Antonella López
Acho que nunca havia dormido tanto em minha vida como dormi nas últimas semanas, a cama extremamente confortável — e não sei quantas vezes maior que a minha —, ajudava bastante o meu período de hibernação ou dormir para esquecer a dor e os problemas.. qualquer uma das opções são válidas. Os dois significam a mesma coisa para mim.
Quando não estou dormindo, estou comendo alguma besteira ou caminhando pelo condomínio enorme que fica a mansão de Léon, já havia cogitado sair fora da área cercada, mas para onde eu iria?
Eu só havia vindo apenas uma vez para Barcelona, em uma viagem com a minha mãe, e só viemos porque minha abuela havia falecido e tinha muitas coisas para resolver que só poderíamos fazer se viéssimos ao local. Então não visitei muitos lugares, apenas os principais e gratuitos da região. Não estávamos ali a passeio, mas sim porque uma senhora — intitulada, minha avó — que eu nunca havia visto, morreu.Olhei para a porta assim que ouvi alguns barulhos de passos corridos pela casa, então vi o quanto minha visão havia mudado ao passar meses em um hospital, onde mal tinha recursos o suficiente para ajudar na sobrevivência de milhares de doentes de todos os tipos de enfermidades. Nunca tinha imaginado que eu iria achar a maior idiotice e humilhação um homem que apenas corria e chutava uma bola ter recursos o suficiente para sustentar — no mínimo — um hospital inteiro.
— buenos días, Ella! - um dos garotinhos de olhos castanhos e cabelo castanho claro com uns fios loiros — da mesma cor que os meus —, consequentemente puxando da parte genética de Léon, desejou com um sorriso no rosto. Ele possui um bom humor matinal que eu não tenho há séculos.
— buenos días, Miguel - devolvi enquanto saía da cama, respirando fundo.
— vai tomar café da manhã com a gente? - perguntou cautelosamente, ansioso pela minha resposta.
Voltei meu olhar para a janela, saindo da cama e abrindo as cortinas, voltando a olhar para o garotinho de sete anos.— vou sim - afirmei fazendo ele abrir um sorriso maior ainda, com aquele entusiasmo saiu correndo.
Por poucos momentos me agarrei naquele pequeno momento de.. felicidade? Não sei se era exatamente isso, mas não era dor, então já contava como algo bom.
Assim que terminei de fazer minha higiene, tomar banho e catar meus fones de ouvido junto com o celular, desci as escadas vendo o outro menino idêntico ao garotinho que estava na porta do meu quarto antes.
Espera aí.. será que eu confundi eles?
— bom dia, Toniella - ok, não confundi. Apenas Rafael consegue deixar meu nome mais esquisito do que já é.
— bom dia - respondi novamente tentando sustentar meu sorriso.
Ainda falta um.
Eu tento ser mais simpática possível com eles, pois são crianças e eu sei o tipo de destruição que poderia acontecer na cabecinha deles caso alguém fosse babaca por nada. E por incrível que pareça, eu me sinto bem perto deles, eles tem tanta alegria guardada consigo que era meio difícil não se contagiar, mínimo que fosse.
— bo dia, mana - virei meu rosto vendo Samuel, o caçula de apenas dois anos. Ele é o mais parecido com a mãe entre os três. Enquanto os outros dois — e eu — puxaram a Léon. Só que apenas a minha pessoa conseguiu puxar a mesma cor de olho, também.
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Deixa a Luz Entrar
RomanceIr morar na Espanha, com um pai que Antonella mal sabia que tinha, deveria ser um sonho se realizando. Mas, na verdade, era um pesadelo... Já que o motivo para estar saindo do Brasil era a perda da pessoa mais importante de sua vida. Com isso, sua...