Capítulo Oito

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Damian's POV

Apoiei minha luva branca na grama, ficando perfeitamente agachado.

Olhei pra frente.

O linebacker sorriu maliciosamente.

Eu conseguia ouvir minha respiração contra a grade do capacete, e sentir o suor frio escorrer contra minha testa.

Baixei minha cabeça.

"Droga", meu único pensamento.

Não me sentia tão nervoso em um bom tempo.

O juiz apitou. Corri pra esquerda, sabendo que o defensor em frente já tinha os braços abertos pra me agarrar. Girei pro lado oposto, driblando, e continuei correndo.

Corri mais um pouco, já olhado por cima do ombro.

Fiz contato visual com Ryan, nosso quarterback. Lançou de prima.

Dei um pulinho para agarrar no ar.

Continuei correndo.

Só então vi o defensor na minha cara, que passou os braços em torno dos meus, travou no chão, e me jogou pra trás.

Ippon?

Apitaram.

Os adversários se cumprimentaram.

"Ai!", soquei minha coxa pra me distrair da dor em minhas costas e me levantei de uma vez, retomando minha posição.

Cheguei bem próximo de Ryan.

-Boa, doze jardas!-Toquei com ele.-6, Desvio!

Ele concordou com a cabeça, já se posicionado para tal.

Quando o juiz apitou, ele correu pela minha frente, atraindo a atenção do defensor que me marcava.

Aproveitei o buraco e corri. Corri e corri.

Olhei pra trás. Ryan mantinha a bola.

Me viu. Lançou alto pra caralho.

Ele passou por cima das cabeças, minha e do cara que tava na minha cola, e veio cair no meu colo. Me joguei, peito primeiro, deslizando deitado pelo chão da Endzone.

Todos comemoravamos: Touchdown!

Jackson, o 6, veio me abraçar, enquanto eu acenava pra arquibancada. Faltava energia pra comemoração.

Passei os olhos pelo estádio todo. Vi Gabrielle.

Baixei o olhar e gritei de volta pra minha posição.

***

Conforme o jogo progredia, eu ficava mais distraído, e cometia mais erros. Parecia que tinha algo pesando em mim.

O clássico. Em casa. Eu falhando e todos vendo.

Meus pais. Meus colegas. Até minha ex.

Até que o Ryan mandou um passe lindo pra mim, e eu deixei passar direto, de forma que o defensor pegou. Não consegui para-lo, e levamos o turnover.

O professor me chamou pro banco.

Sentei de cabeça baixa.

Tomei um gole de água, e deixei ela escorrer pelo rosto.

Tentei recuperar o fôlego.

Depois de alguns segundos olhando o jogo, o professor virou pra mim.

-O que tava acontecendo lá fora, hein meu filho!?-Deu uma batidinha com a prancheta no meu capacete.

Sensação SazonalOnde histórias criam vida. Descubra agora