Labyrinth [Simone x Soraya]

|CAPÍTULO 11|

N/A: Olá, labyrinters. Espero que esse capítulo se torne uma boa distração para vocês mediante um domingo de tanto terror. A música de hoje é Mastermind, da Taylor Swift. Aguardo vocês nos comentários. 🖤

•

Após a saída de Lígia Savoia de sua casa, Simone olhou para os lados e optou por privacidade. Acertou em cheio quando a conduziu para o quarto e de portas fechadas disse: "Pode começar." Encarando o rosto confuso de Soraya. Sentada na cama das duas, muito nervosa e expressiva, a loira disse tudo o que se lembrava.

Mediante o quebra-cabeça que sua vida se tornou, Soraya havia acrescentado mais uma peça e agora estava tentando ajudar Simone a montar.

"Nos últimos meses, nossa filha me convenceu a fazer terapia." A ex-senadora sul-mato-grossense olhou para as mãos unidas no colo, na tentativa de amenizar a ansiedade. Sabia conscientemente que Simone não a julgaria por procurar ajuda psiquiátrica, mas talvez, a morena o fizesse com as informações que estavam prestes a serem reveladas.

Por outro lado, Simone foi pega de surpresa com aquela notícia. Nunca se quer passou por sua cabeça que o endereço frequentemente citado pelo encarregado da segurança ao ser indagado por ela mesma, fosse o destino de uma clínica especializada em saúde mental. Estética — era como Simone justificava a nova rotina de sua esposa.

A realidade se mostrou espelhando os sentimentos de Soraya aos seus. Em nuances diferentes pode-se observar as duas experimentando o gosto amargo de serem gradativamente excluídas da rotina e dos problemas mais íntimos uma da outra.

Não muito diferente do que se esperava, Simone Tebet era capaz de minimizar as ameaças e tentativa de assassinato para colocar os problemas da sua Soraya em primeiro lugar. Só que advogar pela parcela de culpa que tinha não cabia naquele momento. A sua primeira-dama precisava ser acolhida e ela era a única que poderia fazer isso.

A morena se aproximou e se sentou ao lado dela. Muito cuidadosamente tocou a superfície dos joelhos da loira, tecendo círculos pequenos na pele bronzeada. "Continue, por favor." Ela pediu, tentando prender a atenção dos olhos inquietos de Soraya.

"Depois de muita insistência de Milena, procurei um psiquiatra. Fui diagnosticada com transtorno de ansiedade e depressão. Além da terapia, ele me receitou alguns remédios. O Alprazolam é um deles."

"Soraya..." Simone estava falando com cautela outra vez, assim como o fez minutos atrás.

"Si... Eu estava lidando com muitas coisas. O escritório crescendo por causa do seu nome," Tebet a repreendeu com o olhar como se dissesse: nosso nome. Soraya abaixou a cabeça desviando os olhos e continuou. "nossa separação, a saudade, a frustração, o medo..." Ela suspirou pesadamente.

"Eu entendo."

"Eu sei." Soraya respondeu, indicando que o verdadeiro problema estava mesmo por vir. "Acontece que quando você estava internada, Jonas buscou as nossas coisas, a minha bolsa, meu celular e eu não achei o remédio nela. Por alguns dias, eu pensei até que tinha esquecido ele em casa. Mas eu sei que levei para a viagem e não o encontrei quando voltamos. Precisei de receitas novas."

Simone afastou as mãos das pernas da esposa e as duas se olharam. Havia uma interrogação imensa desenhando as linhas de expressão na testa da Presidente da República. Simone estava pensando sobre tudo, exageradamente.

"Simone. Não fui eu. Você acredita em mim, não é? Você..." Simone ergueu a palma, pedindo por um silêncio que Soraya não fez. "Naquele dia eu acabei trocando a senha do meu celular quando você estava internada. Eu não sabia em quem confiar e fiquei muito tempo longe das minhas coisas, Si."