O homem adentrou como a um furacão o estacionamento do pequeno prédio.
Sua irritação era palpável, mas seu desespero era ainda maior.Seu coração gritava que algo estava errado, no entanto ele gostaria de acreditar que era apenas uma brincadeira de mal gosto.
O amor que pensou ser para sempre havia desaparecido sem nem mesmo lhe dizer o motivo.
Não conseguia entender o motivo da mulher ao abandona-lo naquele lugar e seguir sozinha a outro país, sem dizer uma palavra sequer.Seus olhos percoreram o vasto quintal após bater a porta de seu carro com força.
Aquele lugar havia sido construído como sua base particular, mas naquele momento era a única opção para salvar a vida de uma mulher.Não conseguia entender como amava Ayla pelo mesmo motivo que não suportava Alice.
Caminhou em direção ao corredor lateral, seguindo em direção ao quintal dos fundos, onde era a saída da cozinha.
Observou com atenção o corpo distante, vestido apenas com um robe bege, sentado solitário em um banco.— É perigoso ficar aqui, entre.— o comandante soou sem paciência, chamando a atenção da mulher.
No entanto, Alice não se moveu, permanecendo em silêncio, encarando o céu estrelado.
Irritado, Davin aproximou-se, notando a mulher trêmula, com os fone nos ouvidos.
Colocou-se ao lado de Alice e respirou fundo, voltando os olhos para onde a mulher olhava.
Suspirou alto ao notar a lua brilhante.— Ela saiu do país, não é?— a voz de Alice soou junto a um soluço, enquanto enxugava as lágrimas com pressa.
Os olhos do comandante voltaram-se para a mulher, melancólica a seu lado.
Sentia seus ossos doerem quando via Alice chorar.
Por mais que apenas suportasse a mulher por conta de seu trabalho, vê-la passar por tantos ataques, fazia uma pequena parte de seu coração se compadecer dela.— Saiu. Você tem noção de onde ela possa estar?— a voz de Davin soou como a um suspiro distante.
Cansada, Alice retirou os fones de seu ouvido, encolhendo as pernas sobre o banco, abraçando seus joelhos.
— Ela faz isso dês de os dezoito anos. Ninguém sabe pra onde ela vai. Ela apenas avisa meu pai e simplesmente desaparece.— a morena resmunga, sentindo mais lágrimas caírem por seu rosto. — Sobre hoje mais cedo. Não fiz isso por você. Nem por mim. Fiz pelo pelotão 20. Nenhum deles devem sofrer por minha causa.— Alice murmurou, sentindo o frio atingir seu corpo.
Um bufar alto soou por entre os lábios do comandante, que apoiou ambas as mãos na cintura, lembrando-se da situação aquela manhã.
— Não quero falar disso agora. Não estou com cabeça pra isso!— Davin praguejou, voltando os olhos para a mulher, ainda sentada.
— Mas eu quero, comandante Adams. Não me interessa o que minha irmã fez ou deixou de fazer pra você ficar dessa forma, mas espero que seja profissional quanto a isso. Vamos nos casar por conveniência, para finalizar os ataques rebeldes e previnir seu pelotão de sofrer ainda mais me protegendo. Vou pegar seu nome emprestado por um ano, finalizar a maldita eleição e me divorcia de você. Então será livre pra fazer o que quiser, inclusive voltar a correr atrás de Ayla, mas enquanto seu nome ainda tiver junto ao meu, você honrará sua palavra e não traíra minha confiança.— a morena explicou, encostando o queixo sobre os joelhos, sentindo mais uma onda de lágrimas surgir.
Já se passava da meia noite e mal conseguia pregar o olho.
Tinha medo de dormir e sonhar novamente.
A memória fresca de Davin baleado em sua mente a atormentava.— Não posso fazer isso. Não posso me casar com você. Nem se o papa me pedisse.— Davin cerrou os dentes irritado, virando-se para a mulher.
Alice levantou-se do banco, encarando o homem com certa presunção, olhando-o de baixo.
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Coração Gelado
Short StoryDavin, capitão do maior grupo de segurança de alto escalão de seu país, é enviado para a capital para certificar a segurança da primogênita do presidente após um golpe político. Após um caso de quase um ano com a irmã daquela que deveria proteger, n...