Capítulo 8

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Lian

Estou a semana toda em pico de estresse, desde que escutei o desabafo de Alice. Precisei me controlar muito pra não ir atrás daquele bosta e o mata-lo, mas o santo dele deve ser mesmo muito forte, porque não o fiz.

Em vez disso, hoje marquei com meus advogados um encontro comigo e com ela para que possamos dar um fim necessário a essa história.

Por mais absurdo que meu plano possa parecer quando todos escutarem...

     O celular de Alice vibra e a tela acende.

     A foto em plano de fundo é de Zorro dormindo com o travesseiro dela, a mensagem era de meu irmão perguntando se estava melhor.

     Fico ainda mais irritado. A duas horas estou na companhia dela e não estava sabendo que ela está mal, mas a julgar tudo que aconteceu a ela, tem respaldo pra não estar bem por um longo tempo.

     Pego o celular e sigo em direção a cozinha. Assim que ela apoia a garrafa de café na mesa estendo o celular. Ela me olha enquanto agarra o telefone com o semblante de dúvida.

     – Meu irmão quer saber se você melhorou – digo tentando soar o mais calmo possível.

– Ah!

Ah?

Ela digita algo por um longo tempo, parecendo focada, depois coloca o aparelho na mesa.

– Não me contou que estava passando mal.

– É só uma dor de cabeça. Estou um pouco nervosa.

– Eles já foram orientados a não tocarem em você, não tem que toca-los para cumprimentar e são profissionais. Vai ficar tudo bem.

– Não precisava fazer isso.

– Já disse milhões de vezes que vou ajudar você.

– Não! Não sobre isso. Sobre a parte de me tocarem. Não precisava mesmo fazer isso.

– Você não gosta que te toquem.

– Sim, é verdade. Mas é verdade também que já melhorei bastante nesse aspecto. Está tudo bem e... não quero que me achem mais estranha do que já sou.

Melhorou?

Melhorou com quem? A única pessoa que a toca é Chris.

– Você não é estranha, não diga isso! E se posso evitar, não tem porquê de eu não fazer. – ouço o suspiro dela.

– Você está ainda mais protetor desde que... eu te contei sobre aquilo. Se me permite te fazer um pedido. Quero que pare de pisar em ovos como vem fazendo a semana toda.

Eu venho fazendo isso?

Se sim, não notei, mas no que diz respeito a ela. Eu sempre tomo o máximo de cuidado possível, pode ser que ela tenha razão. Ainda assim, me sinto distante.

     – Você não me toca.

     – O quê?

     – Você toca meu irmão, o deixa te tocar, mas não me toca e nem permite que eu te toque. Exceto pelo dia que cuidou de mim.

     – E você... quer que eu te toque? Que eu te permita... me tocar?

      – Não... quer dizer. Sim, mas não é isso que estou dizendo.

E se eu fosse salva?Onde histórias criam vida. Descubra agora