Depois de sairmos do centro de treinamento do Barcelona, percebi a felicidade impossível de se esconder no rosto de Léon ao ver que agora eu tenho um amigo. E que provavelmente ele contou com a mesma emoção o fato para Rebeca.
Mas não sei se ocorreu porque fiquei um tanto nervosa com o fato de que com uma ligação Léon já resolveu os problemas em relação ao meu estudo e hoje mesmo começarei a estudar.— mana! - ouvi Samuel me chamar, antes de entrar em meu quarto.
— oi, tô aqui - murmurei ainda embaixo das cobertas.
Não recebi resposta nenhuma, apenas ouvi alguns barulhos e senti o colchão se mexer um pouco com as tentativas do caçula para tentar subir na cama. Tirei o cobertor de cima da minha cabeça, levantando-me um pouco para ajudar ele a subir, mas quando vi, o pequeno já estava vindo a meu encontro.— papai vai levar você na escola antes de ir trabalhar - notificou, numa fala tão séria e dura que até parecia um adulto. Gargalhei, dando um beijo em seus cabelos bem cuidados.
— tá bom - dei mais um beijo em sua bochecha e ele não conseguiu continuar sério, dando uma risada quando comecei a fazer cócegas na sua barriga. — por que você está bravo? - perguntei ainda olhando para Sam que agora estava fingindo não ter me ouvido.
— Samuel.. - cantarolei fazendo mais cócegas nele deixando escapar algumas gargalhadas. Parei de "torturar" ele, então respirando fundo, mexeu envergonhado em seus dedinhos e olhou para mim.
— Rafa e Mica estavam falando que agora você não passaria mais tempo comigo porque tem um amigo - murmurou, um tanto sentido, ainda sem conseguir me olhar. Meu peito apertou um bocado, já havia muitos motivos para ele estar completamente arrasado e aquela fala parecia ter tido um efeito doloroso também. Abracei ele mais forte.
— nem se eu quisesse eu deixaria de passar tempo com você, maninho - falei, brincando com seus cabelos quando disse a última palavra imitando seu tom de voz toda vez que em chama de "mana".
— promete? - perguntou, olhando pra mim e eu sorri.
— prometo - afirmei sincera e ele me deu um sorriso largo, ri o abraçando ainda mais, tentando não chorar em sua frente. Pois eu realmente esperava que a minha promessa seja válida e não seja cortada ao meio que nem a da minha mãe.
— mana - chamou, me fazendo olhar pra ele, fazendo o máximo para segurar as lágrimas.
— não chora, você é princesa de Jesus e Ele não gosta de te ver chorar - disse cuidadoso, que quando percebi algumas lágrimas caíram em meio a risadas.— quem disse isso pra você? - perguntei, sorrindo após limpar as gotas salgadas que caíam sem parar dos meus olhos.
— não posso contar, mas posso dizer quem disse isso pra pessoa que me contou - sussurrou, como se fosse um segredo. Ri de leve.
— e quem foi? - indaguei, arrumando seus cabelos.
— foi o Espírito Santo - afirmou me fazendo entrar em choque. Sorri fraco, dando-lhe um beijo na bochecha.
Por algum motivo aquilo me confortou, mas eu sabia que não podia me curar com aquela frase.
— te amo - declarou tão amoroso que fez meu coração se apertar com tamanho carinho. Podia fazer pouco tempo que havia descoberto ter irmãos, mas eu sabia que assim que os visse, iria ama-los.
— também te amo - falei, correspondendo seu abraço, então, ele se afastou rapidamente.
— você tem que se arrumar, se não o papai vai chegar atrasado! - falou bruscamente, saindo feito um raio do local.
Levantei da cama, sentindo um peso em meus ombros e um cansaço que me acompanhava já fazia alguns meses.
— fiz esse reggae pra você, pra nunca mais se esquecer que eu ainda tô aqui - cantava, sonolenta enquanto colocava meu celular e fones de ouvido no bolso da mochila, junto de algumas notas de dinheiro que eu tinha guardado.
Após me esticar, fui até o banheiro e em alguns minutos eu já havia saído dele, de banho tomado já havia vestido uma calça jeans wid leg — que me custou meses de trabalho — e uma blusa preta de manga curta, peguei uma jaqueta e uma máscara higiênica de proteção, pois planejo dar um jeito de comprar a camisa do Barça para usar no jogo. E usando essas peças de roupa, ninguém vai prestar muita atenção em mim ou seja, não vão se "ligar" de ficar me encarando e perceber alguma semelhança com um dos melhores atacantes do mundo — segundo a FIFA —.
— Ella! Está pronta? - Léon bateu na porta, com a voz um pouco abafada pela madeira. Calcei o meu All Star preto — que está bastante gasto, aliás — antes de respondê-lo.
— estou - falei assim que consegui enfiar meu pé dentro do par esquerdo, peguei a mochila rapidamente e corri até a porta, abrindo-a.
— bom dia - desejou sorrindo, concordei com a cabeça.
— bom dia - respondi, dando um sorriso sem mostrar os dentes pela leve vergonha de ter me atrasado.
— peguei um sanduíche, uma fruta e um suco para você ir comendo no caminho - mostrou em suas mãos, antes de começar a caminhar em direção a escadaria.
— obrigada - agradeci, descendo as escadas junto com ele. Não consegui ver Rebeca ou os meninos para dar oi, aparentemente Léon estava bastante apressado, pois até o carro já estava do lado de fora da mansão.
— Sam foi te acordar? - perguntou assim que entramos no carro e eu assenti com a cabeça.
— aham, ele meio que estava bravo quando foi lá - contei, fazendo Léon fazer um careta sem entender a minha fala. Coloquei meu cinto enquanto ele fazia a marcha.
— por que ele estava bravo? - indagou curioso, olhando para a rua. Arrumei meu cabelo, vendo pelo espelho do carro.
— os meninos falaram que eu não ia mais passar tempo com ele por causa que agora eu tinha um amigo - respondi simplista, assim que Léon foi falar algo, foi cortado pelo guarda do condomínio que fica na entrada.
— bom dia, senhor Ramones - desejou simpático.
— bom dia! - respondeu, sorridente antes do homem um pouco mais velho abrir o portão elétrico.
— até depois - fez um certinho e o homem que até agora não sei o nome, fez o mesmo.
— os meninos pegaram pesado, só estavam tentando implicar e é bem provável que tenham ficado com ciúmes - Léon voltou ao assunto de antes.
— não dúvido.
— e o que você respondeu? - indagou curioso, já estávamos no centro da cidade.
— resumindo, de que ele não precisava se preocupar - respondi e o homem ao meu lado concordou com a cabeça.
— eles amam muito você - declarou, me fazendo sentir o peito aquecido por algum tempo.
Um silêncio se estalou no carro, porém não durou muito tempo, pois já estávamos quase na frente da casa da minha mais nova professora.— lembra do que disse? - perguntou assim que estacionou na frente de uma casa amarela, grande e com algumas plantas na frente.
— o quê? - indaguei de volta, ansiosa.
— que eu vou tentar te buscar todos os dias na escola, já que não pude fazer isso antes - falou, me fazendo lembrar das palavras que me causavam um misto de emoções. Engoli seco para impedir o choro, eu estou muito sensível.
— tá bom - concordei com a cabeça, então, ele sorriu me dando um beijo em minha testa, um gesto tão familiar que fez meu peito se apertar outra vez.
— até depois - abanou a mão assim que desci do carro e eu fiz o mesmo para ele, que esperou eu entrar dentro do pátio e tocar a campainha da casa.
— estou indo! - uma voz gritou lá de dentro.
Então, Léon foi embora.
What moment, what moment!🥹🤏
Eles são tão+++
Esses gestos pequenos — pra quem tem Daddy Issues — se desmoronam.Oq estão achando?? Teorias?
Beijinhos, amores 🍒
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Deixa a Luz Entrar
RomanceIr morar na Espanha, com um pai que Antonella mal sabia que tinha, deveria ser um sonho se realizando. Mas, na verdade, era um pesadelo... Já que o motivo para estar saindo do Brasil era a perda da pessoa mais importante de sua vida. Com isso, sua...