🖇️ | Boa leitura!
Ser um bom amigo é uma coisa que eu decidi faz pouco tempo. Não tive muitos na minha vida e com certeza nenhum foi tão importante quanto o Kj é. Por isso, mesmo querendo enfiar os pãezinhos do cesto à minha frente bem fundo nos meus ouvidos, resolvo não fazer isso e continuar a me comportar como se sentar numa mesa de uma cafeteria para tomar uma bebida que eu posso fazer em casa ouvindo o meu amigo caindo de amores por uma garota é exatamente o tipo de coisa que eu gostaria de fazer.
— Ali está ela. — Kj me cutuca com o cotovelo enquanto aponta com o queixo para a mulher perto do balcão.
Estamos aqui pela Clara, porque o Kj resolveu ficar obcecado por alguém que não é a Coelhinha. Dessa vez, ele parece todo bobo olhando para ela e fica torcendo para que ela venha atender a nossa mesa. Me concentro no meu notebook onde me envolvi em uma partida online de poker onde eu sempre venço por razões que só os programadores entenderiam. O jogo todo é uma grande trapaça, então que mal há usar a tecnologia ao meu favor para conseguir dinheiro fácil de apostadores?
— Meu Deus, ela está ainda mais linda hoje. — Kj solta um suspiro e isso me faz automaticamente rolar os olhos.
— Por que não pede o número dela, sei lá? — sugiro.
— E se ela disser não? — arregala os olhos.
Dou de ombros porque não sei o que dizer e ele balança a cabeça negativamente com muita veemência, como se pedir o número dela fosse equivalente a arriscar a própria vida.
— Já sabe o que vai pedir? — ele diz tentando fingir que está prestando atenção no cardápio enquanto a observa por cima do papel.
— É uma cafeteria. — digo como se fosse óbvio.
— Ok... — murmura não dando atenção ao que eu disse.
De repente ele ergue a mão e acena possivelmente porque Clara olhou para nós. Ela sorri e dá um passo na nossa direção segurando o bloco de notas e a caneta, mas para quando a porta é aberta e alguém chama o seu nome.
— Clara, desculpa pelo atraso, eu assumo daqui. — como se um furacão a tivesse trazido, Lili ajeita a postura, tenta conter o cabelo rebelde bagunçado pelo vento e começa a retirar a jaqueta preta revelando o uniforme de garçonete do lugar.
— A Coelhinha trabalha aqui? — Kj sussurra de um jeito alarmado.
Não respondo porque ainda estou olhando para ela. Tem alguma coisa nessa mulher que eu não consigo explicar. Ela chega e toda a atenção está voltada para ela, talvez seja o volume desnecessariamente alto de sua voz, sua risada aberta e com um leve ronco que me faz deduzir que esse seria o barulho dos porcos se eles rissem, o jeito destrambelhado de como ela joga a jaqueta sobre o balcão direto no cabideiro do outro lado ou o jeito como ela está juntando todos os fios de cabelo nas mãos e os amarrando num rabo de cavalo com uma mecha da frente solta e vários fios saindo do lugar.
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Angels Like You ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
FanficSempre fui um fracasso em interações humanas, muito mais se essa interação envolve o sexo feminino. Depois de aceitar a minha total incapacidade em fazer uma mulher sentir-se atraída por mim, eu simplesmente desisti disso e resolvi focar em mim mesm...