"Sabe, eu não entendendo porque você nunca vende eles... não que eu queira comprar. Longe de mim essas coisas."
"Essas coisas têm nome, Crowley. São livros."
O diabo revirou os olhos ao perceber que o anjo refazia um dos seus hábitos mais comuns: corrigí-lo.
Afinal de contas, após mais de 6000 anos desde que realmente se conheceram, algo você deveria aprender sobre seu suposto 'inimigo mortal'. Caso isso valesse nota, Crowley gabaritaria: o ruivo deveria saber praticamente todos hábitos e todo o 'jeitinho' de Aziraphale, tudo já na ponta de sua língua.
Caso você perguntasse a ele quais são, 'Ser mais obediente do que deveria', 'De repente se viciar em coisas banais da Terra' e 'Nerdola' (uma palavra que havia aprendido recentemente e a achou destinada ao anjo) seriam as suas três primeiras respostas. Obviamente, ele responderia por último 'Ter um coração bom', 'Ser bom em quase tudo que faz' e 'Ser um bom companheiro'. Todos já sabiam que Aziraphale era uma bondade de pessoa, principalmente Crowley, logo ele achava praticamente desnecessário apontar isso.
"Tá, tá... mas então esses livros só ficam pegando poeira?" O demônio retrucou em certo tom irônico: ele já tinha descoberto que Aziraphale odiava ironia (não no geral, só quando era vinda de Crowley) e bem, ele amava fazer comentários com essa entonação, fazer o que.
"Mas... mas é claro que não!" Um sorriso safado abriu-se em seu rosto "Eu leio, no mínimo, 7 livros desses por semana!"
"Era melhor falar que lia um por dia..."
"O meu ponto, Crowley," O sorriso do ruivo mostrou mais ainda seus dentes enquanto olhava o outro "é que esses livros não estão apenas 'pegando poeira'. Para falar a verdade, eu tô lendo um nesse exato momento!"
Andou batendo seus sapatos no chão. Seu semblante deixava evidente o quanto o anjo sentiu-se ofendido pela alegação de Crowley.
Buscou primeiro nas prateleiras, vendo título por título.
Para ser sincero, Aziraphale amava mais a estética e a ideia de ter uma biblioteca com vários livros históricos do que realmente ter vários livros históricos. Ele tentava folheá-los para uma leve leitura, porém ele nunca conseguia passar da página 20 sem ter lido algum comentário misógino. Afinal das contas, era sempre a primeira edição que ele possuía, logo, maioria das vezes, era um homem do século XVIII que escrevia essas frases preconceituosas, sempre humilhando a mulher.
Obviamente, havia exceções: quando recebeu os livros de Jane Austen da própria, o anjo encantou-se pela sutileza e escrita da jovem moça, o que o fez um certo de um 'expert' nos livros dela. Também havia 'O Retrato de Dorian Gray'. Até Crowley soube o impacto que aquele livro trouxe a Aziraphale.
Mesmo com esse certo 'nervosinho' sobre o preconceito da época, o bibliotecário não impedia-se de começar uma outra obra, e era isso que provaria ao demônio.
Ao não achá-lo entre os diversos livros, foi em direção a sua mesa de trabalho a qual possuía o cheiro de chocolate quente, de papel antigo e, por algum motivo curioso, de massinha. Crowley, que já esteve na biblioteca muitas mais vezes do que ele imaginava, nunca encontrou a origem do cheiro. No fundo da cabeça dele, ele sempre queria perguntar a Aziraphale sobre a questão, porém sempre esquecia-se.
"Cadê, cadê..." Tirou, colocou, mexeu em várias coisas que estavam na escrivaninha, como seus desenhos que fazia tanto de seus conhecidos quanto de objetos aleatórios, várias canetas pretas de diversas marcas mas muito antigas, sua xícara a qual o conteúdo explicava o cheiro de achocolatado etc etc.
Crowley aproximou-se do anjo, observando sua expressão tensa. Viu seus diversos desenhos.
Até que um atraiu seu olhar.
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estrelas || aziracrow
FanfictionNo início dos tempos, Crawly criou o universo. Junto, vieram as estrelas. Aziraphale presenciou sua criação com um pé atrás. Afinal de contas, ele sabia que quase ninguém ligaria para sua existência, mas o anjo não podia negar: ele instantaneamente...