Minha cabeça doeu de tanto pensar. Mas não tive nenhuma ideia de como carregar o celular.
Assim passaram duas horas. Ficamos com fome. Tinha um resto de comida na geladeira ( uma geladeira acabada) esquentamos e comemos.Passaram mais algumas horas. Eram 3 da tarde
Estranhei que até esse horário o sr. Inácio não tenha voltado.- Lucas, você não acha estranho o seu vô estar demorando tanto para voltar ?
- hm... eu ? Não. Ele sempre faz isso. Mas não me deixa sozinho. Antes de você aparecer por aqui eu ficava na casa da dona Zilda ou da vizinha .
- entendi. Mesmo assim não acho cert...
Rapidamente ele me interrompe
- ah é mesmo! Dona Zilda!
Não entendi o que ele queria dizer com isso. Mas nem deu tempo de perguntar. O garoto saiu correndo.
Eu segui ele. Ele começou a andar devagar e o alcancei- por que saiu correndo do nada ?
- vai ser surpresa.
- hm.. tá bom então.
Continuamos andando.
Era uma boa caminhada. Conseguia ver com mais detalhes aquela cidade. Crianças brincando de bola. Mulheres conversando sobre a vida dos outros.
(Me deu vontade de rir.)Cercas separando o terreno cheio de mato e arvores da estrada de barro.
Observei também, algo que parecia ser uma praça. Pequena mas bem arrumada. No centro havia um palco. Pelo jeito não era usado a anos.Um pouco mais a frente. Vi uma cega em uma cadeira de baixo de uma árvore. Seus cabelos também eram cacheados, mas morenos.
Naquele instante mais fleshs de memórias surgiram na minha mente... eu...
***
" ouvi a conversa de vocês (....) "(...) " vai embora! "(...) " você tem que ir embora"
" (...) me esquece !"
***
Voltei a mim. O que foi isso ?Continuei andando. Já estava ficando cansado. Apesar de não estarmos andando por muito tempo.
- é ali minino - disse o Lucas empolgado.
- ali o que?
- a casa da dona Zilda. Acho que ela tem um carregado
- POR QUE NAO DISSE ANTES !
- era surpresa ué
Lucas bateu na porta e chamou a senhora. Quem abriu foi uma garotinha. Pele bem moreninha, com os cabelos trançados.
Ela abriu um sorriso bem grande ao ver o Lucas.- bom dia Júlia cadê tua vó?
- tá ali dentro. Entra !
Ela puxou o menino para dentro bem rápido e com empolgação. Acho que entendi o por que.
Entrei também. E tomei um susto. A casa era cheia de fotografias. Tudo em preto e branco.. poucas coloridas. Algumas confusas e assustadoras. Fotos de lugares com aspecto de abandono. E fotos de pessoas desconhecidas.
Ignorei isso ( por enquanto)
A menina chamou a sua vó e sai correndo para o terreiro.
Não demorou muito e uma velha apareceu. Na verdade nem parecia tão velha. O tempo foi mais gentil para ela do que para as fotografias da casa.
- olha quem apareceu aqui, se não é meu minino Lucas ! - disse enquanto o abraçava.
Virou-se e olhou para mim. Me encarou e franziu o cenho
- e quem é esse ?- Perguntou.
- ah esse é meu amigo.
Não consegui dizer nada além de um "oi" percebi que não sou muito de falar.
Ao contrário de Zilda que me enchia de perguntas : de onde você veio?. A quanto tempo está aqui?, qual é seu nome ? É parente de Inácio?
Lucas interrompeu o interrogatório.
- calma dona. Num confundi muito ele não - se aproximou dela e sussurrou- ele num lembra de nada.
Ela respondeu sussurrando - ah, ele é o menino que vocês encontraram na estrada ?
Lucas fez que sim com a cabeça.
- vamo direto no assunto dona Zilda ! Meu amigo pricisa de um carregador pro celular. A senhora tem pra imprestar ?
- acho que sim, lá dentro do quarto da Júlia , Debaixo da cama tem uma caixa de papelão. Cheia de bagui já falei para ela jogar fora. Mais ela não joga. Não faz nada que eu mando. Logo sô só a vó mesmo. " nas coisas da minha mãe vocês num pega " ela diz. Me falta paciência .....
Lucas Interrompe mais uma vez...
- Agente intendeu tia. Vô lá buscar.
Fiquei só eu e ela na sala. A velha me encarava e eu tentava não encarar de volta....
Olhava para parede, e para os quadros. Mas não olhava nos olhos dela. Não conseguia.
Comecei a encarar um quadro. Um quadro de algumas pessoas naquele teatro improvisado que vi mais cedo.
Olho os rostos um a um.Aquela senhora com toda a paciência puxa o assunto:
- ouvi dizer que você foi achado naquela estrada que dá nas terras dos Vargas. Aquela família é detestável.
- ah é
- sim, são todos loucos. Pelo menos o que ouvi dizer.
Não respondi. Não sabia o que responder. Ela notou, então mudou de assunto. Fez uma pergunta que para mim já era comum:
- Não lembra de nada mesmo ?
- não senhora.
- Você não lembra, ou não quer lembrar ?
Essa pergunta me deixou intrigado. Claro que queria lembrar.
Não respondi. Apenas continuei- por acaso você conhece uma garota ruiva ?
- como é? Ruiva ?
- sim, com cabelos cacheados. Sabe, ontem a noite sonhei com ela. E hoje no caminho para cá lembrei dela de novo. Ela pediu para eu ir embora.
- ah então quer dizer que você... - ela exitou, parou a frase ali mesmo.
Fitou o chão e continuou calada.Fiquei confuso ia a questionar. porém o Lucas apareceu. Todo animado com o carregador na mão e um álbum de figurinhas na outra.
- demorou mas eu achei !
- finalmente - eu disse.
- sim. Que bom querido.
- ah... dona Zilda posso ficar com esse álbum de figurinhas ?
- Leva minino. Pode levar. A Júlia nem vai se importar.
Agradecemos e fomos embora. Encarei a velha antes de sair e ela tentava não me encarar de volta. Não podia olhar nos meus olhos. Não conseguia
Ela sabe de alguma coisa. Tenho certeza disso.
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Rubra (Revisando)
Mystery / Thrillerem uma cidade do interior um rapaz é encontrado desmaiado..ao acordar descobre que está sem memória..e tenta a recuperar . com ajuda do seu novo amigo Lucas ele vai desvendado os mistérios que assombram seu passado. *** Capa sujeita a mudança.