▦﹐💫."Você ainda iria atrás de mim?" [ Scaramouche ]

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" Você acredita em reencarnação? "

Perguntas simples eram feitas, e respostas diretas eram dadas.

" Não. "

Scaramouche tinha uma visão simples das coisas, uma visão direta e assertiva, não se deixando levar por coisas banais e nem fantasiosas.
Oh que irônico, porque a garota ao seu lado era o exato oposto disso.

- Eew?? Eu poderia jurar que você era o tipo de pessoa que acreditasse nisso! - [Nome] exclamou surpresa, abaixando o pincel que utilizava para capturar o homem em sua frente, seu avental sujo com manchas de roxo, vermelho e preto.

Scaramouche - Tsk, o que lhe faz pensar uma besteira dessas? - Ele resmungou, se contendo para não mexer em seu chapéu, sabendo que a garota começaria a resmungar sobre ele se mexer no meio da pintura.
Ele ainda não sabia o porquê exatamente concordou em ser modelo da proxima obra dela, provavelmente apenas estava cansado das incontáveis vezes que ela o chamou incansavelmente.

Ele sabia que o motivo não era esse, mas preferia deixar emoções estúpidas de lado.

- Oh bem! Eu não sei? Acho que puramente instinto haha! - Ela disse, rindo nervosamente enquanto voltava a se esconder atrás da grande tela em que pintava.

O harbinger apenas revirou os olhos, querendo que ela apenas parasse de falar e acabasse a pintura logo, afinal...
... ele tinha uma nação para invadir e recuperar o que era seu por direito.

- Ei, Scaramouche.- Ela o chamou, o fazendo olhar para ela curioso.
Era estranho para ele, estranho que ela o chamasse pelo título completo ao invés daquele apelido idiota que o tinha dado.

Scaramouche - O que foi dessa vez? - Ele perguntou, um tom levemente irritado pintando suas feições.
Mas qualquer traço de irritação foi logo lavado de seu rosto, presenciando algo que ele não acharia que veria tão cedo.
Um olhar completamente vazio no rosto da pessoa mais alegre que ele já tivesse o desprazer de conhecer.

Ele ignorou o como sua garganta se apertou com a visão, e o como seu peito doeu quando ela o encarou com aquele olhar, trazendo em suas feições um sorriso simples, porém que só faziam seus olhos parecerem mais e mais sem vida.

- Se eu morresse, você iria atrás da minha reencarnação? - Ela perguntou, a pergunta deixando Scaramouche confuso.
Afinal, por qual motivo ela perguntaria isso logo depois dele lhe contar que não acredita nesse tipo de coisa?
Scaramouche decidiu ignorar isso, dando apenas a resposta que ele sabia que não era a qual ela queria.

Scaramouche - Entre morrer a ter que te aturar novamente, eu preferia ser devorado por dragartos.

...
O que o assustou mais foi o sorriso aliviado que ela o deu, a falta de resposta o deixando nervoso.

Mas, não era como se aquilo fosse problema dele.
Então ele apenas ignoraria, tamparia os ouvidos e fingiria que nada nunca aconteceu.

「 𖥻  💫 ﹌ 」

Aquela carta parecia zombar dele.

A caligrafia suave queimava sua alma, como um carimbo permanente para o lembrar a mesma coisa repetidamente.

[Nome] estava morta, morta pela própria mente.
Morta por suas próprias mãos.

Ele repetia em sua mente sem parar, como uma mantra que se ele quebrasse, consequências graves iriam decair em Teyvat.

"Não é problema meu.

Não é problema meu.

Não é problema meu.

Não é problema meu.

Não é problema meu.

NÃO é problema meu.

NÃO É PROBLEMA MEU.

NÃO É PROBLEMA MEU.

NÃO É PROBLEMA MEU."

Mas ele sabia, no fundo ele sabia, que não importa o quanto ele tentasse fugir...
... a corrosão em seu peito iria permanecer ali, que mesmo sem um coração, ele poderia sentir a dor em seu peito, a dor em seu corpo.

Céus, ele não sabia nem mesmo o porquê se importava tanto, por que ele, uma marionete sem coração, tinha que sentir tais coisas?

Scaramouche pensou pela primeira vez, que talvez ele pudesse realmente sentir aquilo que sempre zombou.

Amor.

"Se eu morresse, você iria atrás da minha reencarnação?"

Agora ele entendia aquela pergunta, ele realmente entendia.
"Você ainda iria atrás de mim?"

Scaramouche - Eu te seguiria até o fundo do inferno.

Uma pena, uma pena que [Nome] não estava mais lá para escutar seus juramentos.

Uma pena que ela não estava lá para presenciar o vazio que se instalou no Sexto Fatui Harbinger, que estava apenas ali, parado no meio de seu ateliê, em uma mão suas últimas palavras, sua carta de suicídio, e na outra, sua última obra.

Uma pintura dele.

Vendo agora, ele queria ter sorrido mais nesse dia, ele queria ter dado uma resposta melhor, ele queria ter elogiado mais seu trabalho.
Ele queria ter valorizado mais ela.


Scaramouche não acreditava em reencarnações, ele acreditava que a morte era o ponto final, e que ninguém teria uma segunda tentativa após ela...

... Ele nunca desejou estar tão errado agora.



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