|DIA DOS APAIXONADOS|

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Em celebração a todos os amantes: a presidente e sua primeira-dama.

Junho de 2001, o primeiro dia dos namorados.

Parada no meio de um corredor no supermercado, Soraya encarava a imensidão de possibilidades. Passeava os olhos estreitados pelos rótulos de molho pronto para massa, tentando responder uma única pergunta: Estamos mesmo fazendo isso?

O barulho das rodinhas de um carrinho de compras lhe roubou a atenção. Simone entrou na seção empurrando-o com um único produto dentro, uma garrafa de vinho tinto. Nada muito caro. Parou próximo à loira, o suficiente para colocar uma mecha rebelde de seus fios longos atrás da orelha.

Nessa época, os cabelos de Soraya alcançavam o meio das costas, escorridos, com leves nuances iluminadas de um loiro que em breve predominaria os seus fios. Um sorriso genuíno tomou conta do cantinho de seus lábios. Ao ver a curvatura se mostrando, Simone se inclinou lateralmente até o pescoço dela e deu um cheiro.

"Qual a sua massa preferida?" Perguntou, a boca encostando na orelha. Thronicke olhou para os lados e soltou um longo suspiro. Sua professora e amante estava mesmo sussurrando ao pé de seu ouvido em público?

Estavam juntas há poucos meses desde que o semestre voltou. Aquilo era totalmente novo, tanto para a mais jovem quanto para a mais velha.

"Penne." Soraya respondeu. Simone tinha mesmo afetado ela; até a qualidade de sua voz era precária. Saiu rouquinha e manhosa. Ela precisou dar um passo para o lado, se afastando. Apontou para uma prateleira acima da sua cabeça, que nem na ponta dos pés alcançaria. "Ali. Quatro queijos. Nós podemos passar nos frios e..."

Tebet pegou em sua nuca e a puxou de volta para lhe dar um selinho demorado, aproveitando que estavam sozinhas. Era seu jeito de dizer que faria um molho do zero, se Soraya assim quisesse. Faria qualquer coisa por ela. Soraya não se sentia muito diferente de Simone nessa ocasião.

"Já chega... Vamos logo... Do contrário, fica tarde demais, você vai embora e amanhã eu tenho um trabalho seu para entregar." Thronicke disse quando as bocas úmidas se descolaram e se afastou da morena mais uma vez, com um pesar muito grande em seu tom, continuando a caminhar pelo corredor. Só restou a Simone acompanhar ela com o carrinho de compras, pegando cada  ingrediente que faltava para aquele jantar especial. No fundo, Tebet sabia que o tom descontente de Soraya não tinha nada a ver com a faculdade e os prazos para a atividade.

Era o primeiro dia dos namorados.
A primeira vez que Simone cozinharia para Soraya.
E outra, que Thronicke não sabia e que martelava na mente de Tebet: Quem disse que ela iria embora?

Simone girou a chave de seu apartamento. Estava por trás de Soraya, com a mão esticada para alcançar a fechadura. O queixo da morena estava apoiado no ombro de uma Soraya mais baixinha, que usava tênis e calça jeans para assistir suas aulas noturnas.

"Entra, bemzinho." Simone disse baixo. Soraya já tinha ido àquele apartamento algumas vezes, mas nunca havia dormido. E quando Simone ia até o seu, ela também nunca ficava. Quando Tebet mudou o trajeto na volta das compras para a janta, a loira sentiu o estômago revirar. Sabe as ditas borboletas? Sim.

Juntas colocaram as compras na bancada. Simone tirou do corpo o terno, abriu alguns botões da camisa e tirou os saltos. Soraya se livrou da jaqueta, prendeu os cabelos longos em um rabo de cavalo e também tirou o all star.

As duas lavaram as mãos em um silêncio que por vezes se perdia entre o conforto e o constrangimento.

"Quer ir tomar um banho? Eu faço o nosso jantar e mais tarde a gente faz a sobremesa na cama." Simone sugeriu quando Thronicke encostou seus quadris fartos na pia e descansou o peso do corpo. Não havia muito o que Soraya fazer, sabia cozinhar mas naquele jantar, Simone almejou ter todo o crédito.

Labyrinth [Simone x Soraya]Onde histórias criam vida. Descubra agora