Capítulo 5

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Alice

– Você tem que me falar, Ali. Não consigo ajudar você se eu não souber a história toda. Precisa confiar em mim.

Chrisyan pedia novamente que lhe contasse o ocorrido, como fazia sempre em suas visitas.

     Eu confiava, não era esse o problema.

     Uma das melhores partes de meu dia era quando ele vinha. Chris é doce e sua presença é agradável, exceto quando toca no assunto ao qual não quero discutir.

– Me diga pelo menos quem ele é – nego firmemente com a cabeça. – Olha onde você está. Ele não pode mais te tocar, Alice. Ele não te fará mais nenhum mal, mas preciso saber o contexto para que possamos continuar te ajudando. Se vocês forem casados ou estiverem em união estável por mais de...

– Ele tentou me encontrar, não foi?

Houve uma série de engasgos dele com as palavras até pronuncia-las. Então mesmo que não responda, já tenho minha resposta.

– Ele não vai encontrar você, mas temos que encontrá-lo.

– Christyan! Você me prometeu que não ia insistir nisso. Por favor...

– Prometi, e fiz isso porque achei que era muito cedo e que você não estava pronta, mas pelo visto você nunca...

– Pelo visto, estou me tornando um problema para vocês. Acho que... talvez esteja na hora de ir emb...

– Não. Você não é um problema e só está aqui a uma semana. Não pode ir.

– Continuo causando transtornos.

– Não. Você não... Jesus!

Fiquei observando sua expressão corporal de longe. Eu nunca me aproximava deles e também não permitia que se aproximassem, a não ser que fosse necessário.

Ele respirava rápido, a face estava tensa e os punhos serrados. Me olhava com angústia. Conseguia perceber a irritação dele a metros, desde que chegou ao apartamento.

     Eu sabia que ele não me machucaria, meu cérebro sabia, mas eu não conseguia convencer meu corpo disso.

     Quanto mais irritado ele ficava, mais eu tremia.

     Me abracei fincando as unhas em meus braços, tentando conter os tremores enquanto dava passadas para trás.

     Foi quando Lian apareceu, as portas do elevador se abriram a o vi atravessando a porta de entrada.

     Seus olhos azuis intensos caíram direto sob mim, me analisando dos pés a cabeça. Só depois levou o olhar a seu irmão.

     Christyan bufou se acalmando e colocou a mão na cintura evitando olhar para ele, mas me olhava bastante.

     – Christyan?

     – Oi, Lian. – Disse mais calmo por fim.

     Eles se aproximaram um do outro e cumprimentaram com um abraço rápido.

E se eu fosse salva?Onde histórias criam vida. Descubra agora