O dia mal começou e já está sendo uma longa manhã...— Léo, vamos.
— Não. - Respondeu balançando a cabeça freneticamente.
— O desenho acabou, você precisa tomar banho para a gente ir na casa do Igor!
— Não, ei não é.
— Léo, você quer comer? - Pergunto sem muitas opções.
— Ei não é. - Repetiu a mesma frase fazendo uma cara emburrada.
Esse era o começo de uma longa manhã de choros e gritos. Léo diferente de outras crianças, não sabe se comunicar tão bem e ser compreendido, por isso muitas vezes fica agressivo.
— O que quer fazer? - Minha pergunta é em vão pois não obtenho resposta. - Léo...
— Não! - Fala me interrompendo e balançando a cabeça.
Agora meu filho está parecendo um emoji de raiva, com o rostinho vermelho, o primeiro passo para começar a gritar. E, como Léo grita.
— Ele não o que? - Pergunto tentando soar o mais calma possível.
— Ei não é...
— Ele não é o que?
— Ei não é...Léo. - Isso foi muito difícil, mas ele finalmente se fez entender.
— Você não é Léo?
— Sim.
Como? Fico uns segundos tentando raciocinar o que meu filho acabará de falar e não encontro explicações.
— Como é seu nome Léo?
— Ei não Léo, cainha. - Ele respondeu me deixando imóvel por um tempo tentando absorver.
— Carinha? - Ele fez que sim com a cabeça triunfante.
Cainha! Ai meu Deus!! Luiza chamou Léo de carinha e ele está repetindo isso. Mesmo ela sendo uma boa pessoa não sei o que pensar sobre isso.
Depois de muita insistência consegui fazer ele tomar banho e logo em seguida saímos de casa, o coloquei no carro e dei partida para a casa de Igor. Devido ao trânsito, demorei uns 30 minutos para chegar. Descemos do carro e toquei o interfone que logo atendeu e abriu o portão pra mim.
— Oi Tina. - Igor disse ao abrir a porta e veio ao meu encontro.
— Oi, tudo bem?
— Tudo sim e você? Ei Léo. - Igor disse se abaixando na altura do meu filho.
— Léo nã, cainha. - Ele disse e Igor franziu a testa me olhando.
— Carinha, agora ele está com isso de carinha acho que por causa da Luiza.
— Ah sim, então é carinha! - Ele disse sorrindo passando a mão nos cabelos do meu filho. - Vem, vamos entrar. - Nós três adentramos na casa e me sentei no sofá.
— Aqui pra você brincar. - Igor pegou os dois carrinhos que ela havia comprado e deixou ali para Léo. Meu filho se sentou no tapete e começou a brincar com um dos carrinhos. Igor tinha preparado uns petiscos e suco para nós e deixado na mesinha de centro.
— E aí como você está se sentindo? Como está sendo as consultas? - Me perguntou encostando seu ombro no sofá.
— Então, estamos na reta final, é bem cansativo, mas já me acostumei, agora só falta mais uma consulta. - Respondi depois beber meu suco.
— Ah sim, fico feliz por você, se conhecendo melhor, você pode ajudar o Léo ainda mais.
— Cainha! - Léo falou um pouco mais alto chamando nossa atenção para ele.
— Pronto, agora ele vai querer que o chame apenas por carinha - O que a Luiza fez meu Deus? Igor me olhou rindo. - Qual a graça?
— Nenhuma, parece que o Léo gostou mesmo da Luiza.
— Acho que é meio difícil não gostar da Luiza. - Falei sem pensar e me arrependi no mesmo segundo.
— Como? Você está gostando da sua neuropsicóloga? - perguntou animada
— Não, cla-ro que não. - Respondi tentando disfarçar o nervoso e falhei miseravelmente e vi Igor segurar o riso.
— Vai Tina, pode falar, sou seu irmão. - Ele pediu e eu respirei fundo.
— Tá, eu acho ela linda, talvez linda seja pouco pra ela, deusa define melhor. Ela é atenciosa e prestativa, consegue me ajudar de uma maneira...- Falei sem segurar o riso nessa altura do campeonato.
— Você não gosta dela, você está é apaixonada por ela.
— Claro que não, de onde tirou isso?
— Da sua cara e o sorrisinho trouxa ao falar dela, eu te conheço. - disse divertido fazendo com que eu sentisse meu rosto esquentar e provavelmente eu estava mais vermelha que um pimentão
— Mudando de assunto, o Léo chamou ela pelo nome, fiquei surpresa.
— Do nada?
— A gente estava no ponto de ônibus e de repente ele falou "Lu" e ela estava dentro do carro do outro lado da rua. Então ela nos convidou para almoçar e eu fiquei perplexa com o meu filho interagindo com ela durante o caminho.
— E como foi no almoço?
— Bom, falei um pouco sobre o meu trabalho e conversamos também sobre filmes, foi agradável, parece que com a Luiza as coisas ficam mais leves sabe? Eu não sei explicar.
— Aham, entendo. - Ele falou sorrindo de orelha a orelha.
— Bom, nosso almoço terminou com ela me dando uma flor, um rapaz passou vendendo e ela comprou uma pra mim.
— Awn que fofo, eu shippo.
— Igor! - A repreendi.
— Ué, não posso?
— Mesmo que eu gostasse, não vai acontecer, eu sou paciente dela.
— Como tem tanta certeza?
— Não sei, só acho.
— Tenta descobrir.
— Como?
— Se declarando pra ela.
— Nunca, jamais vai existir essa probabilidade.
— Prefere guardar pra você e ficar se martirizando sem saber se é recíproco?
— Não é recíproco. - Falei tentando afastar o pensamento da minha cabeça.
— Tina já faz tempo que você não sai com ninguém, tenta se permitir a Boazuda parece ser bem legal.
— Boazuda? - perguntei confusa
— Só pelo que você me falou a Luiza é uma verdadeira Deusa Boazuda. - disse rindo
— Pode parar, não sou boa em relacionamentos, só é melhor deixar quieto.
— Vamos jantar? Depois você me conta mais sobre a Luiza. - Falou o nome Luiza com um sorrisinho de lado e eu revirei os olhos.
Durante o jantar Igor me contou sobre seu relacionamento com a Duda e que estavam planejando morar juntos mês que vem. Fiquei super feliz por ele. O único que consegue me entender, de uma forma que quase ninguém consegue, eu simplesmente amo ele.
Mais tarde, Léo já estava dando uns cochilos e eu resolvi ir embora, me despedi de Igor e fui pra casa. Depois de colocar Léo para dormir, fui tomar um banho. E Luiza outra vez se presente nos meus pensamentos fazendo meu corpo todo esquentar só de lembrar daquele sorriso. Sério essa mulher é uma Deusa.
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Estupidamente Atípica - Valu
FanficApós seu filho ser diagnosticado com autismo, Valentina decide procurar uma neuropsicóloga ao descobrir que a maior causa do autismo é a genética, só não esperava ter hiperfoco nela.