Morte

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Ouvia-se o farfalhar das folhas numa brisa suave de verão. Eu conseguia enxergar um céu azul, repleto de pequenas nuvens brancas, entre os galhos da árvore. Protegido sob sua sombra, deitava-me na relva e olhava para cima.

Suspirei. Meu respirar era profundo. Estava tranquilo e, quando enchia meus pulmões, sentia um peso sobre meu peito. O peso mais leve que existe: o do corpo de minha amada.

Sorri. Era hora de sorrir. O peito de Sophiei crescia junto do meu. Eu sentia nossos corações batendo juntos. Ela dormia em paz, e isso me apaziguava. Sua cabeça, envolta em cabelos cacheados, amaciava a pressão. E ali, aconchegada em meu esterno, deixava ambos de nós bem. Seus braços cingiam meu tronco, e seu corpo se colava ao meu.

Era ótimo.

Comecei a fazer um cafuné nela. Foi erguendo a face aos poucos.

-É tarde?-Voz rouca, grave e sonolenta.

-Ainda há tempo.

-Que bom!

Fitou o fundo de meus olhos. Cessei o carinho. Havia algo em seu semblante que era intenso e indistinguível. Ela levantou o corpo de uma vez, juntando seus lábios nos meus.

Sua boca envolveu a minha totalmente. Era quente e úmida. Primeiro, esbugalhei os olhos. Depois, fechei-os aos poucos. Mantive minha mão em sua nuca, acariciando seus cabelos. Só nos separamos quando faltou ar.

E se minhas memórias soam muito detalhadas para um beijo...Saiba que foi nosso primeiro.

Sophiei encostou a cabeça em meu peito de novo, mas continuou me olhando.

-Você...-Sussurrou.

-O quê?

-Gostou?

-O que você acha?

-Hmpf...Essa é uma resposta horrível!

Eu sorri e ela sorriu de volta. A comunicação não verbal era mais eficiente.

Logo, passei a mão por seu queixo e toquei seus lábios com meu polegar.

-Eu te amo. Sabia?- Perguntei com voz firme.

-Acho que você já disse isso uma ou duas vezes...

-Ha! É porque é verdade!

-Estou insatisfeita.

Ergui meu tronco.

-P-Por quê!?-Balbuciei.

-Fernando...Precisamos vir aqui...No meio do NADA...Só para namorar...

-Nada!?- Olhei em volta. Uma borboleta sobrevoava um dente de leão.- Mas que nada produtivo!

-"Nada gera nada",¹ Sales!-Torceu o lábio.

Senti uma pontada no peito.

-Hey! As pessoas não podem saber, querida...

-Por que não!? Do que tens medo!? De QUEM tens medo, Fernando!?

Engoli seco e rolei os olhos.

-Não sejamos promíscuos, ok?

-Já faz um ano, Sales! UM ANO!

Era a tarde do dia primeiro de Março de 1850, fazendo de sua afirmação surpreendentemente precisa.

-Eu só estou preocupado, Sophiei...

-Por quê!?

-Você já teve um début, sabe?

-Ahm...E?

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