Prólogo (Kadna)

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Me jogaram de cima do teto

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Me jogaram de cima do teto. Só tinha sobrado eu, mataram toda minha família. Elas não vão desis...

(Ferreiro, 42 anos. Entrouvido no últimos segundos antes da morte).


Kadna
***

Íamos tão rápido quanto as nuvens brancas brincando no céu de um azul claro tal, que parecia ter vida própria. Abaixo, brancas como as nuvens, centenas de ovelhas pulavam de um lado pro outro em busca do mato cor esmeralda que cobria as colinas ao nosso redor. Às vezes esmagando uma flor, independentemente de quão bonita fosse. Um beija-flor com penas azuis metálicas zumbiu a poucos metros, nos encarando, mas parou ao passar por uma árvore repleta de flores amarelas. O vento entrava pela brecha da lona, fresco, e se transformava num ar húmido e nauseante que coçava meu nariz pelo cheiro de suor e sangue que saía da boca de Lisa e formava uma poça no chão. Zia, sua parceira, tentava de forma fútil se balançar para livrar o pescoço das mãos encouraçadas que abraçavam sua garganta como se fosse uma bolinha de papel.

Envolvi as pernas de Lisa com as garras de aranha e puxei pro alto, fazendo a mutante cair de costas. No mesmo instante em que Colie quebrou suas mãos com um estalo que ecoou dentro da carroça pra soltar o pescoço de Zia, junto, o berro de Lisa que balançava as mãos quebradas no ar. Zia também foi arrastada ao chão pela corrente que as ligavam. Caiu de joelhos ao lado da mutante que se inclinava pra atacar seu pescoço de novo, mesmo com as mãos destruídas.

Pulei sobre Lisa, e finquei uma garra em cada braço e perna, até atravessar a madeira do assoalho. A mutante me fitou com as pupilas vermelhas de sangue, enquanto se debatia, aumentando os rasgos nos membros.

- 105, me livra disso!!! - Zia implorou à Colie enquanto puxava, sem resultado, o grilhão do próprio punho e tentava se afastar de Lisa não mais que o um metro permitido pela corrente feita com as nossas próprias couraças – CARAMBA, EU NÃO QUERO MORRER!!! ME AJUDA!!!

- Eu também preciso de ajuda aqui!!! – chamei atenção de Colie, tentando puxar seu braço com a corrente que nos ligava, mas ela sequer se moveu. Os braços de Lisa estavam quase rasgando. Se escapassem, eu estava ferrada. Finquei mais uma garra em cada membro, me rendendo um banho de sangue com seus berros, logo abaixo de mim.

Zia segurou as mãos de Colie ao redor da corrente com a mão livre e apertou com todas as forças, implorando pra que Colie as esmagasse. Um segundo depois, um gatilho foi armado vindo da frente da carroça.

- Solte isso e eu vou arrancar sua cabeça, besourinho – falou o guarda.

De repente, Lisa parou de tentar se livrar das garras.

- A mutação parou? – indagou Colie encarando a mutante em silêncio.

As pupilas de Lisa dilataram e logo a mutante começou a convulsionar derramando mais uma poça de sangue ao seu redor pela boca.

Dama De Ferro (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora