🖇️ | Boa leitura!
Paro minha moto na entrada da garagem da casa do meu pai e a primeira coisa que vejo são suas pernas enquanto ele está enfiado debaixo de seu conversível dos anos setenta. Desde que eu me lembro, Robert Reinhart sempre teve uma obsessão por veículos antigos. A garagem de casa sempre esteve cheia de peças e modelos que ele costuma restaurar. E mesmo aos setenta e seis anos de idade, ele ainda tem energia o suficiente para isso.
Clara, que veio comigo com o intuito de buscar algumas de minhas coisas antigas para o seu brechó, sai da parte de trás da moto e me entrega o capacete. Eu desço logo depois e a sigo quando ela vai quase saltitando até onde o meu pai está.
— Oi, tio Bob! — ela diz toda alegre.
Meu pai se empurra para sair da parte baixa do carro e levanta com uma velocidade de dar inveja às minhas costas. Não sei onde ele arranja tanta flexibilidade, já que seu tipo físico é o padrão de qualquer motoqueiro idoso: barriga saliente de cerveja e braços grandes de tanto bancar o mecânico. E ele usa esses braços para envolver a minha amiga em um abraço de urso.
— Ainda vendendo coisas velhas, uh? — ele diz dando um tapinha no topo da cabeça dela.
— O trabalho de garçonete não paga tão bem, então a gente tem que arranjar outras coisas. — Clara dá de ombros.
— Melhor do que vender fotos dos pés para pervertidos. — ele a empurra de leve com o ombro, jogando uma indireta bem direta para mim.
— Tem uns caras que gostam de coisas mais específicas, pai, e às vezes eu não consigo entregar alguns pedidos. Me diga, quantas unhas encravadas e calos tem nos seus pés? — brinco dando uma olhada para as botas pretas dele.
— Prefiro mandar fotos da minha bunda velha e peluda pra eles. — ri vindo até mim de braços abertos.
Me aconchego no abraço dele, fecho os olhos e sinto meus ombros relaxarem. Meu pai me segura pelos ombros e se afasta para me dar uma boa olhada.
— Feliz? — pergunta como sempre faz toda vez que me vê. Para o meu pai, não importa se eu amo noitadas, se eu tenho um trabalho mal pago que me obriga a vender fotos dos meus pés ou se eu estou transando com meio mundo. Ele só quer saber se eu estou feliz.
— Sempre. — e eu lhe dou a mesma resposta com um sorriso no rosto.
— Clara, querida, a sacola com as roupas da Lili estão no sofá da sala. — ele avisa para a minha amiga.
— E se eu abrir a geladeira vou encontrar torta? — ela pergunta com expectativa.
— Na minha casa sempre tem torta. — meu pai ri.
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Angels Like You ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
FanficSempre fui um fracasso em interações humanas, muito mais se essa interação envolve o sexo feminino. Depois de aceitar a minha total incapacidade em fazer uma mulher sentir-se atraída por mim, eu simplesmente desisti disso e resolvi focar em mim mesm...