O Pilar do Vento

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Infelizmente eu precisava sair cedo, me arrumei em silêncio e saí sem acordar ninguém. Andei com os ombros doendo ainda mais, aquela água da cachoeira acabou comigo. Avistei a casa ao longe, suspirei e andei até lá.
Shinazugawa estava do lado de fora com uma espada de madeira na mão, ele era rápido, então avistei Tomioka indo para cima dele também com uma espada de madeira, quando uma bateu na outra, as duas se quebraram, achei que eles iriam parar, mas isso não aconteceu.

(Shinazugawa) - Vem no soco!

Ouvi ele gritando, os dois jogaram as espadas quebradas longe e agora trocavam socos, fiquei parada perto do muro os olhando até Shinazugawa perceber que eu estava ali e acertar um último soco em Tomioka.

(Shinazugawa) - A sua garota chegou.
(Tomioka) - Minha garota?
(Saori) - Garota dele?

Eles andaram até mim, Tomioka tinha sangue escorrendo perto da orelha, fui até ele e limpei antes que ele pudesse falar alguma coisa e coloquei um curativo. Shinazugawa deu uma risada baixa e o olhei o enfrentando.

(Saori) - Quer que eu cuide de você também?
(Shinazugawa) - Talvez mais tarde.
(Tomioka) - Cuidado.
(Shinazugawa) - Você demorou, sei que saiu da cachoeira ontem pela manhã, não demora tanto assim até aqui.
(Saori) - Urokodaki Sensei pediu para eu ir até lá.
(Tomioka) - Aconteceu alguma coisa?
(Saori) - Acho que ele estava preocupado só.
(Tomioka) - Ele sempre protegeu demais você.
(Saori) - E você de menos. Enfim, os garotos apareceram lá também, briguei com o Tanjiro, gritos do Inosuke, choro do Zenitsu...
(Tomioka) - Tudo normal.
(Saori) - Exatamente.
(Shinazugawa) - Eu vou interromper o papo do casalzinho.
(Saori) - O que você...
(Shinazugawa) - Cala a boca lindinha. Você agora é minha, cai fora daqui Giyuu.
(Tomioka) - Sanemi, limites.

Shinazugawa riu enquanto Tomioka ia embora e nos deixava sozinhos. Seu olhar mudou quando seus olhos me encontraram, mas continuei o encarando sem desviar o olhar. Ele me jogou uma espada de madeira e veio pra cima. Nem tive tempo de pensar e estava no chão, meus ombros ainda doíam da água da cachoeira, estava sem força e ele percebeu isso, mas mesmo assim não parou de me atacar, nem mesmo quando caí no chão, rolei até escapar dele, conseguindo entrelaçar minhas pernas nas suas e o derrubar, ele caiu rindo e se sentou, limpando o suor. Veio até mim e me estendeu a mão, o olhei com a sombrancelha levantada desconfiada.

(Shinazugawa) - Você também não gosta de ajuda que nem o Giyuu?
(Saori) - Já acabou?
(Shinazugawa) - Por hoje. Levanta logo.
(Saori) - Não vai me jogar longe?
(Shinazugawa) - Tô tentando ser cavalheiro com uma donzela na minha casa, depois de bater nela, anda logo.

Peguei a mão dele e levantei, limpei minha roupa e ele me mostrou o caminho, eu tinha um sorriso no canto da boca, peguei minha katana e fui em frente.

(Shinazugawa) - Tá rindo do que?
(Saori) - Você cavalheiro e eu donzela, é uma boa piada.

Ele levantou a sombrancelha e entramos na casa. Tomei um banho e coloquei um kimono preto. Eu estava exausta e com dor no corpo, comemos em silêncio e sentei perto da lareira e do fogo.

(Shinazugawa) - Você tá perto demais do fogo.
(Saori) - O calor é bom para os meus músculos doloridos.
(Shinazugawa) - Você é mole assim? Eu nem comecei ainda.
(Saori) - Não é de hoje, com você a coisa foi leve, não me olha assim, você pegou leve e sabe disso, eu que não sei porque. Mas a cachoeira, acabou comigo.
(Shinazugawa) - Ah, claro, você veio do treinamento do Gyomei. Moveu a pedra?
(Saori) - Claro, ou não estaria aqui. O pior era a força da água nos meus ombros. Meus braços vão cair.
(Shinazugawa) - Posso ajudar?
(Saori) - Você? Ajudar?
(Shinazugawa) - Esqueceu que eu sou um Hashira e vivo para proteger as pessoas?
(Saori) - Eu não preciso de proteção Shinazugawa. Sei me cuidar sozinha, e eu não tô em perigo, só tô com dor.

Os Hashiras da Água Onde histórias criam vida. Descubra agora