Capítulo 1

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- Obrigada! – Falei para o motorista quando desci do Uber e dei alguns passos para dentro da calçada.

Olhei para a grande estátua no centro da praça e o edifício logo atrás. Montréal não é conhecida por prédios incrivelmente altos como outras cidades, mas eles possuíam arquiteturas diferentes dentre si que era fácil diferenciá-los no horizonte.

Eu estava na frente do prédio que parecia um triângulo, ou uma caixa de leite se preferir, ele era inteiro espelhado e homens e mulheres com roupas sociais saíam do mesmo após o fim do expediente.

Dei uma olhada novamente para minha roupa e suspirei. Apesar do termômetro começar a atingir os 24 graus alguns dias agora no fim de abril, o fim do dia voltava a esfriar e esperava que eu não gelasse dentro desse blazer e blusa de manga comprida por baixo, além do jeans e do tênis sem cadarço.

Observei algumas mulheres saindo e fiquei feliz pelo mundo corporativo estar um pouco mais despojado. Ajeitei minha mochila nas costas e suspirei, entrando no prédio.

Se eu achava que o lado de fora estava caótico, dentro estava muito mais. Pessoas desciam dos diversos elevadores e a recepção à minha frente estava apinhada de pessoas. Me aproximei lentamente e olhei em volta, em busca de um homem engravatado, em sua maioria seguranças, para me dar uma informação.

- Madame? – Um deles me chamou e respirei fundo ao ser chamada pelo francês. Sei que Montréal tem sua dominância francesa, mas simplesmente não consigo gostar ou aprender a gostar dessa língua. Engoli em seco ao me aproximar com o cartão que Carly havia me entregue.

- Sportswear Holdings, s'il vous plaît? – Perguntei e ele deu um aceno com a cabeça.

- Décimo oitavo andar. – Ele falou em inglês. – Preciso de um documento, por favor. – Assenti com a cabeça e lhe entreguei meu passaporte, vendo-o anotar as informações na minha frente. – Olhe para a câmera, por favor. – Ele indicou a webcam e dei minha melhor cara de paisagem para entrar no registro de um dos prédios comerciais de Montréal. – Pronto, agora só seguir à direita. – Ele disse ao devolver meu passaporte.

Dei um aceno com a cabeça e segui para o local que ele disse, me espremendo entre as pessoas saindo do elevador para poder entrar antes que o mesmo fechasse e apertei o número 18. Pressionei os lábios com a tradicional música de elevador e ri sozinha até chegar ao andar.

O local estava bem mais vazio do que lá embaixo e uma mulher bonita estava na recepção repassando ligação atrás de ligação. Me movimentei para tentar me colocar na linha do olhar dela que anotava os recados no computador.

- Um minuto, por favor! – Ela disse de forma mais despojada e acenei com a cabeça, ouvindo-a mudar do inglês para o francês em algumas ligações, antes de abaixar o fone da cabeça e me dar completa atenção. – Pode falar.

- Eu tenho reunião com... – Chequei o papel novamente. – Claire Stroll. – Falei.

- Ah sim, Rebecca Marques, certo?

- Isso. – Dei um sorriso.

- Venha comigo, por favor. – Ela disse, se levantando e ouvi o telefone tocando.

- Você não vai...

- Não se preocupe. – Ela disse e assenti com a cabeça, andando com ela pela empresa.

O local cheirava empresarial, então vários computadores, salas grandes de reunião tomavam conta do andar, mas muitas estavam vazias pelo horário próximo às oito da noite. Não me preocupei com isso, somente segui a mulher que deveria ter minha idade.

- Com licença, Claire? – A mulher falou em inglês e fiquei relaxada, já que Carly me garantiu que dentro da empresa, eles falavam inglês, não francês.

Montréal's Heir | Lance StrollOnde histórias criam vida. Descubra agora