N/A: Como sei que esperaram muito, serei breve! A recomendação musical de hoje é The Great War, da Taylor Swift. Boa leitura, labyrinters!
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Durante todo esse tempo, em cada viés desse labirinto, Simone Nassar Tebet e Soraya Vieira Thronicke Tebet estavam varrendo a poeira para debaixo do tapete. Foi isso que aconteceu e é isso que acontece até o presente momento, apesar de tantos anos, de tantos acertos e, principalmente, tantos erros que deixarão marcas eternas. Quanto à poeira, digo sobre assuntos mal-resolvidos. Uma crítica atravessada, a ausência de um pedido de desculpas, a falta de disposição e coragem. Mas nunca, nunca a falta de amor e sacrifício. Se varrem e evitam os conflitos diretos, é tentando acertar. E mesmo assim, erram, porque essa história não retrata um conto de fadas. Nela, mulheres reais, lidam com os seus problemas reais, da forma mais complexa que foram ensinadas a ser. Simone nunca recebeu um manual. Soraya, sempre recusou ajuda. E agora, pareciam atreladas a um cronômetro. Era agora ou nunca, o tempo de fazê-las dar certo estava acabando... Tic-tac. Tic-tac.
I vowed not to cry anymore,
If we survived the Great War...
Eu jurei não chorar mais,
se sobrevivêssemos à Grande Guerra...Quando Milena saiu de seu quarto, segurando seu celular com firmeza em uma das mãos, percebeu o quanto estava chovendo naquele fim de noite. Ela caminhou rapidamente, rompendo a distância até o quarto de suas mães como um furacão. Ao passar pelos corredores escuros um relâmpago clareou todo o Palácio através das paredes de vidro e logo o som tenebroso de um trovão estrondou nos ouvidos da única herdeira da Presidente. Ela segurou a maçaneta com força, soltou o ar e deu duas batidas fracas antes de abrir. Há uma estranheza, um déjà vu de nossa parte. Algumas pessoas dizem que, quando algo importante está prestes à acontecer, há sempre um sinal. Simone havia desenvolvido um desgosto particular em trovoadas. Quando chovia assim, tinha péssimas lembranças. Foi numa noite dessas, que Soraya pediu o divórcio. E seria numa noite dessas, que talvez, ela descobrisse que devia ter assinado.
Tic-tac. Tic-tac. Estava decretado oficialmente o começo do fim. Simone e Soraya começavam a reconhecer os próprios corredores do seu labirinto particular. Estavam encontrando a saída. Juntas ou não, elas estavam.
And maybe it's the past that's talking,
E talvez seja o passado que está falando,
Screaming from a crypt...
Gritando de uma cripta...
Telling me to punish you for things you never did.
Me dizendo para te punir por coisas que você nunca fez.All that bloodshed, crimson clover
Todo aquele sangue derramado, trevo carmesim
Uh-huh, the bombs were close and
Uh-huh, as bombas estavam perto e
My hand was the one you reached for,
Minha mão foi a que você buscou,
All throughout the Great War.
Durante toda a Grande Guerra."Mi, aconteceu alguma coisa?" Simone perguntou meio atordoada, passando as duas mãos pelo cabelo bagunçado, ela parecia ter despertado de um breve cochilo quando a filha entrou. Soraya nem se mexeu, a medicação da noite era sempre mais forte que a da manhã, fazia a loira dormir bem mais cedo do que estava acostumada e passava a noite em um sono profundo, enquanto Simone assumia o seu lugar em uma vigília constante, passando horas e mais horas em claro durante a madrugada.
O semblante de Milena era pálido. A mais nova parecia nervosa, os lábios estavam trêmulos e tinha aquele olhar atordoado que Simone reconhecia quando algo estava prestes a fugir do controle dela. Ao contrário do que pode ter parecido, Simone nunca foi uma mãe ausente. Talvez, uma mãe ocupada. Mas nunca ausente. Conhecia Milena como a palma de sua mão. Sabia seus comportamentos, seus trejeitos, suas manias e principalmente os gatilhos de sua ansiedade.
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Labyrinth [Simone x Soraya]
FanficRelacionamentos são como labirintos. Muitos caminhos vos levarão à becos sem saída. Será complicado acertar no percurso e não dar de cara com os mesmos "erros" já cometidos. Mas, se persistirem... encontrarão uma saída juntos. Não para um oásis irre...