Capítulo 7: Is this my true purpose?

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Ninguém nunca me mostrou como as coisas funcionam ao sair de cena. No silêncio que se segue, quando as cortinas se fecham e as luzes se apagam, o que acontece dentro dos bastidores. Como é por de trás das cortinas.

As palavras proferidas pelos personagens continuam ecoando pelos corredores invisíveis, permeando o ar como sussurros misteriosos? As emoções que se desenrolaram no palco, enquanto o show ocorre, ainda flutuam no ambiente depois? Deixam rastros de energia emocional no ar? - respostas para essas perguntas pareciam distantes demais de mim. Sentia que ninguém poderia respondê-las para mim.

Mas por fim, em determinada etapa de minha vida, uma hora eu fui respondido. Respondido da pior maneira possível: com agressão.

E cá estou eu: num hospital, descobrindo na pele a cada agressão mais, como os sets de filmagem funcionam por de trás das cenas. Esse é o meu karma?

Meus olhos piscam repetidamente em busca de melhorar minha visão. Eu estava quase chorando, com rios de água empoçando minhas linhas d'água. É só isso que venho fazendo de uns dias para cá. Meus músculos ansiavam por serem exercitados. Pelo visto, já faz um bom tempo que permaneço dormindo nessa cama desconfortável.

O relógio aparentava marcar oito horas da manhã. Não tinha certeza, minha visão ainda era precária, mas também era nítida suficiente para perceber Jacob numa poltrona marrom, ao meu lado. Sério, não que eu esperasse uma cama cinco estrelas vinda de um hospital, mas minha coluna implorava por qualquer coisa menos dura. Imagina para o coitado que nem em uma cama está.

Olhando para ele ali, adormecido, não pude deixar de sentir um aperto no peito. Pelo visto, Jacob passou a noite inteira aqui comigo, e isso mexeu com os meus sentimentos. Não faz sentido vê-lo aqui; ele toma conta de um bar, tem sua vida própria, lazer próprio, não deveria parar tudo por um problemático viadinho que não consegue resolver os próprios problemas sozinho. - eu penso comigo. Por que ele se submeteria a passar a noite em uma cadeira desconfortável? Eu não quero ser um fardo para Jacob. Será que eu estou sendo um fardo para ele?

Viro a cabeça para um lado, depois para o outro, e enfim, para baixo. Descubro meu corpo para ver como eu estava, e as próximas cenas me fizeram pensar que fosse melhor ter deixado como estava: Hematomas e cortes localizavam-se por toda parte do meu corpo. Eu olhei para cada indício do que aquele monstro fez comigo, notei cada profundidade e coloração que os ferimentos mostravam, e dessa vez não pude me deter: soltei as lágrimas que minha linha d'água antes prendia.

Nesse meio tempo, Jacob acorda, de maneira calma. Seus olhos aparentavam cansados, mas sua beleza ainda surreal. Podia sentir daqui o peso de seus ombros naquela poltrona tão desconfortável quanto esta cama. Por que tudo isso por mim, Jacob?

Ele vira a cabeça e seu primeiro instinto visual foi olhar para mim. E que olhar... automaticamente deu ordens diretas para o meu corpo se acalmar, como antes. E ele conseguiu, visto que meus olhos estavam presos para lhe encarar de volta, e meu choro, diminuindo.

-Bom dia. -Digo para quebrar meu constrangimento. Meu rosto molhado, meus olhos concerteza avermelhados, e minha voz fez questão de falhar, como sempre.

-Bom dia. -Soltou a fala sonolenta. -Como você está? -Agora se ajeitava na poltrona e passava os punhos sobre os olhos com olheiras. Sua expressão era calma e serena, mesmo percebendo que eu não estava nada bem.

-To melhor. Só minha coluna que grita. -Digo fazendo leves expressões de flexibilidade. Ele manteve a postura.

-Quer que eu ajeite a cama? -Parecia querer se levantar, apenas aguardando minha resposta para isso.

-Não, não. Posso aguentar. -Um sorriso leve sai pela minha boca, sem mostrar os dentes.

-Tudo bem... -Disse e seus olhos vão para o chão, canteiros.

Ultraviolence: Um Problemático Romance Gay || Brayan Barbieri (Sob Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora