Capítulo 2

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Lian

     Dirijo devagar pela estrada cheia de curvas de Nova Fontana.

     Está frio la fora e consequentemente quase nenhum carro passando. Eu poderia facilmente afundar o pé no acelerador e chegar mais cedo em casa, entretanto, eu amava apreciar a vista das florestas nevadas daqui. Eu estava realmente com saudades do lugar.

     Respiro fundo e faço a última curvas, no final dela no meio da estrada surgiu um vulto branco e pequeno. Se eu estivesse correndo provavelmente mal teria visto. Aperto com força o freio da Ferrari, o que é pouco eficaz, já que sinto o impacto leve atingir a lataria do carro.

     Inferno, acho que atropelei alguém.

     Praguejo baixo, e saio do carro na intenção de ajudar a pessoa a se levantar e conferir se a machuquei, mas o que vejo me choca.

     Existe uma mulher magra e de baixa estatura inconsciente e coberta de sangue caída no chão.

     Sacudo a cabeça tentando recuperar os sentidos.

     Como eu a machuquei tanto? Estava devagar e a batida foi leve. Deus, será que eu perdi a noção do impacto que aconteceu?

     Checo a garota a minha frente, ela está pálida, com rosto cheio de marcas e seu pulso fraco. Imediatamente ligo para meu irmão.

     – Porra, hoje não é dia pra você demorar a me atender. – O xingo depois de dois toques.

     – Oi, Lian.

     – Atropelei uma garota. – O informo imediatamente.

     – Você o quê? – sua voz soa confusa.

     – Estou na entrada da cidade. Bati nela ao fazer uma curva. Pensei que tinha sido algo leve, mas a garota está coberta de sangue e desacordada.

     Meu De... Não toque nela, vou mandar uma de nossas ambulâncias. Fique no local. Você está bem?

     – Não posso, Christyan. Está congelando aqui e ela está... com roupas finas – parei pra pensar no quão estranho esse fato era tendo em mente o frio que fazia. – Ela vai morrer.

     – Merda! Traga-a para cá, com delicadeza, pelo amor de Deus. Use os cuidados necessários dos primeiros socorros que você aprendeu e, por favor, tenha cuidado. Deixarei a emergência em espera.

     – Estou a caminho!

     Tomando todo o cuidado que consegui ter estando sozinho, coloquei o corpo frágil da garota em meu carro, sem me importar com o sangue sujando o automóvel. Retirei meu blazer e coloquei a roupa por cima de seu tórax. Entrei no carro e dirigi o mais rápido que pude até o hospital de meu irmão. Quando chegamos, toda a equipe junto de Chris nos esperava na entrada.

     Parei o carro saindo quase que imediatamente enquanto os ajudava a tira-la.

     – O que foi que aconteceu? – Perguntou meu irmão já todo paramentado.

     – Eu não faço ideia. Eu... Eu apenas... Ela estava no meio da estrada, eu estava devagar, quando ela surgiu do nada. Eu sai pensando em ajudá-la a levantar do chão, mas quando a vi, ela estava assim. – Observei a colocarem na maca – Não faz sentido algum – Chacoalhei a cabeça agarrando meus cabelos.

     – Você bateu a cabeça?

     – Não!

     Ele andou em minha direção e segurou meu rosto jogando uma luz de lanterna em meus olhos.

E se eu fosse salva?Onde histórias criam vida. Descubra agora