5. Difícil não gostar da Luiza

988 119 15
                                    


O dia mal começou e já está sendo uma longa manhã...

— Léo, vamos.

— Não. - Respondeu balançando a cabeça freneticamente.

— O desenho acabou, você precisa tomar banho para a gente ir na casa do Igor!

— Não, ei não é.

— Léo, você quer comer? - Pergunto sem muitas opções.

— Ei não é. - Repetiu a mesma frase fazendo uma cara emburrada.

Esse era o começo de uma longa manhã de choros e gritos. Léo diferente de outras crianças, não sabe se comunicar tão bem e ser compreendido, por isso muitas vezes fica agressivo.

— O que quer fazer? - Minha pergunta é em vão pois não obtenho resposta. - Léo...

— Não! - Fala me interrompendo e balançando a cabeça.

Agora meu filho está parecendo um emoji de raiva, com o rostinho vermelho, o primeiro passo para começar a gritar. E, como Léo grita.

— Ele não o que? - Pergunto tentando soar o mais calma possível.

— Ei não é...

— Ele não é o que?

— Ei não é...Léo. - Isso foi muito difícil, mas ele finalmente se fez entender.

— Você não é Léo?

— Sim.

Como? Fico uns segundos tentando raciocinar o que meu filho acabará de falar e não encontro explicações.

— Como é seu nome Léo?

— Ei não Léo, cainha. - Ele respondeu me deixando imóvel por um tempo tentando absorver.

— Carinha? - Ele fez que sim com a cabeça triunfante.

Cainha! Ai meu Deus!! Luiza chamou Léo de carinha e ele está repetindo isso. Mesmo ela sendo uma boa pessoa não sei o que pensar sobre isso.

Depois de muita insistência consegui fazer ele tomar banho e logo em seguida saímos de casa, o coloquei no carro e dei partida para a casa de Igor. Devido ao trânsito, demorei uns 30 minutos para chegar. Descemos do carro e toquei o interfone que logo atendeu e abriu o portão pra mim.

— Oi Tina. - Igor disse ao abrir a porta e veio ao meu encontro.

— Oi, tudo bem?

— Tudo sim e você? Ei Léo. - Igor disse se abaixando na altura do meu filho.

— Léo nã, cainha. - Ele disse e Igor franziu a testa me olhando.

— Carinha, agora ele está com isso de carinha acho que por causa da Luiza.

— Ah sim, então é carinha! - Ele disse sorrindo passando a mão nos cabelos do meu filho. - Vem, vamos entrar. - Nós três adentramos na casa e me sentei no sofá.

— Aqui pra você brincar. - Igor pegou os dois carrinhos que ela havia comprado e deixou ali para Léo. Meu filho se sentou no tapete e começou a brincar com um dos carrinhos. Igor tinha preparado uns petiscos e suco para nós e deixado na mesinha de centro.

— E aí como você está se sentindo? Como está sendo as consultas? - Me perguntou encostando seu ombro no sofá.

— Então, estamos na reta final, é bem cansativo, mas já me acostumei, agora só falta mais uma consulta. - Respondi depois beber meu suco.

— Ah sim, fico feliz por você, se conhecendo melhor, você pode ajudar o Léo ainda mais.

— Cainha! - Léo falou um pouco mais alto chamando nossa atenção para ele.

— Pronto, agora ele vai querer que o chame apenas por carinha - O que a Luiza fez meu Deus? Igor me olhou rindo. - Qual a graça?

— Nenhuma, parece que o Léo gostou mesmo da Luiza.

— Acho que é meio difícil não gostar da Luiza. - Falei sem pensar e me arrependi no mesmo segundo.

— Como? Você está gostando da sua neuropsicóloga? - perguntou animada

— Não, cla-ro que não. - Respondi tentando disfarçar o nervoso e falhei miseravelmente e vi Igor segurar o riso.

— Vai Tina, pode falar, sou seu irmão. - Ele pediu e eu respirei fundo.

— Tá, eu acho ela linda, talvez linda seja pouco pra ela, deusa define melhor. Ela é atenciosa e prestativa, consegue me ajudar de uma maneira...- Falei sem segurar o riso nessa altura do campeonato.

— Você não gosta dela, você está é apaixonada por ela.

— Claro que não, de onde tirou isso?

— Da sua cara e o sorrisinho trouxa ao falar dela, eu te conheço. - disse divertido fazendo com que eu sentisse meu rosto esquentar e provavelmente eu estava mais vermelha que um pimentão

— Mudando de assunto, o Léo chamou ela pelo nome, fiquei surpresa.

— Do nada?

— A gente estava no ponto de ônibus e de repente ele falou "Lu" e ela estava dentro do carro do outro lado da rua. Então ela nos convidou para almoçar e eu fiquei perplexa com o meu filho interagindo com ela durante o caminho.

— E como foi no almoço?

— Bom, falei um pouco sobre o meu trabalho e conversamos também sobre filmes, foi agradável, parece que com a Luiza as coisas ficam mais leves sabe? Eu não sei explicar.

— Aham, entendo. - Ele falou sorrindo de orelha a orelha.

— Bom, nosso almoço terminou com ela me dando uma flor, um rapaz passou vendendo e ela comprou uma pra mim.

— Awn que fofo, eu shippo.

— Igor! - A repreendi.

— Ué, não posso?

— Mesmo que eu gostasse, não vai acontecer, eu sou paciente dela.

— Como tem tanta certeza?

— Não sei, só acho.

— Tenta descobrir.

— Como?

— Se declarando pra ela.

— Nunca, jamais vai existir essa probabilidade.

— Prefere guardar pra você e ficar se martirizando sem saber se é recíproco?

— Não é recíproco. - Falei tentando afastar o pensamento da minha cabeça.

— Tina já faz tempo que você não sai com ninguém, tenta se permitir a Boazuda parece ser bem legal.

— Boazuda? - perguntei confusa

— Só pelo que você me falou a Luiza é uma verdadeira Deusa Boazuda. - disse rindo

— Pode parar, não sou boa em relacionamentos, só é melhor deixar quieto.

— Vamos jantar? Depois você me conta mais sobre a Luiza. - Falou o nome Luiza com um sorrisinho de lado e eu revirei os olhos.

Durante o jantar Igor me contou sobre seu relacionamento com a Duda e que estavam planejando morar juntos mês que vem. Fiquei super feliz por ele. O único que consegue me entender, de uma forma que quase ninguém consegue, eu simplesmente amo ele.

Mais tarde, Léo já estava dando uns cochilos e eu resolvi ir embora, me despedi de Igor e fui pra casa. Depois de colocar Léo para dormir, fui tomar um banho. E Luiza outra vez se presente nos meus pensamentos fazendo meu corpo todo esquentar só de lembrar daquele sorriso. Sério essa mulher é uma Deusa.

Estupidamente Atípica - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora