09° Era armação

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NARRADO POR ANA LUIZA.

Antes da entrada do morro, tem uma lanchonete, então eu e o Anderson estamos indo para lá. Anderson está todo tempo olhando para os lados e fica esfregando as mãos de uma maneira que está me deixando super desconfortável. Nos sentamos e eu já pedi um lanche, para mim.

- Você está muito linda, sabia. - ele fala e eu só o encaro.

- Eu sempre fui, Anderson. O problema é que você só olhava para as mulheres da rua, e esquecia de reparar em mim.- falei seca e ele tirou o sorriso do rosto.

- Me desculpa. Eu fui um idiota com você.- ele fala e eu já corto ele.

- Vamos direto no que interessa, por favor.

- O bebê, é oque? Menino ou menina?

- É uma menina, e o nome dela é Isis.

- Então quer dizer que vamos ter uma princesa? A gente tem muita sorte né? - ela fala com um sorriso no rosto.

- Anderson, oque você quer de fato? é registrar a minha filha e ter visita é isso?

- Eu quero fazer parte da vida de vocês.

- e por que isso agora? oque mudou?

- Eu…. eu me senti sozinho quando você foi embora e aí eu surtei quando eu lembrei que havia mandado você abortar a criança. Eu te procurei em todos os cantos, pois estava com medo de você abortar. Quando eu te vi naquele dia na praia, cresceu uma esperança no meu coração. Eu sei que não fui um bom marido pra você. Mais eu quero ser um bom pai pra nossa pequena. Eu posso te tirar dessa favela, e cuidar de vocês duas. - ele falava e todo tempo olhava para os lados. Ele coçava o nariz e seu olhar era perturbador.

- Eu não quero sair da favela. Minha vida é aqui! minha e da minha filha.

- Mais deixa eu fazer parte da vida dela. Por favor.

- Me deixa pensar, tá bom. Eu tenho que ir.

- Mais já? por que? e o seu lanche? - ele fala e eu ando até o balcão pedindo para a moça embalar para a viagem.

- Eu preciso ir. - falei pegando a minha sacola com o lanche e logo paguei.

- Posso te levar?

- eu não acho uma boa ideia.

- por favor. Eu só quero ficar mais tempo perto de você e da bebê.

- Tá bom. - falei e saímos da lanchonete e seguimos morro a cima. Alguns vapores falavam comigo e o Anderson não parecia assustado ao vê aquilo.

- Analu, tu tem um dinheiro pra me emprestar aí? - ele fala assim que entramos em um beco.

- Oque? - perguntei confusa.

- me dá duzentos reais aí, pow. Eu sei que tu tem. - ele fala e me põe contra a parede, e toma a minha bolsa.

- oque tu tá fazendo? - perguntei e ele só olha na minha bolsa. Eu não estava com dinheiro pois eu não achei que precisaria. Levei somente o do lanche e assim que ele percebe taca a minha bolsa no chão.

- Eu quero dinheiro, caralho. Anda logo. - ele fala, e seus olhos estavam bem vermelhos e ele não parecia está bem. - por favor Ana Luiza. Eu tô devendo uns cara da pesada. Me ajuda a me livrar dessa, aí a gente pode cuidar da nossa filha.

- Você.... você tá usando drogas?

- eu me meti com gente perigosa, e eles estão atrás de mim. Por favor me ajuda. - ele fala e começa a coçar o cabelo e a fungar.

Um final feliz no morro Onde histórias criam vida. Descubra agora