04 | the cage pt 1.

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NATÁLIA VENERA.

Detesto sentir medo, porém é o que mais tenho sentido. Confusão, agonia, medo. Esses são os sentimentos que fazem meu corpo tremer e paralisar no mesmo momento.

Sinto agonia, pois estou sangrando pelos meu olhos.

Sinto confusão, pois não sei quem sou.

E sinto medo, por saber exatamente onde a dor que sinto vai me levar.

A gente sempre sabe quando o trem vai chegar no fim dos trilhos. Prevemos e sentimos quando nosso possível fim pode chegar. Não sei quem eu sou, fazendo dias que tenho estado presa em minha própria mente apenas aguardando o próximo passo.

Qual será o próximo passo?

Não me lembro do passado, não sei da onde vim ou que costumava fazer quando era menor. Tenho tantas perguntas e pouquíssimas respostas.

O que o passado fez comigo?

O que o futuro vai fazer para mim?

Eu sinto o frio quando sou colocada na maca de ferro gelada, eu tento limpar meu olhos em total agonia, mal consigo ver com tanto esse sangue. Sinto pontadas em meu peito, tão fortes que fica difícil respirar.

Eu esfrego meus olhos ensanguentados, com uma força bruta junto com meus resmungos. Alguém segura minha mão, impedindo meus movimentos.

- Ei, calminha ai. Você vai se machucar assim. - É a voz calma dele.

Christopher.

Eu pisco, tento enxergar algo, mas tudo que posso ver são flashes de luz e vozes abafadas. Sinto um pano gelado tocar meus olhos e o esfregar gentilmente, limpando o sangue com tanta delicadeza.

O toque delicada dele me faz querer dormir. Ele é tão calmo. Eu não o conheço, mas ele me conhece. Ele é confiável. Eu acho.

- Deite na maca. - Ele pede e eu obedeço, sem escolha. Eu me deito com a confiança que ele vai fazer minha dor passar.

- Será que ela vai virar a mulher hulk e ficar verdona como brócolis e atacar todo mundo? - Ouço uma voz masculina bem perto do meu rosto. Eu levei um susto e tento me afastar.

- Robert, cala a boca e se afasta. - É a voz de Christopher, impaciente e irritada. A sombra some de meu rosto.

- Se ela ficar bombada e com a cor igual de chuchu, relaxa que o titio protege vocês, meus sobrinhos. - É outra voz desconhecida, mas essa tem arrogância na intonação.

- Com essa barriga? - A voz é de desdém.

- Não seja gordofóbico.

As vozes ficam mais distantes, ouço um barulho agudo ao meu lado. Mal ouço as vozes ao meu redor, tudo se passa como um filme acelerado.

Eu me sinto fraca, não consigo deixar meus olhos abertos.

Dez minutos ou dez horas depois, eu sinto alguém fazer carinho no meu cabelo. É tão gostoso em meio a dor, então eu relaxo. Eu sinto alguém cortar minhas roupas, sinto alguém furar meu braço e os carinhos gostosos me impedem de me levantar e buscar por explicação.

- Vai acabar rapidinho, boneca. - Ouço o sussurro de uma voz estranha, masculina. Tento visualizar seu rosto, mas tudo que noto são fones de ouvido em suas orelhas.

Eu não entendo o conceito de sua fala, mas mal consigo questionar. Eu não consigo falar.

Meus olhos começam a sangrar novamente, e eu os fecho atordoada.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora