Confiança - Capítulo 2

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Antonella López

Eu deveria contar a verdade, isso parece estar pesando minha consciência, mas eu estou com medo. E sinceramente, não quero perder a confiança de Léon, qual eu nem conquistei ainda, ele apenas está me dando um voto de confiança para ver se realmente pode me dar isto. Teste natural que todos os pais fazem em algum momento, e deve ser um teste maior ainda quando a filha que possuí lhe foi apresentada há pouco.
E isso era uma das coisas que me deixavam paranóica: eu sou tão insignificante que ele já me dava um voto de confiança assim de cara? Tão insignificante para não fazer nem um teste de DNA antes de me trazer para morar consigo?
Tá certo que eu sou um tanto parecida com ele e que deixei eles preocupados com o tanto de tempo que durmo, mas isso é tudo! Precisa de provas demonstrativas de que sou alguém confiável para me deixar sair assim e de provas concretas para se ter certeza de que eu sou filha, ou seja, também herdeira de toda a fortuna que possui. O caso é bem sério para quem aceitou isso tão de boa.

— Antonella? - ouvi meu nome ser chamado, junto com umas batidas na porta. Endireitei a postura, ainda com as pernas cruzada em "perninhas de índio".

— oi, estou aqui. Pode entrar - falei e em questão de segundos o homem que eu estava pensando, colocou a cabeça dentro do quarto que deveria quase ser do tamanho da minha antiga casa — minúscula demais para duas pessoas morarem nela — e entrou no mesmo. Olhou para o quarto inteiro, como se estivesse avaliando ele, as paredes azul bebê com algumas borboletas azul escuro que descobri brilham no escuro, além de algumas frases em inglês, uma delas é "live your dreams" — que significa "viva os seus sonhos" — e sinceramente, meus sonhos estão mais para pesadelos. Não iria fazer grande diferença da vida real, mas prefiro deixá-los como estão.

— não olhei de perto como tinha ficado o seu quarto - comentou desviando o seu olhar para mim. Droga. O que eu falo?

Por Deus, não tivemos nem um tipo de conversa de verdade sobre algo, grande parte da culpa é minha, fiquei fugindo o tempo todo disso. O que eu sempre quis foi ter um pai presente, não entendia o porquê de estar fazendo isso, o que eu sonhei e rezei por tanto tempo estava bem na minha frente, mas eu não sabia o que fazer e um rancor horrível de não entender o porque ele demorou tanto tempo para aparecer estava ali, martelando na minha cabeça.

— ficou bem bonito, gostei bastante dele - falei, olhando em volta também. O quarto era realmente lindo, bastante parecido com o que eu falava que queria para a minha mãe, mas nunca tivemos a oportunidade de conseguir realizar o sonho que tínhamos de construir uma casa conforme queríamos. Isso me enchia não só de tristeza, mas de raiva. — não precisava ter feito isso, mas obrigada - dei um sorriso, tímido, mas continua sendo um. Talvez o primeiro sorriso que eu havia oferecido para ele.

— precisava, sim - afirmou olhando para mim novamente, se aproximando enquanto eu engolia seco. Engolia as lágrimas. — sei que só estou fazendo parte da sua vida agora, mas eu quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance por você - dessa vez, ele que ofereceu um sorriso e eu correspondi. Eu queria acreditar nisso, eu juro que eu quero acreditar que tudo o que ele fala é verdade, mas o medo de ele desaparecer é maior. Não quero criar expectativas altas demais em relação a ele.

  Ouvi seu suspirar me trazer de volta a realidade, seguindo por mais palavras. Talvez eu tenha ficado um bom tempo pensando e nem tenha percebido — ou seja, praticamente ignorando o que ele disse. E olha que essa nem era a minha intenção, na verdade era o contrário.

— vim perguntar se quer que eu leve você lá na casa da sua amiga, uma carona - perguntou meio sem jeito, um sorriso tímido presente nos lábios. Cocei a nuca, desviando o olhar. Isso é péssimo. Sendo bastante sincera, se eu tivesse uma amiga de verdade para ir, eu gostaria que ele me levasse lá. Por mais que eu não queira admitir.. eu quero passar mais tempo com ele, mesmo que uma parte de mim grite que ele não mereça, já que ele nunca deu as caras antes, porém uma outra parte grita ainda mais alto para eu dar uma chance de ele entrar na minha vida, fazer parte dela de verdade, não apenas como papel de meu pagador de dividas, mas como meu pai. Dar um voto de confiança a ele como ele está me dando um.

Tentando manter a pose mais simpática do mundo e de quem não estava prestes a desabar por conta de não poder vivenciar o que eu queria por conta da mentira, disse:

— obrigada pelo convite, mas eu vou ir caminhando até lá. Me exercitar um pouco, sabe? - tentando convencendo a mim mesma que essa era a melhor opção — não contar a verdade —, sorri para ver se ajudava a melhorar o clima nebuloso que havia ficado no quarto.

Não ajudou.
E infelizmente minha resposta não é como eu queria. Era isso — continuar com a mentira — ou perder a pouca credibilidade que tenho com ele. Depois, quando eles chegassem, eu poderia voltar para a mansão tranquilamente e dormir, esperar amanhecer, sair e então voltar novamente para dentro, fingindo que realmente passei a noite lá. É um bom plano.

— claro, o que você achar melhor - ele curvou os lábios em resposta, tentando mostrar que estava tudo bem.

Mas não estava. Ele sabe, eu sei, nós dois sabemos que não está e não vai ficar até resolvermos tudo o que tem para resolver.

— certo, qualquer coisa que precisar é só ligar - disse, encheu a boca de ar parecendo que queria falar mais coisas, porém desistiu.

— ok - respondi parecendo que uma parte de meu coração estava dolorida com isso tudo e isso só me dava mais vontade de chorar.
 
— vou terminar de me arrumar e vou indo lá - disse após olhar no relógio do celular que precisava muito de uma película nova.

— tá bom, se não nos vermos antes de você sair.. divirta-se - desejou com um sorriso pequeno, agradeci e então ele saiu do quarto, quieto. Enchi os pulmões de ar tentando tomar mais um pouco de coragem, tentando afastar os pensamentos de que se minha mãe me visse, provavelmente iria se remoer de tristeza e vergonha.

Você consegue, Antonella. Você consegue.

Eita como mente.. aiaiaiai
Entendo pra caramba a Antonella e olha q eu moro o com meu pai desde sempre.

Oq estão achando?? Teorias??

Beijinhos, amores 🍒

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