CAP. BÔNUS 01 ( VOLTANDO AO LAR)

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Kalliope

Fiz muitas coisas erradas sob pretexto de estar fazendo por amor

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Fiz muitas coisas erradas sob pretexto de estar fazendo por amor. Ser mãe não é nada fácil, a maternidade romântica é uma ilusão, mas ser mãe de um ser híbrido é algo que está em outro patamar.

Depois que Heloísa foi levada, decidi não ter filhos e meu jovem esposo estava ciente, inclusive concordava comigo. Não queríamos mais ser vítimas das escolhas de gente egoísta. Nossa descendência fora vendida muito antes de nascermos. Então, decidimos que tudo terminaria com nossa morte. O pacto do qual não escolhemos fazer parte acabaria com o fim das nossas vidas.

O problema era que esses aliens idiotas estavam sempre por perto…sempre nos tendo em sua mira. Numa dessas, meu querido companheiro entrou em disputa com eles e levou a pior. Restou-me a viuvez, porém fiquei ainda mais convicta de que filhos não era uma opção. 
Bom, isso até conhecer Rhakiw, o belo exilado de Antaron. Minha vida virou de pernas para o ar. Não tinha como não me apaixonar por alguém assim.
Resultado: pari Lígia meses depois.
Minha pequena e amada filha; meio humana, meio alienígena.

Estávamos encantados por sermos pais. Porém, pouco tempo depois, nosso pequeno tesouro foi descoberto correndo pelos arredores da fazenda. Iniciamos uma corrida frenética para protegê-la de visitantes indesejados. Jamais a entregaríamos nas mãos daquela raça nojenta. Não importava que meios precisássemos usar para este fim. E sim, usamos meios escusos.

Rhakiw tinha poderes excepcionais, o que foi uma mão na roda na execução do nosso plano.
Vez ou outra ele teve que apagar algumas memórias.

Enquanto criávamos uma redoma ao redor de Lígia, o tempo foi implacável. Acabei descobrindo minha incompatibilidade com meu amor, o que me obrigou a me afastar. Eu me tornei uma velha,  ele não mudou nada. Para piorar, nossa filha tinha seus genes predominantes. Assim que se tornou adulta, seu envelhecimento desacelerou. Ficamos com mais problemas para lidar e isso era só a ponta do iceberg.

No fim das contas, o local que sempre foi o meu lar, se tornou um campo minado, não só contra os alienígenas perseguidores, mas também contra os curiosos indesejados. Tivemos que inventar uma mãe para Lígia que a abandonou aos meus cuidados e acabei virando avó da minha própria filha. Meu coração se endureceu, um pouco, nesse percurso. Rhakiw se distanciou de nós, mas sempre se manteve atento e por perto. Foi um golpe muito duro para nós.

Mais tarde, descobrimos que Lígia podia ter cio igual as fêmeas de Antaron e numa dessas, ela quase matou seu namorado, por ser imensamente mais forte que ele. Chegamos à conclusão de que ela deveria ser mantida no escuro sobre sua própria história e seu pai apagou sua memória. Aliás, teve que fazer isso muitas e muitas vezes, pois nossa teimosa híbrida sempre conseguia burlar suas barreiras psíquicas, relembrando tudo.

Quanto a seu namorado, mentimos para sua família; forjamos um acidente. Através de lembranças implantadas, fizemos ele acreditar nisso e depois de meses de recuperação, o pobre garoto voltou a andar.
Vivemos uma razoável tranquilidade após esse episódio.
Mas sempre precisando abafar algo aqui e ali.

Não foi grande coisa quando décadas depois, os habitantes da Terra descobriram que não vivíamos numa bolha, que não éramos o centro do universo, mas senão seus animais de estimação. Agora, mais que nunca, os "raça cinzenta" não se incomodavam de ir e vir em nosso quintal, tentando uma brecha para levar minha filha.
Que raça maldita! Não importava quantos matávamos, sempre apareciam mais e mais. Os desgraçados se proliferam igual aos ratos.

Numa medida desesperada, comecei a arranjar pretendentes para minha filha. Obviamente era apenas um paliativo, levando em consideração que se ela entrasse no cio de novo, poderia matar o "escolhido". Bem, uma coisa de cada vez. Os sacrifícios eram necessários. Por outro lado, os cinzentos costumam ser condescendentes quando alguma fêmea da família resolve arrumar um companheiro; gera mais lucros para eles. Significava a continuidade de nossa linhagem. Vi o sorrisinho cínico de um deles para mim, assim que descobriu que eu havia tido descendente. 

Eu só não contava que traria o próprio comprador de minha filha para casa. Foi um choque descobrir que por pouco uma cobra não a levou.
Se não fosse por Ikion, agora eu teria muitos netos "cobrinhas". Não consigo nem pensar nisso sem me embrulhar o estômago. Minha pobre filhinha estaria cercada de seres asquerosos e tendo uma vida miserável como chocadeira.

A melhor parte de tudo isso, foi ter encontrado o filho de Heloísa. Serei eternamente grata a ele por ter nos ajudado. Por ter feito tudo para que Lígia tenha uma vida feliz, sem mais perseguições.
A generosidade dele se estendeu a mim, oferecendo reaver minha juventude quando abri o jogo sobre tudo que precisei fazer até ali, não só por minha filha de sangue, mas a de coração. Porque sim, também lutei para manter a mãe dele em segurança, mas falhei miseravelmente.

Após ter cometido tantos erros, não sei se tenho direito a tanta felicidade, porém vou abraçar essa nova oportunidade ao lado de Rhakiw e nossa filha.
Depois dela ter entrado no cio e passado o período de necessidade com Ikion, não tenho dúvidas de que formarão um casal. Aliás, ele foi bem protetor em relação a ela durante a audiência com Seth, segundo fui informada.

Confiei no meu sobrinho/neto quando ele me disse para não interferir durante a audiência, que ele faria o melhor para todos. Fiquei incumbida de ir atrás do meu alien, afinal ele estava hospedado ali perto do a identidade de Lígia e convencê-lo a ponderar sobre uma aliança entre Alfa-Kynl e Antaron. Sei que é um joguete de Seth, mas eu no lugar dele faria o mesmo, afinal ele é um rei e tem seus próprios interesses.

No fim das contas, se algum desses aliens teimosos acha que perdeu a dignidade ou um pouco dela, mas foi o único dano sofrido; lucramos muito mais. 
Agora estamos a caminho de Antaron. O tempo de exílio de Rhakiw já se extinguiu e eu e Lígia somos prova mais do que suficiente de que ele mudou. 
Sim, sei os motivos que o levaram até a Terra. Não cabe a mim julgar, afinal foi graças a isso que o conheci e direta ou indiretamente, essa foi a salvação da minha família.

— Está apreensivo?! — adentro em nosso alojamento, sabendo que falta pouco para chegarmos ao nosso destino.

— Confesso que sim! — ele me encara dando passos em minha direção e beijando minha testa suavemente. — A princesa Ravena é nossa rainha agora. Não imagino o quanto pode ter mudado na minha ausência!

— E isso é ruim?! Mudanças podem ser boas…

— Sim…acredito piamente nisso! — fala me dando um beijo demorado nos lábios.

À princípio, quando nos encontramos após meu rejuvenescimento, acreditei que ele não me perdoaria por tê-lo afastado de mim e qual não foi a minha surpresa com sua única reação, que foi me abraçar forte, como se tivesse recuperado algo que se perdeu.

De outra parte, a memória da nossa filha foi restaurada. Ela não lidou muito bem com o fato de que quase matou alguém, por outro lado, entendeu nossas razões. Eu realmente devia agradecer por ela "puxar" ao pai nesse lado racional. Sei que estou sendo egoísta, mas por décadas sonhei com o seu perdão e ela nos perdoou.

— Se continuar me beijando assim não vou me controlar e temos vizinhos de quarto! — aviso.

— Hum! Estou contando com isso! — novamente beija meus lábios, enquanto esmaga meu corpo contra o seu.

Senti tanta falta de sua pele na minha; de tê-lo dentro de mim. Fiquei totalmente quebrada quando tive que afastá-lo, sabendo que morreria sem jamais poder ficar com ele novamente. Não irei desperdiçar essa nova chance.

Ele me ergue abruptamente,  de modo que abracei seu corpo com minhas pernas. Suas mãos estão apalpando as duas bandas da minha bunda. A sensação é maravilhosa. Meu corpo recorda nitidamente cada toque seu, mesmo depois de tanto tempo. Tudo em mim se acende por esse macho maravilhoso…

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