A COISA, com sua pele escamosa e viscosa, parecia uma mistura grotesca de várias criaturas vindas diretamente do submundo. Suas mandíbulas poderosas e afiadas mordiam as grades da gaiola, emitindo um som metálico estridente que ecoava pelos corredores sombrios. Apesar de não ter olhos visíveis, suas narinas dilatadas se contorciam, captando o cheiro do medo que pairava no ar. Era como se fosse guiada pelo instinto, pelo cheiro do pavor que emanava dos detentos.
Mateus, com os olhos arregalados de terror, mal conseguia articular suas palavras, seu choro era um eco do desespero que todos sentiam. A monstruosidade, impulsionada pelo medo, tentava alcançá-lo, distorcendo as barras de ferro na tentativa desesperada de capturá-lo.
ISSO NÃO PODE SER REAL! O QUE DIABOS É ESSA COISA? EU NÃO QUERO MORRER AQUI!
Foi o que Mateus disse para todos que estavam ali com ele, e ao ouvir essas palavras, a criatura fez um movimento súbito, distorcendo a barra de ferro que a continha na gaiola, como se estivesse ansiosa para alcançar sua presa.
Dessa forma, com gestos frenéticos, Maicon sinalizou para que Mateus ficasse em silêncio, mas nem ele próprio conseguia esconder seu nervosismo.
Eles estavam prestes a encarar algo que desafiava todas as leis naturais, algo que só deveria existir nos recantos mais obscuros da imaginação. A criatura era um enigma, uma ameaça que os fazia questionar tudo o que sabiam sobre a realidade. Perguntas assustadoras ecoavam em suas mentes, indagações que arranhavam as bordas de sua sanidade.
Yuri tremia de medo, gotas de suor escorriam por sua testa enquanto suas mãos mal conseguiam segurar sua espada. O verdadeiro terror se instalava em seu ser, uma sensação que nenhum campo de batalha anterior poderia ter preparado. Ele se sentia impotente diante da monstruosidade à sua frente, um medo primordial que se alimentava de sua coragem.
Enquanto os prisioneiros encaravam a criatura, os cientistas acima deles observavam com uma curiosidade mórbida. Anotavam meticulosamente cada detalhe do horror que se desenrolava diante deles, como se estivessem estudando uma nova forma de vida, ignorando completamente o sofrimento humano. De repente, um dos cientistas fez um sinal, ordenando que um agente puxasse uma alavanca.
Assim, a gaiola da criatura se abriu lentamente, rangendo alto, ecoando pela sala em um som sinistro.
A criatura não hesitou. Ela permaneceu imóvel por um momento, como se estivesse avaliando sua presa, antes de se lançar em um movimento veloz e brutal em direção a Maicon, o prisioneiro trinta e quatro, que mal teve tempo de reagir.
A criatura, em sua fúria voraz, investiu contra o pescoço de Maicon com uma ferocidade assustadora. Os gritos desesperados de Maicon ecoaram na sala, misturando-se ao som dos ossos sendo triturados e da carne sendo rasgada. O sangue jorrou muito alto, em um jorro vermelho escuro, manchando até mesmo os rostos de Yuri e Mateus que viram aquilo, paralisados pelo horror.
O cheiro metálico do sangue impregnou o ar enquanto a criatura devorava Maicon, arrancando pedaços de carne com dentes afiados como facas. Era uma cena tão terrível que nem mesmo a fúria de um leão africano ou o brutal ataque de um tigre indiano poderia se comparar à crueldade daquela criatura.
Movido pelo desespero, Mateus lançou sua espada com força em direção à criatura, na esperança de deferir algum dano nela. A lâmina cortou o ar com um zumbido agudo antes de atingir a criatura, causando um ruído metálico. No entanto, a pele da criatura parecia tão dura quanto ferro, faíscas voaram com o impacto, mas a criatura mal se incomodou.
Com os olhos arregalados de pânico, Mateus olhou para Yuri em busca de orientação, suas palavras saindo como sussurros trêmulos:
E AGORA, O QUE VAMOS FAZER?
Foi então que as palavras dos alto-falantes viera a mente de Yuri, lembrando-os da terrível realidade em que estavam:
"Lembrando vocês, não esperem restar apenas um, pois o monstro não irá parar até matar todos vocês. Não se iludam pensando que acabou."
Yuri, apesar do medo que o dominava, teve um lampejo de compreensão. Ele estava ciente do que deveria fazer. Aproveitando a distração da criatura, ainda ocupada devorando o corpo de Maicon, Yuri se aproximou de Mateus, sua espada refletindo a luz fraca da sala. Seus olhos encontraram os de Mateus por um breve momento, uma troca silenciosa de entendimento e despedida.
Me desculpe - sussurrou Yuri com pesar.
Em um movimento rápido e certeiro, Yuri cravou sua espada no coração de Mateus. O prisioneiro soltou um gemido de dor, seus olhos se arregalaram com surpresa antes de se apagarem lentamente. O chão frio recebeu o corpo de Mateus, enquanto a vida escapava dele em um suspiro final.
Os cientistas que observavam tudo o que estavam acontecendo, se demonstravam muito satisfeitos com a decisão de Yuri, e começaram a anotar freneticamente tudo o que acontecia.
Após alguns segundos, um gás esverdeado começou a se espalhar pela sala, emanando de um dispositivo no teto.
Naquele mesmo momento, o monstro, agora saciado com sua terrível refeição, começou a avançar em direção a Yuri, no entanto, o gás, ao entrar em contato com a criatura, fez com que ela caísse ao chão, inconsciente.
Percebendo aquilo, Yuri colocada seus braços em seu rosto para tentar não respirar aquele gás, mas era inevitável, ele estava começando a ser efetivo em seu corpo.
Sua visão turvou, e ele sentiu uma fraqueza avassaladora tomar conta de si. A escuridão o envolveu, e ele desabou no chão frio e duro, sua mente afundando na inconsciência.
A sala, agora envolta em névoa verde, ficou silenciosa, apenas som abafado de suas respirações era a única evidência de que ainda estavam vivos.
continua...
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ARAJA - O Que Há Abaixo De Nós? (LIVRO 02 - Concluído)
TerrorNo obscuro submundo que permeia nossa realidade, há entidades inomináveis, além da compreensão humana. Criaturas que desafiam as leis naturais e desviam-se da lógica da física. Conceitos que desconhecemos, cujo conhecimento poderia abalar nossa exis...