Capítulo 3

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César poderia virar as costas e sair dali,ir embora,escolher outro caminho,da mesma forma como Helena fizera há anos atrás,mas se recusou a deixar que ela percebesse o quanto estava perturbado por vê-la outra vez.
Queria ser aquele que havia matado e enterrado tudo o que acontecera entre eles no passado. Pagar com a mesma moeda,causar a dor que ele jurou nunca mais experimentar,mas por um momento, o rosto dele se encheu de paixão, passando os olhos sobre o corpo dela,deu alguns passos com a intenção de puxá-la para si, mas suas pernas pareciam ter vontade própria,em vez de trazê-lo mais para perto, o afastaram novamente.

- Por favor,espera. - Helena suplicou,não se importando que sua voz tivesse soado mais alta.

Por um momento,nenhum dos dois se mexeu,Helena respirava com agitação que  seus seios se erguiam e baixavam,arfantes,Cesar se virou novamente e seus olhares se cruzaram e dessa vez ela teve a certeza de
ver,além da surpresa, algo parecido com sofrimento nos olhos dele,que estava com os braços caídos ao longo do corpo.
Depois de algum tempo,ela não aguentou mais aquele silêncio.

- Eu tenho tanto para te falar. - ela murmurou. - Faz tanto tempo...tanto esperei por esse momento.

César ficou paralisado,franzindo a testa, sem saber se a escutou direito.

- Eu sempre desejei que isso nunca acontecesse. Que eu nunca encontrasse você.

Helena sentiu o peso das palavras como uma faca atravessando seu coração.
Mas era o pior momento para se ter um ataque de remorso,mas ele chegou sem
aviso,gelando seu sangue,a enchendo de desprezo por si mesma. De arrependimento e dor.

- Não posso dizer a mesma coisa,porque eu sempre quis esse reencontro. - disse sincera. - Me escuta por favor.

Cesar estava respirando com dificuldade também, mas estava controlado.

- Você sempre achou que as coisas fossem simples. E continua achando isso,que tem que atirar uma moeda e fazer um pedido que vai acontecer. - por um breve momento ele olhou no rosto dela,estava difícil de encara-la. - Não temos nada a dizer um ao outro.

Ela negou com a cabeça.

- Temos sim! São tantas lembranças,tantas coisas que não foram ditas.

- As lembranças nunca são iguais,não para nós. Você se lembra das coisas boas,porque eu nunca te fiz mal,mas eu...eu te amava, Helena e só consigo lembrar das coisas ruins.

Amava? Aquela palavra a sacudiu com violência. Teria aquele amor acabado?

- Eu te amo.

- Então você descobriu isso? - ele perguntou  sombriamente. - Precisou escolher outro para descobrir? Precisou nos machucar? Eu não te amo mais,eu segui minha vida como você me pediu.

O peso na voz dele fez com que Helena levantasse os olhos e por um momento,
captasse uma expressão indefesa nos olhos de César. Que logo desapareceu,mas
mostrou a ela algo que ele estava tentando esconder.

- Quanto tempo você vai ficar no Rio de Janeiro? - ela indagou,se não fosse naquela noite queria ter outra oportunidade.

- Eu moro aqui.

A voz dele penetrou na mente dela. Ele morava no Rio? Aquela não era a última oportunidade de vê-lo.
O melhor seria dar tempo a ele,disse a si mesma. Tempo para pensar,para sentir o peso daquele reencontro e se ele a amasse ainda,para compreender que fugir não iria resolver problema algum.

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