Capítulo 5

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Acordar nessa segunda-feira e ir trabalhar foi uma das situações mais difíceis que eu já fiz em muito tempo. Lance estava vindo. Depois da corrida de Baku ontem, ele estava vindo.

Não sei exatamente quando ele viria, mas sei que a corrida de Montréal será no próximo fim de semana, então até quinta-feira ele estaria aqui. E a ansiedade começava a falar mais alto.

No momento em que eu acordei essa manhã, eu fui correndo para o banheiro. Dor de barriga é o primeiro sinal, depois foi a falta de apetite e, por último, o medo do próprio celular. Qualquer mensagem que eu recebi durante o dia me fez pular, mas ironicamente, nenhuma era de Lance.

O dia passou bem, segundas-feiras são legais, é dia de entrada de alunos novo nas turmas, então sempre tinha aquelas apresentações novamente, falar as intenções da pessoa com o curso, porque ela escolheu Montréal e tudo mais – provavelmente os mesmos motivos do que eu.

Apesar da falta de apetite, minhas segundas-feiras eu não tenho nenhum aluno fora da escola, então acaba sendo o dia de eu adiantar algumas coisas da casa. Saí da escola e parei no mercado perto de casa para comprar algumas coisas que estavam faltando. Alguns temperos, carne, minha tradicional massa caseira e muito tomate para fazer molho caseiro. Como eu recebo por semana na escola, acabo fazendo minhas compras semanalmente também.

Cheguei no meu apartamento, fazendo um sinal da cruz ao passar pela igreja próximo e fui aos fundos para deixar minha bicicleta e prender o cadeado. Carreguei a sacola retornável em um ombro e a mochila no outro enquanto subia as escadas para o segundo andar.

Eu adoro esse apartamento, mas ele me faz reclamar duas vezes ao dia que eu preciso voltar para uma academia urgentemente.

- Oi, Becca!

- AH! – Me assustei, erguendo o rosto. – LANCELOT?!

- Surpresa?

- É claro! – Ri, deixando as bolsas no chão antes de abraçá-lo. – Oh, meu Deus! O que está fazendo aqui?

- O próximo GP é aqui, você sabia que eu viria... – Ele me apertou forte, me fazendo suspirar.

- Eu sei, eu sei, mas eu pensei que você viria depois! – Nos afastei segurando seus braços e vendo seus olhos pela aba do boné.

- Não, eu não perderia a oportunidade de passar mais uns dias contigo. – Ri nervosa, sem acreditar.

- Oh... Você é real? – Ele riu fracamente. – Vem, vamos entrar e... Cadê minha bolsa...? – Dei uma volta a redor do meu corpo.

- Eu pego! Eu pego! – Ele disse, se inclinando para pegar a sacola e mochila.

- Deixa essa comigo... – Peguei a mochila, tirando a chave dali de dentro e abri a porta, parando para pensar por um segundo. – Ah, espera... – Fiz uma careta. – Não é grande, sabe? – Ele riu fracamente.

- Becca... – Ele revirou os olhos.

- O quê? É uma quitinete, é... Menor do que a sala da sua casa...

- Becca! – Seu tom foi repreendedor.

- Ok! Ok! Só dizendo... – Ergui as mãos antes de abrir a porta, entrando primeiro.

Já parei na porta para deixar a mochila no cabideiro, depois dei três passos para frente, entrando na minha cozinha-quarto-sala que tinha mais uns dez passos de cumprimento.

- Bem-vindo ao meu cantinho! – Fiz uma careta e ele fechou a porta, andando em minha direção.

- É fofo! – Ele disse e tirei a sacola de sua mão, colocando na mesa com duas cadeiras. – É bem fofo. – Ri com ele.

Montréal's Heir | Lance StrollOnde histórias criam vida. Descubra agora