Eric não se dá bem com sua técnica de bateria e as brigas e discussões são mais comuns do que a própria música, mas as coisas mudam quando, no meio da turnê, eles acordam com os corpos trocados.
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Chegaram na rádio onde a entrevista aconteceria.
A equipe da rádio recebeu Alex calorosamente, pois estava no corpo de Eric, mas Eric, no corpo de Alex, foi barrado na entrada.
- Não! - Alex disse. - Ela é meu braço direito. Preciso que ela entre.
A equipe da rádio então liberou a entrada de Eric, que correu para o lado de Alex.
A equipe colocou Alex na mesa com um microfone à frente e Eric se sentou ao seu lado, sem microfone, apenas observando.
Receberam um copo com água fresca e se prepararam para o início da entrevista.
- Boa noite, Eric Singer.
- Boa noite! - Alex respondeu.
- A entrevista será curta, iremos fazer algumas perguntas envolvendo a banda, música no geral e coisas assim. Tudo bem?
- Claro!
- Bom, fale um pouco sobre a atual turnê do KISS.
Alex já começou a ficar em pânico, mas se lembrou do que Eric havia dito: seja verdadeira.
Ela respirou fundo e colocou a cabeça no lugar. Estava na turnê também, estava em todos os shows, tinha praticamente a mesma visão que Eric tinha sobre as coisas... Era perfeitamente capaz de responder àquela pergunta.
- Tem sido muito gratificante. O público tem vindo até nós de forma massiva, é bom receber todo esse carinho.
Eric assentiu para ela de forma quase imperceptível, dizendo que ela estava se saindo bem.
- Vocês passam bastante tempo em turnê. Acontecem muitos conflitos? - O entrevistador perguntou.
Alex pensou por um minuto.
Sim, inclusive estou no corpo do Eric nesse momento justamente porque brigamos mais do que devíamos.
Ela se contentou em responder:
- Sempre acontece. Não digo só entre os membros da banda, mas com toda a equipe. Sempre tem.
- E como vocês lidam com isso?
- Tentamos esperar os ânimos se acalmarem e nos colocarmos no lugar do outro. - Ela e Eric trocaram um olhar enquanto ela falava. - Estar no lugar do outro te faz refletir sobre muita coisa.
- Bom, agora vamos falar sobre vida pessoal. Conte um pouco sobre o que você gosta de fazer no tempo livre...
Alex sorriu. Aquela entrevista estava fácil, iria tirar de letra.
Antes de responder, olhou para Eric e ele estava sorrindo, mas o sorriso era diferente, era como se dissesse é isso aí, estou orgulhoso de você. Aquilo aqueceu o coração de Alex.
Tô me sentindo estranha... Quando olho pra ele, não tenho mais vontade de socá-lo. Ops, não tô gostando disso...
***
Quando saíram da rádio, entraram no carro.
Alex apertou o cinto e ligou o carro enquanto Eric falava, animado:
- Você foi incrível! Incrível demais! Eu não teria feito melhor!
Alex riu enquanto acelerava de volta para o hotel. Já era de noite.
- Obrigada, eu disse que era esperta.
Eric riu alto.
- Caramba, você fez tudo de forma perfeita, nenhuma gafe, nenhuma palavra estranha ou constrangedora, nada que pudesse prejudicar minha carreira... - Ele suspirou. - Obrigado, Alex.
Ela parou no farol e o encarou.
- Eu jamais faria nada pra te prejudicar. De nada. - Ela abriu um sorrisinho.
- Eu sei, Alex. Essa entrevista era importante e você enfrentou mesmo estando apavorada e fez isso pormim! - Ele fez uma pausa. - Você é incrível...
Alex sentiu um arrepio na espinha quando o ouviu dizer aquilo.
Era tão bom ouvir ele a elogiando... Aquilo nunca acontecia, eles só brigavam, mas ele acabara de dizer algo legal pela primeira vez e aquilo fora como um incêndio no peito de Alex. Ela não sabia dizer o por quê, mas havia significado muito.
Alex sentiu seu corpo se inclinando em direção a ele, seus rostos se aproximando, quase de forma instintiva. Ambos fecharam os olhos e, quando seus lábios estavam quase se tocando, ouviram uma buzina alta atrás do carro.
Alex imediatamente abriu os olhos e olhou para frente. O farol já estava aberto.
Ela se recompôs rapidamente, acelerou e seguiu pela rua.
Ficaram em silêncio durante todo o caminho para o hotel.
As coisas estavam estranhas. Muito, muito estranhas...
