Capítulo 5 - Parte 2

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Deixa a estrela! E olha essa fofura vestida pra jogar na seleção feminina.

Sofia
***

Precisávamos caminhar

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Precisávamos caminhar. Quando íamos a cidade, nós pegamos uma diligência que sempre passava de tantos em tantos dias. Papai lhes dava umas moedas e ela nos levava e trazia posteriormente. Não tínhamos nenhum animal de carga, papai queria comprar um e fazer as suas vendas mais vezes no mês.

A estrada de terra quase não tinha movimento, mal passavam duas carroças de tão estreita. A passagem era tampada pela mata, que ia descendo formando os cantos da estrada. Nessa época do ano, tudo estava tingido de vermelho desbotado da poeira seca da estrada, era impossível dar um passo sem levantar poeira.

Me determinei a fazer o caminho todo caminhando, nas primeiras horas meus pés já pulsavam e meu nariz queimava pela poeira, ainda assim me mantive firme. Depois de meio dia de caminhada com a trouxinha de coisas nas minhas costas, já não sentia nada da cintura para baixo e parei chorando.

Mamãe andou um pouco, até olhar para trás e perceber que eu não conseguia mais continuar sozinha, aqueles olhos eram fundos de mais, como um abismo, rodeados pelos arcos dos enormes girassóis que apareciam como pragas nas estradas.

Ela se abaixou para eu subir em suas costas e continuamos o caminho. Fiquei soluçando, tentando não molhar as suas costas com as minhas lágrimas, vendo o amarelo distorcido dos girassóis.

Quando já não conseguimos mais enxergar um passo à nossa frente, subimos pela baixa encosta, limpamos um local para deixar as nossas coisas e outro para fazer uma pequena fogueira.

Estavamos comendo pão e carne seca já dessalgada, quando na estrada surgiu movimento. Um exército de carroças, passando todas com o mesmo símbolo de círculo preto com uma vespa dourada.

Abracei a mamãe, tremendo enquanto pensava naquele rosto sem expressão. O rosto inteiro da mamãe tremia, mordia o próprio lábio com força de fazer sangrar. Ela procurou entre a sua trouxa e pegou o saco de moedas. Seu braço tremia, seus olhos estavam focados na estrada, mas alguma coisa parecia estar lhe segurando.

Ela não comeu nada ou dormiu, quando com muita dificuldade consegui tirar poucos minutos de sono, ignorando o barulho e a poeira, acordei com ela na mesma posição segurando o saco de moedas. Amanheceu e eu não conseguia dizer nada, era um silêncio muito desagradável. As carroças, criavam nuvens de poeira enquanto passavam.

Pegamos uma carona, com uma dessas carroças. Perguntei sobre o que eles estavam fazendo com tantas pessoas e tive uma resposta rápida: (seria uma grande construção e precisava ficar pronta para ontem) Não precisava perguntar para saber o local exato.

Fomos deixadas na entrada da terceira zona, onde uma fila de pessoas estava esperando. Roupas velhas e sacos e sacolas com algum tipo de comida. Logo após sairmos o nosso lugar foi ocupado e a carroça deu meia volta, com mais uma nuvem de poeira, que nos fez correr para longe.

Dama De Ferro (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora