Sempre fui um fracasso em interações humanas, muito mais se essa interação envolve o sexo feminino. Depois de aceitar a minha total incapacidade em fazer uma mulher sentir-se atraída por mim, eu simplesmente desisti disso e resolvi focar em mim mesm...
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A vida gosta de nos pregar peças. Quando levantei da minha cama essa manhã, eu não achei que uma série de eventos caóticos fosse acontecer tão rápido, um sobre o outro. Primeiro, Lili voltando a sair com outras pessoas. Não consigo descrever exatamente a sensação, mas foi algo como se meu coração tivesse despencado da caixa torácica. E a garota era linda. Usava uma jaqueta e levava um capacete com ela. Depois de sentir esse ciúmes doloroso, tentei me convencer de que era justo. Lili também precisa encontrar alguém que se pareça com ela.
E quando eu já havia aceitado e resolvido lidar, ela aparece na minha casa e diz que me quer. Eu gostaria de ter reagido na hora, mas eu só travei. Acho que faz parte da minha insegurança. Algo que eu tanto quis ouvir, mas achei que nunca ouviria, com certeza iria me dar um curto-circuito.
E antes que eu tivesse a chance de entender completamente o que iríamos fazer com esse fato, ela recebeu uma notícia ruim. Agora eu teria que guardar essa dúvida para depois. Lili estava apenas falando a verdade sem a intenção de ficar comigo ou ela queria ficar comigo? Essa definitivamente é a última coisa que vai importar agora, porque é claro que a vida iria pregar mais uma peça, dessa vez mais horrível e mais difícil.
Já vi algumas pessoas recebendo esse tipo de notícia e as reações sempre são bem expressivas e barulhentas. Ao contrário disso, a Lili não fez absolutamente nada parecido. Ela ficou quieta, sentou em uma cadeira do corredor do hospital e encarou a parede por pelo menos vinte minutos. Não sei o que ela estava pensando ou sentindo, mas deduzi que o melhor fosse deixar ela desse jeito e apenas ficar ao lado. Afinal, não ter uma reação também é uma reação.
Fiquei em pé perto dela com as mãos nos bolsos da minha jaqueta. Ela só desviou o olhar da parede quando ouvimos passos apressados se aproximando. Casey, Clara e Kj viraram o corredor ao mesmo tempo.
— Tudo bem? O tio Bob está bem? — Clara veio na frente com o rosto aflito e os olhos arregalados.
Lili ergueu a cabeça muito devagar e olhou para mim, pedindo silenciosamente que eu respondesse. Entreabri os meus lábios algumas vezes, mas eu não consegui dizer isso em voz alta, então eu só abaixei a cabeça e a balancei negativamente.
— Ah, meu Deus... — Casey murmurou. — Neném... — ele sentou ao lado de Lili e passou um braço por seu corpo. — Eu... sinto muito.
Chorando, Clara se juntou aos dois e abraçou Lili do outro lado. Ainda assim, Lili não derramou nenhuma lágrima e encarou o chão enquanto os dois choravam e tentavam confortá-la.
Kj me puxou pelo braço e nós nos afastamos um pouco.
— O que aconteceu exatamente?
— Uma parada cardiorrespiratória. Conseguiram reanimar duas vezes, mas na terceira...
— Isso... cara, isso é horrível. — desviou o olhar para a Lili e os outros. — Parece que ela está em choque.
Por mais difícil que tudo fosse e por mais horrível que o estado de espírito de Lili parecesse, ela ainda tinha que cuidar de tudo. Não a deixei sozinha e fiz o possível para aliviar o peso das decisões. Foram longas horas no hospital resolvendo tudo com o plano funerário e aguardando o veredito do legista. E mesmo quando o médico disse que Bob tinha um câncer no pulmão em estado avançado e que foi isso que causou o ataque cardiorrespiratório, Lili não chorou.
