A Volta Para Casa

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Eu me recusava a falar com ele depois daquilo, a volta foi silenciosa e assim que nos recuperamos e saímos da Mansão Borboleta e fomos para casa, juntei minhas coisas enquanto ele estava no banho e deixei a casa em direção a cabana que ficava em meio ao campo de glicínias, pois moraria lá de agora em diante.
Andei até lá e arrumei tudo quando cheguei, e por alguns dias fiquei em paz, sozinha e sem incomodação, até meu corvo entrar pela janela em uma manhã.

"Eu procurei você por toda parte, achei que tinha saído em alguma missão, quando ia me contar que foi morar em outro lugar? E que lugar é esse? Onde você tá? Preciso de notícias suas, por favor.
Shinazugawa"

Eu não esqueceria tão fácil o que ele tinha feito e como aquilo tinha me afetado, não respondi seu recado e segui no isolamento até precisar sair uma manhã e ir até a cidade. Chegando lá, encontrei o Shinazugawa mais novo, que pediu notícias do irmão e se ofereceu para carregar minhas compras de volta até a cabana.

(Genya) - Quer me contar o que aconteceu entre você e o meu irmão?
(Saori) - Prefiro não entrar em detalhes, mas ele me envenenou.
(Genya) - Sanemi envenenou você? Como?
(Saori) - Sem detalhes. Mas não consigo confiar nele de novo depois do que ele fez.
(Genya) - Soube que ele e a Shinobu se depararam com o Lua Superior 2, sorte terem saído vivos.
(Saori) - O Douma não quis saber de nós, se nos quisesse mortos, estaríamos. Fica e janta comigo? Não quero falar mais sobre isso.
(Genya) - Na verdade eu tenho que ir, amanhã temos que estar na casa do Senhor Ubuyashiki.
(Saori) - Fica aqui e vamos juntos, se não tiver nenhum compromisso essa noite é claro.
(Genya) - Eu? Não tenho não.
(Saori) - Seu rosto parece que vai explodir, calma, não tem problema nenhum.

Foi uma noite agradável junto a ele, na manhã seguinte, seguimos juntos e quando chegamos a maior parte do pessoal estava por lá, Genya ficou para trás quando viu o irmão se aproximar, querendo evitar uma possível confusão. O Hashira do Vento se aproximou atropelando sem se importar e parou na minha frente com os punhos cerrados.

(Shinazugawa) - Você sumiu.
(Saori) - Você me envenenou.
(Shinazugawa) - Ainda isso? Esquece, já foi.
(Saori) - Eu não vou discutir com você aqui no meio de todo mundo. Só me deixa no meu canto.
(Shinazugawa) - Você chegou com o Genya.
(Saori) - É, eu cheguei, qual o problema?
(Shinazugawa) - Porque? Estavam juntos?
(Saori) - Não interessa.

O Senhor Ubuyashiki chegou e todos se calaram e apenas a voz dele era ouvida. Os ânimos se acalmaram, o incidente com a Lua Superior 2 foi esclarecido e até desculpas foram pedidas para mim e para o Tomioka, não que isso significasse algo ou amenizasse a situação, mas o mestre não precisava saber de tudo.
Inosuke me procurou querendo saber por onde eu andava já que todos sabiam que eu havia saído da casa do Hashira do Vento, mas não sabiam para onde havia ido.

(Ubuyashiki) - Saori, venha até aqui por favor.
(Saori) - O senhor precisa de algo?
(Ubuyashiki) - Saber se você se adaptou a cabana do campo de glicínias.
(Saori) - Já tinha estado lá algumas vezes, e sou apenas eu, é um ótimo lugar.
(Ubuyashiki) - Creio que as glicínias ajudem. Fico feliz que esteja bem. Você pode ir.
(Saori) - Obrigada mestre.

Me retirei e voltei para casa sozinha, o ar quente ainda continuava mesmo a noite, após comer, fui até às escadas em frente a casa na esperança de me refrescar com a brisa da noite, abri meu kimono e fiquei sentada nos degraus por um bom tempo, até ouvir passos e minha atenção ser chamada.

(Shinazugawa) - Qual o seu problema com roupas?
(Saori) - No calor, tenho muitos problemas com elas.
(Shinazugawa) - Podemos conversar?

Os Hashiras da Água Onde histórias criam vida. Descubra agora