Capítulo 2: Oh honey, you hit me and it felt like a kiss...

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8 anos depois...

Tínhamos tudo para sermos perfeitos um para o outro.

Em quatro meses, Charles me pediu em namoro e então, oficialmente, meu sonho de ter o namorado perfeito começou. Ele me surpreendia com as minhas flores preferidas, comprava as bebidas que eu mais gostava e me presenteava com chocolates e perfumes quando eu ficava triste. Era realmente lindo, como num conto da Disney.

Mas Charles se transformou...

O que antes era um lindo sonho de amor, em pouco tempo se tornou meu pior pesadelo.

Eu realmente acreditava que ele fosse diferente de seus amigos. Que ele fosse romântico, carinhoso... que verdadeiramente me amasse. Me amasse como eu o amava. Era essa a imagem que ele me transmitia.

Mas no final, percebi que Charles era igualzinho a todos eles: arrogante, estúpido, brutamonte...

Porém, até então, apenas discutíamos verbalmente e tínhamos algumas brigas bobas. E então, ele me bateu pela primeira vez...

Nunca me doeu tanto quanto doeu o primeiro soco que ele me deu...

Eu permanecia embaixo dele enquanto ele me socava. Minha consciência falhava, indo e vindo, tentando raciocinar tudo o que estava acontecendo.

Meu corpo era o que estava sendo machucado, mas a dor que eu mais sentia era no coração, na minha alma; tudo tinha sido atingido pela voracidade de sua raiva. E era isso que mais doía: sentir sua raiva, sua fúria violenta me atingir...

Minhas mãos agiam por conta própria, tentando impedir o maior de continuar a agressão. E enquanto me batia, suas palavras também me feriam. Elas me causavam repulsa. Me causavam repulsa por toda a minha história, para ser sincero. E eu nunca me senti tão humilhado como naquele dia... mas ele está certo, afinal, eu realmente não passo de um "viadinho", "uma bichinha carente que precisa de um homem para tudo que for fazer" - como ele me chama quando o álcool está em seu corpo.

Mas será que eu realmente sou só isso? - Todos os malditos dias esse pensamento vaga por dentro de mim, gerando muitas noites mal dormidas, choros constantes e crises de ansiedade. Nem um corte, por mais profundo que possa ser, doeria tanto quanto a ferida emocional que ele me causou e ainda causa...

Ele me dá a falsa impressão de que está melhorando. Me compra coisas que eu gosto, pede desculpas e diz que vai melhorar, que vai mudar. Me faz, toda maldita vez, acreditar em suas palavras mentirosas, mas então tudo se repete de novo, e de novo, e de novo...

E agora cá estou eu: no chão da sala, jogado, há meia hora chorando feito uma criança e ligando para o número de Charles. Mais uma vez brigamos e, como sempre, ele me bateu.

Quero que ele fale comigo. Eu preciso disso, na verdade. Quero que me diga qualquer coisa, eu só preciso ouvir sua voz... sua voz me dizendo que tudo vai ficar bem. Que ele vai voltar... eu preciso que ele volte para mim!

E eu estou desesperado. Toda vez que ele sai pela porta, ele me causa essa sensação. Desespero. Eu sempre me desespero após uma briga nossa, sentindo como se uma parte de mim fosse levada junto a ele a cada briga, cada vez que sai e demora para voltar. Eu sou dependente dele; dependente de sua presença aqui, comigo. Não posso esconder isso.

Tentei mais uma vez, mas dessa vez a chamada não foi recusada. Ao invés disso, ele desligou o celular. Aquele filho da puta cruel desligou a porra do celular na minha cara, comigo aqui, chorando por ele.

Quem ele pensa que é?! Ele não pode fazer isso comigo! Eu morreria por ele... CARALHO, EU MORRERIA POR ELE!

E então, depois de muito relutar contra os fatos, vi que não dava mais para ficar no chão. Já não sentia mais meus músculos há um bom tempo e não havia mais lágrimas para serem derramadas por ele. Não depois de 3 horas seguidas soluçando de tanto chorar. Eu sei que ele vai demorar para voltar, já aceitei isso.

Tomei coragem e me levantei aos poucos, tentando acordar meu corpo anestesiadamente dolorido pela briga. Vesti meu casaco, ainda sentindo as feridas latejando, e saí pela porta. Eu só preciso de um drink agora.

Ultraviolence: Um Problemático Romance Gay || Brayan Barbieri (Sob Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora