3 ABORDAGENS

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PRONTO PARA ATIRAR


—ACORDE. TEMOS UM petroleiro.


Eu me levantei do lado do bote onde estava descansando, apesar do vento frio e do mar agitado. Estava encharcado por causa dos respingos. Apesar de ser um novato no primeiro desdobramento, eu já havia dominado a arte de dormir em qualquer condição — uma habilidade pouco celebrada, porém fundamental para um Seal.

Um petroleiro se agigantava à frente. Tinha sido detectado por um helicóptero ao tentar sair escondido do Golfo, após ter sido abastecido ilegalmente no Iraque. Nossa missão era subir a bordo dele, inspecionar os documentos e, se estivesse violando as sanções da ONU, como se suspeitava, entregá-lo aos fuzileiros Navais ou a outras autoridades para que tomassem as providências.

Corri para me aprontar. Nosso bote inflável de casco rígido, usado para diversas missões dos Seals, parecia o cruzamento entre um bote salva-vidas de borracha e uma lancha aberta com dois motores monstruosos atrás. Com dez metros de comprimento, ele levava oito Seals e ia além dos 45 nós num mar calmo.

O gás do escapamento do duplo motor flutuava sobre o bote e se misturava aos respingos de água conforme ganhávamos velocidade. Pegamos um bom ritmo ao seguir no rastro do navio onde o radar não nos detectaria. Comecei meu trabalho e tirei uma vara comprida do convés.

A velocidade diminuiu quando o bote cortou para a lateral do petroleiro, até quase igualarmos o ritmo dele. Os motores do navio iraniano pulsavam na água, tão alto que os nossos eram inaudíveis.

Quando avançamos pela lateral do petroleiro, estendi a vara para o alto e tentei virar o gancho na ponta sobre a amurada. Assim que ele se firmou, dei um puxão na vara, que tinha uma corda elástica.

Peguei.

Uma corda elástica prendia o gancho à vara. Uma escada de cabo de aço estava presa ao gancho. Alguém segurou firme a parte de baixo enquanto o ponta começava a subir pela lateral do navio.

Um petroleiro carregado fica tão baixo na água, mas tão baixo, que às vezes é possível só agarrar a amurada e pular por cima. Não foi o caso ali — a amurada ainda estava bem mais

Eu me levantei do lado do bote onde estava descansando, apesar do vento frio e do alta do que nosso pequeno bote. Não sou fã de alturas, porém, desde que eu não pense muito sobre o que estou fazendo, fico bem.

A escada balançava com o navio e o vento. Subi o mais rápido possível — meus músculos se lembraram de todos aqueles exercícios na barra fixa no BUD/S. Quando cheguei ao convés,os pontas já estavam a caminho da casa do leme e da ponte do navio. Corri para alcançá-los.

De repente, o petroleiro começou a ganhar velocidade. O capitão, que percebeu tarde demais que estava sendo abordado, tentava rumar para águas iranianas. Se chegasse lá, teríamos que pular fora — nossas ordens proibiam estritamente a tomada de qualquer navio fora de águas internacionais.

Alcancei a vanguarda da equipe assim que eles chegaram à porta da ponte. Um tripulante chegou lá mais ou menos na mesma hora e tentou trancá-la. O sujeito não foi rápido ou forte o suficiente, e um integrante do destacamento de abordagem se jogou contra a porta e a abriu com violência.

Entrei correndo, pronto para atirar.

Tínhamos feito dezenas de operações como aquela nos últimos dias, e raramente alguém esboçou resistência. No entanto, o comandante desse navio ainda tinha alguma vontade de lutar e, embora desarmado, não estava pronto para se render.

Ele correu para cima de mim.

Uma tremenda estupidez. Em primeiro lugar, não só eu era maior do que ele, mas também usava um traje completo à prova de balas. Sem falar que eu tinha uma submetralhadora na mão.

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