carregando

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   Ao chegarmos em casa coloquei meu celular pra carregar. Resolvi deixar até os 100%.
 
  Já notaram o quanto o tempo passa de vagar quando você quer que passe rápido?

  Enquanto isso, Lucas estava colando algumas figurinhas aleatórias no álbum. 

   1%

  - O que vai fazer quando as figurinhas acabarem - perguntei

  - comprar outras

   - É um álbum da copa de mil novecentos e pouco, deve ser rara uma figurinha dessas. E cara também.

  - aí é ? .... hm... então eu desenho as outras.

Deu uma risada.

20 %

- Ei, me ajuda a cortar esses aqui que eu desenhei.

- tá bom

Comecei  a cortar junto com ele. 

- o quê que a dona Zilda  falou pra ti ficar desse jeito ?

- anh ?... ah... bem.. não foi bem o que ela disse...

- você gosta de mulher mais velha ?

- E o que  uma coisa tem a ver com a outra ?

- meu vô disse que as mulher deixa agente nervoso quando nois fica interessado nelas

:/

- PERA AI MULEQUE VOCÊ TÁ INSINUANDO  QU...

40 %

-   É, a bateria desse celular tá viciada. Faz horas que eu tô aqui esperando e ainda tá em 40.

- tu num tem sorte.

- não tenho mesmo - respondi

50%

  Lucas ficou com dor de cabeça e eu o convenci ele a tomar um remédio e dormir. A coisa mais difícil do mundo.

  as horas foram passando ainda mais devagar.

Já estava ficando escuro. Quando alguém bateu na porta. Olhei pela janela, era o sr. Inácio.

  Abri a porta e ele entrou sem cerimonias.

  Tive vontade de perguntar: onde esteve ? , mas resolvi ficar na minha.

  Ele foi até a cozinha, e eu o acompanhei. Sentei a mesa enquanto ele abria a geladeira e tirava uma garrafa de cerveja. Hm... podia jurar que ele não bebia.

  Sentou-se ao meu lado.

- vai perguntar aonde estive ?

- não seria inconveniente? 

Ficou quieto

- Lucas te entregou o celular? 

- sim, tá carregando.

- carregando?  Com o que ?

- Dona Zilda emprestou um carregador

Ele quase se engasgou com a bebida ao ouvir isso.
Depois se recompôs.

- vocês foram na Zilda ? Legal. Ela falou com você? 

- falou...

Ele deu dois goles na bebida
Fitou a mesa por uns segundos e perguntou

- lembrou de algo ?

- uma garota. Mas... sem detalhes relevantes. Ate comentei isso com a dona Zilda e... sei lá... senti que ela sabia de algo.

   Ele largou a bebida bem devagar na mesa. Com  olhar sério. ficou em silêncio por alguns segundos. Depois disse

  - hm... isso deve ser coisa da sua cabeça.

- talvez - respondi

  Aquele cheiro de álcool estava me deixando tonto. Pensei que Inácio tinha percebido isso.

  - quer um gole ? - ele perguntou,  colocando a bebida bem perto do meu rosto.

Comecei a tossir bastante. 

Ele pegou um copo. E colocou algo dentro, meus olhos estavam lacrimejando e não vi bem o que aconteceu

- Bebe - ele disse de novo.

Eu ainda tossindo disse que não queria. Mas ele continuou insistindo.

   A pressão foi tanta que acabei cedendo.
Peguei o copo e tomei um pouquinho.

Senti o gosto amargo na minha boca. E isso só me deixou mais tonto.
eu apaguei. Não vi nada do que aconteceu, e nem lembro direito do que aconteceu.

Eu lembro de ter ouvido a voz de um homem. Foi sonho ?

***

- Não aceite nada de estranhos.

[...]

- quando vier eu não estarei aqui

[...]

- não se preocupe.

***
Quando acordei ainda estava na mesa,  Com uma dor de cabeça
insuportável.

Já era manhã

Seu Inácio era quem me chamava

- Ei garoto

- hm...

- Garoto, acorda! Já   carregou

-  o quê? 

- Teu celular carregou.- repetiu- Tá em cima da cômoda. Já liguei ele.

- já! 

Fui bem depressa até o celular.

   Sr Inácio foi junto comigo.

Como estava ansioso nem lembrei de perguntar para Inácio o que tinha acontecido. Mas bem, depois resolvo isso.

  

  

Rubra (Revisando) Onde histórias criam vida. Descubra agora