LianMe aproximei da entrada da ala de internação.
Já tinha passado das dez horas. Eu ia chegar atrasado mais uma vez. A culpa era minha, as coisas eram assim em minha empresa, as reuniões sempre se estendiam e não tínhamos hora para parar.
Pelo menos, eu sabia que ela estava bem. Não precisava mais de suporte de oxigênio, já estava conversando e se alimentando, ainda com alimentos leves, mas já era um avanço. Christyan me atualizava todos os dias do seu estado e o seu progresso após as cirurgias de reposicionamento ósseo.
Eu evitava visita-la durante a semana, para que ela não se sentisse vigiada, mas nas sextas-feiras eu sempre aparecia.
Empurrei a porta.
Gritos agudos e estridentes chegam até meus ouvidos.
Assim que escuto, meu corpo trava por alguns segundos.
São gritos intensos acompanhados por choros doloroso. Não vejo nenhum profissional a minha volta esboçar reação, pelo contrário, todos pareceriam neutros ao barulho.
Era só eu que estava escutando aquilo?
Impossível.
O som vem da última porta, no final do corredor.
Ando depressa e apreensivo até o local, até porque, sei bem de quem se trata.
Abro as portas.
Meu corpo se chocou com a visão de partir o coração em que me deparei.
Era ela.
Alice estava encolhida, seus braços com força contra seu peito. Não havia mais ninguém no quarto. Ela estava chorando, respirando com dificuldade. Não notou a minha presença, ou se notou não demostrou.
Só então, percebo que ela estava na verdade dormindo, ou melhor dizendo tendo pesadelos.
Ignorei os pedidos de meu irmão de me manter distante por um tempo. Eu não estava pensando direito, só queria acalma-la.
Me aproximei.
– Alice? – Suspirei pesado. Ela não respondeu. – Alice, você está me ouvindo? Alice?
Ela então acordou assustada. Os olhos dela se abriram, mas sua mente ainda estava presa a sabe-se lá qual lembrança perturbadora ela estava tendo.
Percebi que o hematoma que ela tinha na lateral de seu rosto estava bem menor e com um tom amarelado.
Voltei a observa-la melhor.
Alice não se assustou com o meu toque, com a ponta dos meus dedos acariciando suas bochechas e aqueles olhos que demostravam tanto terror encontraram os meus. Ela me olhou e parou de chorar. Uma sensação estranhamente satisfatória me preencheu. Sua boca sussurrou meu nome, tão baixo que não ouvi, mas percebi seus lábios se movendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
E se eu fosse salva?
Romance• Ali foge dos abusos de seu irmão e acaba sendo encontrada de uma forma peculiar por alguém que vai protege-la a qualquer custo. Como saber em quem ela pode realmente confiar? Quem é seu salvador? 📌ATENÇÃO : Esse livro abordará tema...